Capítulo 3: Racional

19 1 0
                                    


Pov. Esme

De todas as madrugadas que passei desperta, essa talvez tinha sido a mais angustiante e difícil de passar. Carlisle saiu para falar com César e ainda não havia voltado.

Ficar sozinha por mais que tenha sido meu desejo algumas vezes nas últimas horas, foi frustrante. Havia decidido esperar amanhecer para comunicar algo a minha família, seria melhor até para saber se realmente ficaria interna. A afirmativa de César me fazia pensar que ele estava indo mais pela emoção que pela razão. Não o culpava, mas não podia ficar no hospital se não fosse realmente essencial.

Por mais que entendesse sua preocupação, não havia feito nada daquilo de propósito. Fora um descuido, apenas isso. Algo que resultou em um problema grave, mas não intencional. O fato dele estar inconformado me trazia culpa, como médica me sentia uma burra, como sobrinha uma inconsequente e como funcionaria uma irresponsável.

Minha mente vagou por todos os últimos acontecimentos e eu respirei fundo mais vezes do que pude contar. Por mais que tantas coisas precisassem da minha atenção, o ponto principal ainda era a volta do Carlisle. Por vezes me peguei perguntando se eu não havia imaginado toda aquela cena, se as últimas horas realmente aconteceram, se o homem que eu amei por tantos anos e esperei estava realmente por perto.

Não podia negar o nó na garganta que aquilo me trazia. Tinha medo de que ele voltasse a se aproximar e eu me deixasse levar pelo que sentia, mas ao mesmo tempo eu temia que ele não voltasse. AS lembranças dos nossos momentos juntos ainda em Forks, dançavam em minha mente de uma forma que só tinha visto em filmes. Lembrava de tudo com ainda mais nitidez agora.

Foram tantas vezes que me senti como uma criança em seus braços, rindo e brincando; tantos beijos e momentos intensos; a forma como ele se controlava e como eu amava provoca-lo e ver seus olhos mudarem de cor enquanto ele se afastava para respirar fundo; o sorriso e a gargalhada dele; os carinhos e cuidados; nossa primeira vez e como ele disse imaginar nosso casamento. Dizer que não sorri ao relembrar era uma mentira, mas nem tudo são flores e logo me encolhi na cama sentindo os olhos transbordarem ao relembrar a falta e o abandono.

Carlisle me deu um amor à moda antiga, me deu tranquilidade e me fez ver o mundo com esperança, ele regou todos os meus dias com respeito, carinho e romantismo. Ele trazia flores, escrevia bilhetes e fazia carinho sempre que estava perto o suficiente e tudo isso só me fez ama-lo mais a cada segundo. Mas sua partida me deixou um vazio que nada pôde suprir, era como se eu tivesse imaginado tudo, como se tudo não tivesse passado de uma ilusão.

A descoberta da gravidez da Melanie foi um ponto de alivio em toda a dor, era a prova que ele realmente havia estado ali e que mesmo indo embora, ele deixou algo além de apenas memorias. E mais que amar um filho, eu amei o fruto de um amor lindo e por isso eu precisava pensar e ser mais racional que nunca. Por ela.

[..]

Vi a tela do celular mudar os números mostrando que era finalmente cinco da manhã. Carlisle abriu a porta e eu suspirei. Era o momento de colocar meus pensamentos em prática.

-Trouxe seu café.- Se aproximou empurrando um carrinho com uma bandeja com algumas frutas, suco e pães e outra com as medicações e novos itens para um acesso venoso.- O que está fazendo?- Ele riu sem vontade analisando a pequena mala que eu fechava.

-Vou para casa.- Suspirei me encostando na cama ficando de frente para ele.

Ele me olhou por alguns segundos travando a mandíbula como se raciocinasse sobre o que era certo falar. Ele continuava o mesmo contido, racional e explicativo Carlisle. Quis sorrir com esse pensamento e ainda mais quando ele penteou os cabelos com os dedos da mão esquerda antes de suspirar e começar a falar, ele sempre fazia isso depois de analisar o que deveria dizer.

Per AmoreOnde histórias criam vida. Descubra agora