CAPÍTULO 4

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Os dias no Brasil têm sido de um verdadeiro descanso para o meu corpo e minha alma

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Os dias no Brasil têm sido de um verdadeiro descanso para o meu corpo e minha alma. Não aguentava mais estar no meio da minha família, vivendo aquelas regras ridículas, apenas por ser quem eu sou. Não aceitaria livremente mesmo tudo que meu pai me impunha, desde que meu irmão mais velho Akyn se foi. Ainda que sentindo o peso da morte do meu melhor amigo, não poderia aceitar o que nosso pai determinou para mim.

Sem muito ter o que fazer, consciente de que teria minha vida amaldiçoada por meu pai, saí de Ancara, capital do meu país, sem a bênção daqueles que amo e devo respeito. Mudei-me da Turquia e passei por muitos países, a fim de fugir das minhas obrigações. Eu não podia aceitar me casar com minha cunhada, apenas porque no meu país é tradição esse tipo de acontecimento.

Para mim, está fora de cogitação isso.

Samia, a mulher de meu irmão, sempre foi uma pessoa intragável e antipática. Com seu jeito arrogante, sem qualquer empatia para com as pessoas, vivia do regalo que pertencer ao clã Al-Hakim lhe proporcionava. E muitos queriam poder ter esse privilégio. Inclusive, quando meu irmão pensou em conseguir uma nova esposa, Samia infernizou ele e o fez perder o que seria um bom casamento para si, posto que a segunda esposa seria uma mulher bem mais simpática que ela.

Entretanto, devido aos acordos que meus pais fizeram, meu irmão casou-se com ela, ainda quando esta tinha seus dezoito anos e ele já tinha quarenta anos de idade. Isso é comum no meu país, principalmente quando se trata de famílias importantes como a minha.

Porém, três anos se passaram e a mulher nunca lhe deu um herdeiro. As cobranças vieram, minha madrasta começou a ficar em cima e então a ideia de conseguir uma nova esposa para ele voltou a ser pauta da família. Enquanto isso, eu me dedicava no trabalho e em investimentos pessoais que meu pai jamais teve conhecimento. Embora fosse errado esconder coisas deles, eu optei por assim fazer. Sabia que um dia eu precisaria desta independência.

O pior disso tudo, é que, como meu irmão e sua esposa casaram-se e moraram no mesmo teto que o meu, sempre que discutíamos sobre o assunto casamento, Samia ouvia, mas não falava nada. Como não deu um herdeiro ao meu irmão, seu destino seria voltar para casa dos pais, até que algum outro pretendente a quisesse ou uma outra possibilidade sem qualquer sentido nos dias de hoje.

Com a morte de meu irmão, um costume antigo no meu país veio à tona em minha casa, eu deveria tomar Samia por minha esposa e seguir os caminhos traçados por meu irmão. Principalmente, por que ele morreu sem deixar um herdeiro. Ressuscitar essa antiga tradição me deixou deveras irritado.

Uma série de brigas e discussões começaram em minha casa novamente, deixando a convivência com eles intragável. Numa noite, Samia apareceu nua em meu quarto, dizendo que minha madrasta a enviou para mostrar o que eu herdaria do meu irmão. Aquilo foi ridículo da parte das duas.

Samia não me atraía em nada. Mesmo sendo uma das mulheres mais lindas da Turquia, eu não conseguia sequer ter simpatia por ela. Sempre a via desprezar as pessoas que trabalhavam em nossa casa, agindo como se fosse a dona de tudo. Isso me deixava furioso. Nem mesmo seu corpo bonito me causou qualquer faísca de tesão.

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