Imprevistos

555 86 18
                                    

"Não poderei comparecer dia cinco em diante... Perdão."
"Podemos marcar para amanhã, às nove?"

Eram exatas seis da manhã quando Sarah recebeu um e-mail enviado por Roberta, que constava que aquela mensagem havia sido enviada às quatro e meia. E puta merda! Quem acordava às quatro e meia da manhã em um dia de sábado?

— Eu não vou poder ir. — Roberta adiantou-se assim que Sarah atendeu a ligação — Primeiro que nem deveríamos abrir exceção. Temos um casamento amanhã e isso demanda tempo demais.

— Nem Judas foi assim, Robs. Ele pelo menos sentou à mesa com Jesus... Se bem que o abandonou com megeras e algozes.

Sua amiga riu do outro lado da linha.

— Gil vai. Sei que podem lidar bem com uma outra megera... Sabe? Não é bem a primeira vez.

Sarah respirou fundo.

— Tá, vai! Pelo menos isso.

— Boa sorte, Sarinha. Qualquer coisa você está liberada para cancelar um contrato.

— Como é bondosa... Me dando uma carta branca. Posso usá-la e cancelar esse encontro agora mesmo?

— Ah... Não. — Repeliu, fazendo a loira suspirar derrotada. — Primeiro, uma conversa decente. E posso dizer outra coisa?

— Definitivamente não.

— Não achei ela tão grossa como você disse.

— Então conversa com ela por dois segundos, Maria Roberta Figueredo Magalhães.

— Não me chama assim, Sarah Caroline de Andrade. Agora, cuida! Temos que trabalhar muito hoje, ok? Tchau!

Roberta desligou antes de esperar uma resposta. Sarah, porém, caiu de uma vez no colchão atrás de si e fitou o teto.

Teria um longo, estressante e cansativo dia pela frente.

Com as forças que ela tirou sabe-se-lá-da-onde, a loira prontamente se pôs de pé e foi em direção ao banho.

Sarah morava em um bom apartamento de quinze andares, na qual ela ocupava o quinto. Justamente por ter aquele receio de se desse alguma coisa, ela tinha chance de sair rapidamente e com vida. Sua casa não era grande, talvez mediana na maior das hipóteses. Oscilava com a cor marfim, branca e cinza. A sala era espaçosa e integrada com a cozinha, havia uma mesa de seis lugares e alguns livros espalhados por cada mesa de centro e estantes. E Sarah, como boa fotógrafa que era, também tinha amor pela arte. E isso resultava em muitos quadros pela casa. Exatamente como sempre planejou quando adolescente.

— Bom dia, seu Jorge. Como vai?

— Ô! Bom dia, minha filha. Vou bem, graças ao meu bom Deus. — O porteiro sorriu alegremente ao vê-la — Vejo que acordou cansada, hum?

— Talvez eu tenha acordado muito cansada. — Riu, negando com a cabeça — Espero que um bom café me desperte para o que virá.

— Ele tem uma dessas funções, menina. E relaxe! — Jorge liberou a saída de Sarah — Sempre tem algo bom no meio do estresse.

— Espero que sua teoria realmente proceda.

Numa singela despedida, Sarah foi em direção a padaria. Geralmente, ela tomava seu café da manhã lá ou pelo menos, o comprava lá. Passando o olhar pelo balcão, a loira pediu uma fatia de torta red velvet e um sanduíche natural. Por um instante, havia esquecido que enfrentaria uma megera em uma reunião. Mas, infelizmente, foram aqueles minutos enquanto esperava o pedido ser posto na sacola que ela teve a infeliz recordação.

Say Yes For Me | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora