Olívia é uma enfermeira concursada, que trabalha numa cidadezinha do interior do estado do Espírito Santo. Morando com sua melhor amiga Alessandra, ela busca para si a realização de seu sonho, que é se transformar numa neurologista conceituada, send...
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Por alguns minutos, o silêncio se instalou no carro, deixando tudo um pouco constrangedor. Mesmo a fisionomia de Zyan mantendo-se tranquila, da mesma forma que saiu da casa de dona Ivone, sinto que parece ter alguma coisa que não consigo decifrar.
— Pode perguntar, Olívia. — Desperto-me, com sua voz.
— Perguntar o quê? — Desconverso, olhando para o lado oposto ao dele, mas ainda o ouço sorrir. Volto a olhá-lo e então nossos olhos se encontram por um tempo. — Ela sabe que seu nome não é Samuel? — Ele sorri, como se já soubesse que a qualquer momento lhe faria essa pergunta.
— Sabe sim! Dona Ivone sabe que sou turco e que estou aqui no Brasil de passagem.
— Então, vai voltar para Turquia? — Pergunta, receando a resposta.
— Provavelmente, não voltarei para lá. — Fala de forma desdenhosa, como se o seu país de origem não fosse uma boa opção de retorno. — Certamente, eu irei para algum país da Europa ou para o Canadá. — Informa e penso que ele dever ter uma boa reserva em dinheiro para poder escolher lugares como esses.
— Entendo! — Concordo, voltando a olhar para fora da janela. O silêncio entre nós dois volta a reinar e penso que não passaremos disso. Não temos muitas coisas em comum e do jeito que mal conversamos, teremos menos ainda.
— Pode perguntar, doutora.
— Não tenho nada para perguntá-lo, Zyan... quero dizer, Samuel... droga, como eu tenho que chamá-lo?
— Pode me chamar do jeito que quiser, Olívia. Fique à vontade. — Diz ameno.
— Por que não usa seu nome de batismo? Por acaso está fugindo da polícia ou algo assim? Não faz parte da máfia, não é? Ou de algum grupo terrorista? — Ele gargalha parecendo relaxado, mostrando seus dentes branquinhos em bem alinhados.
— Não sou nenhum fugitivo, doutora. Menos ainda sou mafioso. — Faz uma pausa e o encaro perplexa. — Relaxa, não tenho um arsenal de bombas ou vim fazer terrorismo. Apenas escolhi esse nome, para evitar perguntas sobre minha vida pessoal. — Diz.
— Desculpe-me pelas perguntas então. Não queria me intrometer. — Meu rosto fica quente, pois praticamente ele me deu um fora.
— Não me importo que me pergunte. Pelo menos para você tenho vontade de responder. Porém, me chamar de terrorista foi xenofóbico da sua parte. — O homem diz e fico mais nervosa ainda.
— Eu não quis dizer que...
— Relaxa, Olívia! Estou brincando. — Ele declara.
— Os brasileiros são meio cismados com esse tipo de coisa, pois aqui tudo é bullying ou crime.
— Jurava que os brasileiros fossem mais tranquilos com relação a esse tipo de brincadeira. — Fala, com sua atenção na estrada.
— Já fomos, mas hoje é tanta influência digital que estragou a liberdade de expressão que tínhamos. — Justifico e ele apenas anui. — Não sabia que os turcos eram tão engraçados.