Já não bastava a situação constrangedora que passei na casa de Zyan, do desconforto de todo o caminho até aqui, das palavras não ditas por nós dois, presas na garganta, ainda tenho que lidar com o olhar acusatório de Diego, numa satisfação que não lhe devo. Aff, tem como isso ficar pior?
- Diego? O que faz aqui?
- Como assim, meu amorzinho. - Diz, aproximando-se de mim, abraçando meu corpo. - Esqueceu que eu viria hoje? - Pergunta e faz sentido, afinal, eu sabia que ele viria.
- Eu sei, mas eu disse que avisaria quando estivesse em casa para que viesse até aqui! - Justifico, mas ele me olha confuso.
- A saudade estava demais e por isso decidi fazer uma surpresa. Liguei para seu celular algumas vezes, não deu tempo de atender? - Seu tom insinuante não me passou despercebido.
- Ele descarregou. - Falo, sentindo-me incomodada por dar satisfação. Ouço a porta do carro batendo e então desperto. - Esse aqui é o Samuel. Ele está passando um tempo na cidade. Samuel esse é o Diego. - O homem estende a mão e Diego pega.
- Passando pouco ou muito tempo? Quero dizer, logo vai embora? - Com um sorriso cínico no rosto, Diego diz.
- Assim que julgar que chegou a hora de partir, eu vou sim! - Noto Diego olhar confuso.
- Você fala engraçado! Não é brasileiro, é?
- Não! - Zyan responde, voltando seu olhar para mim. - Vou indo, doutora Olívia. - Diz e me faz sentir uma pontada de frustração. Eu pensei que poderíamos conversar e entender o que foi esse finalzinho de noite, mas pelo visto não conseguirei fazer.
- Obrigada por me trazer aqui.
- Não me agradeça! - Gentil como sempre, segue para o lado do motorista e então me lembro de dona Ivone.
- Sam, quando a dona Ivone acordar, pode me avisar? Queria saber se está tudo bem com ela. Volto a trabalhar em dois dias e não sei se a verei na revisão. - Explico.
- Claro que aviso, mas você pode mandar mensagem para ela também. Se tem uma coisa que percebi, é que ela adora falar ao telefone. - Sorrio com suas palavras.
- Eu não tenho o contato dela. - Ele pega o celular do próprio bolso, desbloqueia e entrega para mim.
- É esse número aí. - Mostra-me e então pego meu telefone e copio o número. A vontade que tenho é de colocar meu contato em seu aparelho, mas não conseguiria fazer isso em tempo recorde, já que os olhos de Diego estão sobre mim.
- Obrigada! - Devolvo o aparelho para o dono. - Ligarei pela manhã! Acredito que já estará acordada.
- Ligue sim. - Fala. Após dá uma olhada para Diego, entra no carro e sai, com a mesma tranquilidade de sempre. Por mais incrível que pareça, sinto-me vazia sem a sua presença.
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O ESTRANGEIRO
RomanceOlívia é uma enfermeira concursada, que trabalha numa cidadezinha do interior do estado do Espírito Santo. Morando com sua melhor amiga Alessandra, ela busca para si a realização de seu sonho, que é se transformar numa neurologista conceituada, send...