Pov. Narrador
Se seu coração pudesse bater ele estaria descontrolado. O cheiro doce que alcançou seu nariz gritava pra ele o recordando de tudo o que ele buscava evitar, o som do coração era uma melodia única. Era a segunda vez que o aroma daquele sangue atingia seu nariz, na primeira vez estava no hospital e acreditou ser uma brincadeira cruel do destino misturando vários aromas, mas agora não havia outra explicação. O cheiro era muito mais forte e fresco. Então ele cedeu. Deixou que sua mente relembrasse detalhadamente cada fração dela, cada lembrança que o deixava fraco e em dor, cada pensamento e sentimento que ele lutava para manter dormente. O cheiro, os olhos verdes, os lábios desenhados, os cabelos caramelo, a voz. Ela.
Os pés o guiaram para dentro da capela e seus iguais se permitiram se aproximar, os olhos se cravaram na cruz enquanto ele implorava misericórdia. A fé tinha sido seu refúgio por anos, Deus tinha sido o único balsamo em meio a dor que ele sentia e ele implorou com todas as forças para que o ajudasse mais uma vez. Nunca passou por sua cabeça que aceitar um convite simples depois de anos seria como reviver a própria morte. Ele estava convicto que não podia ser ela e isso só fez seus ossos doerem ainda mais. Ela não estava ali, ele havia procurado, caminhado por todas as ruas da Itália antes de estabelecer moradia. Não havia Esme Platt ali, não havia seu cheiro até um dia atrás.
E se realmente fosse ela? O pensamento gritou acima de todos os outros e ele estremeceu. E se fosse ela? O que ele deveria fazer? Se ela o visse o que ela faria?
Uma mão pequena se acomodou na sua com delicadeza e ele olhou para baixo. Em que momento seus sentidos haviam falhado? Quem era aquela criança de cabelos bronze e olhos mel?
-Oi vovô.- Ela sorriu amorosa e ele fraquejou.
Vampiros enlouqueciam? Essa era a única explicação plausível. Carlisle não tinha filhos, não legítimos. Como alguém poderia se referir a ele como "avô"? Edward passou por sua mente, mas..? Era impossível.
-Mais impossível que nossa espécie?- A voz grossa soou atrás dele.
-Nós sentimos sua falta, Carlisle.- Alice?
Ele fechou os olhos angustiado. Sentia o corpo pesado, quase como se suas forças tivessem se esvaído.
Esme também estaria ali? Sua Esme?
Como diabos aquilo aconteceu? Como ele tinha se permitido vacilar? Queria reencontrar todos, queria poder ver todos com vida e felizes, mas a que custo? Sua presença abalaria toda a estrutura estabelecida deles.
Eles ao menos o compreendiam? Sabiam que ele sentia falta deles e havia se afastado para poupa-los de conviver com um morto vivo?
Sua outra mão foi acolhida enquanto a pequena que o segurava com firmeza o soltava. Alice.
-Eu já cometi o mesmo erro uma vez, pai.- Seu ombro esquerdo foi agarrado com firmeza e ele se permitiu olhar para seu primogênito.- É sempre tempo de voltar.- Sorriu amoroso como ele sempre soube que a paternidade o transformaria. O abraço apertado veio em seguida, quando Edward viu o mar turvo de amor e altruísmo que a mente de seu pai ainda era.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Per Amore
Romance"-Foi por amor que tudo desabou.- Ele suspirou profundamente abraçando a esposa.- E por amor que tudo se ergueu, mais forte que nunca." De fato, o amor é um dos sentimentos mais lindos do mundo, mas até que ponto nós vamos por ele? Per amore - Por a...