O Conto da Floresta de Luz - Parte II

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No momento em que seus olhos se encontraram, Yue Shen soube ter cometido um erro

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No momento em que seus olhos se encontraram, Yue Shen soube ter cometido um erro. Estava bem ali, na maneira abobalhada como ele a encarava. A decepção atravessou seu peito como uma espada, pois não era ela que ele via, mas a deusa nela. Havia um pouco daquele encantamento em Si Ming, embora numa proporção muito mais contida. Reprimindo um suspiro, engoliu o amargor da sua decisão precipitada. Devia ter escutado seu amigo e pensado melhor antes de ser impulsiva.

Guniang, está perdida? — Indagou, por fim, quando conseguiu lembrar-se como falar.

— Oh, não. — Ela lhe brindou com um sorriso discreto. — Apenas gosto deste lugar, é quieto e posso meditar tranquila. Você é a primeira pessoa que vejo aqui em muito tempo.

Guniang vem de Chang'An? — Perguntou, incrédulo.

— Não exatamente. — Yue Shen baixou a cabeça para um coelho que surgiu quase do nada ao seu lado. Seus dedos delgados afagaram a cabeça do animalzinho com delicadeza.

— Mas não há qualquer vila há quilômetros daqui, não me diga que está morando na floresta.

Erguendo a cabeça, ela arqueou uma sobrancelha e o encarou como se a pergunta fosse ridícula. O coelhinho havia subido em seu colo, tranquilo, fechou os olhos e descansou enquanto ela lhe acarinhava. Huang Yin pareceu ter se dado conta de ter dito um absurdo, vestida daquele jeito, claro que ela não era uma camponesa eremita. Todavia, ainda restava um pouco de ceticismo no seu coração — embora muito menos que anteriormente —, ele cruzou os braços, cauteloso ao se aproximar um passo dela.

— Os habitantes de Chang'An dizem que esta montanha é o lar de imortais. — Olhou em volta para o círculo perfeito de árvores gigantes. Havia certo ar zombeteiro nas palavras. — Não me diga que...

— Eu sou uma imortal? — Completou, um sorriso irônico brincando em seus lábios. — Como preferir.

O choque no rosto dele a divertiu. Claro, não podia dizer a verdade. Mas se ele pensasse por si mesmo ela não estaria quebrando nenhuma regra. Não que ela se importasse com isso.

Dentro de si, a mistura de fascínio e tristeza era incômoda. Não foi daquela maneira que imaginou seu primeiro contato com Huang Yin. Mas era tarde demais para voltar atrás, se cometeu o erro, o melhor que podia fazer era tirar o melhor dele. E tudo naquele mortal a fascinava. O som cadenciado e grave da sua voz, os olhos analíticos e curiosos, o formato elegante dos seus lábios, os ângulos desenhados do seu rosto de jade.

Mesmo não sabendo explicar, ela sentia que aquilo era muito, muito ruim.

— Se não acredita que eu seja nada além de uma igual, por que ainda me teme? — Inquiriu, segurando o coelho e apoiando-o nos seus braços. — Huang Yin, você não se assustaria com tão pouco depois de tudo que seus olhos já registraram.

三生三世 生死劫 [Amor Eterno - Calamidade de Vida e Morte]Onde histórias criam vida. Descubra agora