Capítulo 9: Milagre de Natal

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Pov. Esme

Tinha uma sensação de peso que podia jurar que era notório e que acabava ficando mais baixa, curvada. Me sentia comprimida, como se todo o peso do mundo estivesse sobre meus ombros. Como uma vez ouvi ou li em algum lugar, era como ter uma pata de elefante pressionada em meu peito. Eu sabia justamente o nome desse peso: culpa. Eu sentia culpa por tudo estar como eu modelava e mesmo assim sentir uma vontade imensa de chorar. Desde o momento que acordei naquela véspera de natal e me preocupei com minha aparência ao encontra-lo pronto para o nosso primeiro natal juntos, a entrega de presentes, brincadeiras, convívio. Do início do dia até o atual momento eu segurava um choro preso na garganta que se tornava ainda mais doloroso com o passar do tempo.

Podia sentir que já se quer controlava o quão alto os soluços saiam, sabia que por mais que tentasse distrair ou respirar fundo, havia momentos em que meu queixo tremia de forma involuntária. Me sentia egoísta por querer sumir.

Cada detalhe do dia remoeu em minha mente e eu me culpei de todas as formas possíveis. Pela primeira vez eu deixei fluir, não sei por quanto tempo, ou em que momento eu comecei a murmurar as verdades que eu lutava para admitir. Chorei e solucei me forçando a admitir em voz alta que eu sentia falta do colo do meu pai, que Beatrice sempre foi o tipo de mãe que eu sonhei ter, que eu sentia medo de ter que escolher entre os Cullens e minha família, que eu amo Carlisle mais do que a mim mesma e que eu preferia qualquer dor do que perde-lo novamente.

-Eu quero ele.- Solucei abraçada ao travesseiro.

Quis me levantar e correr até ele, meu corpo estremeceu com todas as possibilidades existentes daquilo dar errado. Mas eu o queria, eu o amo! Peguei a carta relendo e deixando que minhas emoções me dominassem, não existia uma opção errada, as palavras dele eram claras. Carlisle sofria com minha distancia tanto quanto eu sofria com a dele.

O tempo pareceu parar e quando dei por mim já não estava em meu quarto. O vento frio jogou meus cabelos para o lado, mas eu não me importei. Meu corpo todo tremia, eu estava apavorada, ansiosa e angustiada.

Depois de chorar como uma idiota lendo e relendo a carta eu me permiti pensar no que eu realmente queria, sem por nada na balança ou pensar nas consequências. A resposta foi clara: Eu sempre iria querer ele. Não existia nada que me angustiasse e ferisse mais do que a ideia de nunca voltarmos a nos amar como já tínhamos feito, nossa pareceria, as risadas, os carinhos despretensiosos, os toques e beijos.

Nos pesadelos que tinha, meu maior medo sempre foi perder. Sentir o amor, viver ao lado, compartilhar momentos e um dia que antes passava como comum, sem data marcante, ser deixada. Eu tinha medo, em todas as relações, de ficar refém da janela. Céus, como eu tinha medo de ficar refém da janela, esperando por anos algo que talvez nunca chegasse. Lembro de pensar, em meus momentos de revolta, como uma mãe abandona um filho? Pensar em como eu pude ser tão inútil ao ponto de não fazer minha mãe me amar o suficiente para ficar. Se ela não tinha feito, como outra pessoa poderia?

Quando Carlisle teve que ir eu me senti abandonada novamente. Como um balde de agua fria me dizendo que eu tinha me deixado levar pelo amor e me desprendido a realidade que sempre seria fria e calculista. Por isso eu não consegui me jogar em seus braços quando o reencontrei, por isso eu não me rendi ao carinho da Beatrice ou conseguia voltar a ser o que era com meu pai.

Me negar certos prazeres e alegrias foi a forma que consegui evitar a janela. Mas a verdade é que mesmo não me mantendo ali na expectativa visível, eu sempre estive refém dela e se pudesse escolher eu voltaria a viver tudo só pra ter o que tenho. Para amar quem eu amo.

Parei ao lado do carro sem me importar com nada mais que ligar para Alice. Contei mentalmente o tempo em que poderia ter demorado, entre choro, auto piedade, decisões, me trocar e arrumar a maquiagem borrada, era tempo suficiente para Carlisle estar em qualquer lugar.

Per AmoreOnde histórias criam vida. Descubra agora