Capítulo 11: Chocolate quente e uma conversa sincera

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Pov. Esme

Suspirei vendo Daniel aumentar o volume da TV enquanto Sophia e Esther começavam uma nova sessão de alfinetadas. Analisei Leah, Rosalie e Megan cochilando ao meu lado no sofá enquanto meus irmãos prestavam atenção no filme sentados no chão, no colchão aos meus pés as duas faziam caras e bocas enquanto tentavam discutir em voz baixa.

Eu amava minhas primas tanto quanto amava o resto da família, mas elas realmente conseguiam me estressar com aquela mania de se alfinetar. Elas nunca evoluíram para uma briga séria, mas quase sempre acabava com a Sophia ficando bicuda e vindo me meter nas confusões.

-Pergunte a Esme.- Sophia apontou pra mim e eu bufei me erguendo com cuidados para não acordar as meninas. Praguejei mentalmente o César ter chamado o Carlisle para um cirurgia de emergência no hospital. Nesse exato momento eu poderia estar com ele pensando em como contar para a Melanie e claro namorando.

-Se isso é demonstração de amor, não me amem, por favor.- Revirei os olhos saindo da sala de estar em direção a cozinha.- Tenho uma sensação de que as horas hoje estão passando terrivelmente em câmera lenta.- Resmunguei ao ver Beatrice mexendo na geladeira. Não esperava encontra-la ali, mas conversar era algo que talvez fizesse as horas passarem mais rápido.

-O filme já acabou?- Ela me olhou confusa enquanto colocava uma caixa de leite sobre o balcão.

-Não chegamos nem na metade.- Ri indo me sentar em um dos bancos do balcão da cozinha de frente pra ela que estava do outro lado colocando uma panela no fogão.- Sophia e Esther roubaram a cena e eu saí. Não gostei muito do filme.

-Elas são a versão mais jovens de Cecilia e Antonella, agora você entende como eu me sentia.- Ela riu e eu assenti.- Vou fazer chocolate quente, quer um pouco?- Cheguei a suspirar com aquela informação. Essa era uma das coisas que eu mais amava em Forks, o tempo sempre frio era a desculpa perfeita para sempre ser mimada na casa dela com uma xicara de chocolate quente.

-Tenho certeza que em algum lugar da terra essa pergunta deve ser pecado.- Ri assistindo ela ligar o fogão.

-Isso é um sim?- Ela me olhou segurando o riso e eu concordei.

-Sim, por favor.- Ri assistindo ela separar os itens e iniciar o preparo.

-Você tem um brilho diferente nos olhos.- Comentou antes de voltar a me olhar.- Isso tem alguma coisa a ver com as horas estarem passando devagar?

Por alguns segundos sua pergunta me fez parar, claro que eu sorri pensando em Carlisle, mas a forma como ela sorriu em retribuição me fez pensar em como eu queria contar a ela. Não apenas sobre como foi nossa reconciliação ou como me senti, mas na forma como depois de tudo eu me senti uma boba por, em algum momento, ter tido medo. Será que em todos os aspectos era assim?

Eu sabia o quanto o medo poderia ser paralisador, mas nas relações ele sempre me livrou da perda e das decepções. Porém, ontem enquanto beijava Carlisle pela primeira vez depois de tanto tempo eu me senti reabastecida, como se eu finalmente tivesse encontrado o remédio certo para as dores que sua partida me deixou. E se com meu pai e Bia fosse do mesmo jeito? E se falar sobre isso me trouxesse finalmente alivio?

-Esme?- Ela chamou me fazendo notar que havia paralisado a encarando.

Suas linhas de expressão pareceram ainda mais destacadas quando ela sorriu preocupada. Ela sempre teve esse olhar, não apenas pelas preocupações nítidas em sua vida, mas pela atenção que ela sempre dava a tudo que envolvia quem ela amava, tudo que me envolvia.

Ela estava envelhecendo e isso pareceu pesar e se destacar mais que antes.

-Sim.- Pigarreei saindo dos meus devaneios e sorri tentando dissolver a ruga de preocupação em sua testa.- Eu não sei como nomear ainda.- Franzi a testa enquanto tentava pensar no que eu e Carlisle éramos agora.- Eu e ele nos resolvemos.- Tentei explicar sem citar nomes com medo de que mais alguém ouvisse aquilo deixasse de ser segredo, principalmente para a Melanie.

Per AmoreOnde histórias criam vida. Descubra agora