Capítulo 46

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"Se a morte predomina na bravura
Do bronze, pedra, terra e imenso mar,
Pode sobreviver a formosura,
Tendo da flor a força a devastar?
Como pode o aroma do verão
Deter o forte assédio destes dias,
Se portas de aço e duras rochas não
Podem vencer do Tempo a tirania?
Onde ocultar - meditação atroz -
O ouro que o Tempo quer em sua arca?
Que mão pode deter seu pé veloz,
Ou que beleza o Tempo não demarca?
Nenhuma! A menos que este meu amor
Em negra tinta guarde o seu fulgor."

Capítulo não revisado.

Northumberland, Dezembro 1983

      A casa estava fria, a humidade tinha se impregnado no ar e aquela escuridão que parecia estar me seguindo também fazia morada, a porta do caldeirão do ducado estava aberta, empurrei vagarosamente, mas assustada com o silêncio e a escuridão f...

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      A casa estava fria, a humidade tinha se impregnado no ar e aquela escuridão que parecia estar me seguindo também fazia morada, a porta do caldeirão do ducado estava aberta, empurrei vagarosamente, mas assustada com o silêncio e a escuridão fechei-a muito rapidamente. Abracei os meus braços, ainda usava a camisola de dormir branca, não levava nada nos pés, o piso estava tão gelado que a cada passo que dava parecia receber uma descarga elétrica que me deixava cama vez mais fraca, segui até ao quarto indo em direção a janela que estava aberta, parecia ser a origem de todo o frio que sentia. — Tem mais alguém aqui. — esse pensamento deixou-me em alerta e com medo. Afastei as cortinas e prestes a fechar a janela vi algo mexer-se nos arbustos, olhei com mais atenção e parecia a silhueta de uma mulher que estava apenas aí, junto aquela grande árvore, olhando, esperando, maquinando....

      Acho que ela notou a minha presença pois começou a caminhar como se soubesse onde eu estava, entrei em pânico e agachei-me. Fiquei alguns segundos assim, desejando que tudo não passasse de mais um pesadelo e que a qualquer momento despertaria, mas nada acontecia. Me levantei algum tempo depois, passeei meus olhos por todos os lados que minha visão pudesse alcançar e não havia sinais dela. Voltei a ajeitar as cortinas, no processo senti uma presença atrás de mim. — Merda. — praguejei baixinho. Respirei fundo me virei.

      Comecei a rir quase histericamente, estava literalmente enlouquecendo. — Essa família vai te matar de loucura Nihara. — sigo murmurando.

     Um pouco mais calma, caminho até a porta, mas uma forte corrente de ar faz-me parar, uma brisa fria e os sons da noite penetravam o quarto com mais intensidade. Até aquele ponto eu só queria ignorar e seguir andando, mas comecei a ouvir passos por detrás de mim cada vez mais próximos, um objeto colidiu com o chão e eu me volto bruscamente.

        — Eu vou te pegar.... — Ela sussurra bem nas minhas fuças. Expeli o ar pelas narinas sentindo um gosto amargo na boca.

       Me considerava uma pessoa precavida, porquê.... Convenhamos, era praticamente um farol atraindo azar. Já fora altruísta demais, hoje eu só quero priorizar minha sobrevivência. Não vou morrer para facilitar o regresso dessa mulher ao mundo dos vivos. Eu nem era sua parente, não tínhamos nada em comum.

O Corvo (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora