Capítulo 11 - You're something else

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Estou a meia luz na cama espaçosa do quarto de hospedes dos meus avós. Recostada confortavelmente no travesseiro grande que parece me engolir. Eu sentia falta da alexa me ajudando a organizar a rotina, e sentia saudades dos lençóis de algodão egípcio que estava acostumada, mas havia algo de acolhedor naquela casa, algo que eu não sentia em casa e que me fazia dormir tão bem. Agora nesse momento, querido leitor, estou lendo no kindle e respondendo Irin no Line. Depois da insistência de minha amiga para que eu a atualizasse sobre minha vida aqui, decidi deixá-la a par dos últimos acontecimentos. Bom, não de todos. Deixei o que envolvia a Sarocha de fora dos relatos, até porque não havia muito o que contar. Ter trocado algumas palavras com Freen ainda há pouco pelo telefone, havia me deixado tão inquieta que eu tinha perdido quase que completamente o sono. Em meio das aventuras do menino bruxo, meu celular acende a tela.

- Sexta-feira você está livre? – Quando vi o emoji de coelhinho saltar na tela, senti que meu estômago parecia aquelas lâmpadas que concentram aqueles bichinhos de luz quando está calor. Sim, senti como se tivesse engolido um punhado de siriris.

Como não queria deixá-la esperando, me apressei em responder propondo o primeiro horário logo após a minha saída da BangTex, 15h30. A demora da resposta tinha um efeito torturante. Não conseguia fazer mais nada, aparentemente nem respirar. E como um balsamo, a resposta veio em forma de "ok" à minha proposta. Como pode duas letras causarem o que acabaram me causando naquele momento? Fiquei encarando a tela do celular por segundos que pareceram durar muito mais do que realmente duraram. Eu não sabia nomear o que pensar em Freen me acarretava para o espírito, mas certamente eu não estava indiferente. Prova disso meu amado leitor, era o sorriso tímido que eu esboçava nos lábios enquanto os mordia de leve. Uma mistura de empolgada ansiedade. Me afundei ainda mais naquele travesseiro e olhando para o kindle, desejei por um momento ter as habilidades de Hermione para apressar aquela semana que havia acabado de começar.

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A semana, como se não tivesse nenhuma piedade da minha pessoa, passou arrastada. Nem o traseiro de Charlote parecia me distrair daquela tortura. Quem acha que substituir uma tortura por outra funciona, está redondamente enganado.

- Você vai com a gente beber hoje? – Fay me lembrou do happy hour que teria hoje, ainda estávamos na quinta-feira.
- Eu acho que vou sim. – Eu decidi naquele momento que seria melhor do que ficar em casa esperando o dia virar e finalmente ser a tão aguardada sexta.

Além do mais, eu queria conhecer um pouco mais de Bangkok, e o pessoal do setor jurídico parecia ser legal. Fay era a simpatia em pessoa, me lembrava bastante Irin. Acho que vai ser legal interagir com eles fora da empresa. Varri os olhos olhando para todos na sala e me detive em Charlote, ela me analisava cautelosa, senti um arrepio no baixo ventre e desviei os olhos. Como Charlote me lembrava Heidi. Suspirei demoradamente me lembrando das inúmeras aventuras deliciosas que o Reino Unido guardava. Estremeci com a perspectiva de me aventurar na cama com Charlote. Até que não seria má ideia, né? Gostosa ela era.
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Enrolei o resto da tarde me inteirando sobre outros setores da empresa. Eu realmente estava gostando daquela rotina e começava a me enxergar herdando e gerindo uma empresa como aquela. Claro que eu ainda tinha muito para aprender, mas estava disposta a percorrer esse caminho e deixar Robin orgulhoso. Além do mais, eu sentia falta do status e da boa vida que o dinheiro me proporcionava, se precisasse virar uma executiva para voltar a ter a boa vida de antes, que assim fosse. De qualquer forma, herdar já é muito mais fácil do que construir tudo isso do zero. Eu estava no lucro.

Quando o relógio marcou 18h, chamamos dois Grabs e seguimos para o Lebua. Por ironia, fui no mesmo carro que Charlote, e do lado dela. Sua coxa direita pressionava a minha coxa esquerda e sempre que o carro passava em algum buraco ou por alguma lombada, eu sentia aquela perna torneada roçar provocativa ainda mais na minha. Aquilo arrepiava todos os poucos pelos que eu tinha no corpo. Charlote parecia alheia a tortura silenciosa que me causava, pois conversava animadamente com Billy, que estava no banco da frente. Nos acomodamos numa mesa assim que chegamos e logo fui apresentada a Chang, uma cerveja local estilo Malt Liquor. Não chegava perto das IPAs e APAs que a Inglaterra possuía, mas foi o bastante para deixar o ambiente mais animado e Charlote ainda mais atraente para mim. Quão difícil era resistir a uma mulher como ela, se eu continuasse do jeito que estava indo, com certeza iria falhar.

O Preço do SalOnde histórias criam vida. Descubra agora