CAPÍTULO 1

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Trinta e oito horas trabalhando dentro daquele hospital, sem sequer conseguir sentar para fazer uma refeição digna, foi o tempo que fiquei, após o acidente que vitimou fatalmente duas pessoas, deixando vinte e quatro feridos, sendo que entre esses...

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Trinta e oito horas trabalhando dentro daquele hospital, sem sequer conseguir sentar para fazer uma refeição digna, foi o tempo que fiquei, após o acidente que vitimou fatalmente duas pessoas, deixando vinte e quatro feridos, sendo que entre esses foram seis crianças. Muito triste!

A polícia colheu alguns depoimentos e todos diziam a mesma coisa, que um homem aparentemente embriagado, tentou passar pela roleta sem pagar a passagem, o motorista declarou que não iria liberar para que ele passasse e então o homem agrediu o motorista e acabou provocando o acidente.

Infelizmente - ou não, sei lá - uma das vítimas fatais foi o homem que provocou todo esse tormento que assustou a todos e chocou uma cidade que não tem costume desse tipo de evento. Se é que posso chamar assim. Foi realmente algo que ficará para a história desta cidade tão tranquila.

- Vamos embora, amiga? Ou vai dobrar o plantão? - Alê diz em deboche.

- Deus me livre! Quero tomar um banho decente, comer uma comida de verdade e dormir. Apenas dormir até quando eu puder.

- Ainda bem que ganhamos o fim de semana de folga, não é? Acho que vou para o Rio de Janeiro. Tenho quatro dias e vou aproveitar por lá. - Minha amiga avisa.

- Eu vou aproveitar esse fim de semana prolongado e vou dar uma geral em nossa casa. A última vez foi você e preciso pagar.

- Ah para! Depois damos um jeito nisso, vamos comigo. Rever alguns amigos, nossa família...

- Não sei se minha mãe vai ficar muito feliz em me ver não, Alê. Sabe bem como nossa relação está depois da pequena discussão.

Joana, minha mãe, é uma mulher muito complicada. Sempre discutimos pelo mesmo motivo: casamento. Ela cisma que eu tenho que me casar com o filho do delegado, que é um homem com posses e bens, para assim manter uma estabilidade de vida. Minha progenitora ignora descaradamente o fato de eu ser uma mulher independente, que tem seus próprios meios e não precisa do que os outros têm para alcançar um futuro estável.

Mas, a entendo perfeitamente, já que meu pai morreu e não deixou nada para nós duas. Antes, foi descoberto que ele tinha uma amante e até a casa onde morávamos estava no nome dela, que hoje usufrui disso. Se não fosse o fato de termos contratado um bom advogado, nem mesmo teríamos metade da pensão. Não é muito, mas nos manteve por um bom tempo e hoje ficou apenas para ela.

Já a convidei para vir morar aqui comigo, mas ela sempre nega. Diz que aqui é um lugar que não tem nada e que gosta das noites de samba e pagode na Lapa. Como eu sei que usa essas saídas esporádicas com sua melhor amiga para poder esquecer os tormentos que passou, enquanto era casada com meu pai, não a julgo ou a forço a vir. Quero que ela seja muito feliz.

Entendo o seu receio de me envolver com alguém que possa vir a fazer comigo o que meu pai fez com ela, mas são outros tempos e, diferentemente dela, eu tenho orientação para tomar minhas decisões. Mesmo assim, evito a discussão, pois sei que, como a mulher que fora traída, a mágoa ainda a domina.

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