Acordando

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Gente oque vocês estão achando?

Algumas horas antes, tudo o que Charlotte era capaz de pensar era em sua cama; no sossego de seu quarto, mas como seguir pensando nisso quando se descobre que sua voz estimula o cérebro de uma pessoa que está em como há longos e torturantes quatorze anos?

- E então, doutor, como isso funciona?
- Charlotte perguntou. Era por volta das quatro horas da manhã quando o doutor conseguiu arrumar tudo para o novo tratamento de reanimação cerebral com ultrassom.

- É uma técnica não invasiva que usa pulsações de baixa intensidade para agitar os neurônios. As ondas sonoras serão direcionadas para o tálamo, que é parte do cérebro responsável por funções como regulação de consciência, sono e estado de alerta e, se der tudo certo, essas ondas despertarão a paciente. - Eu só preciso... falar? - Charlotte perguntou repuxando o canto da boca. O doutor sugeriu fazerem isso pela tarde do dia seguinte, mas Charlotte disse que teria que estar no hospital em seus horários de prática. Ruth, com medo de perder a oportunidade, pediu ao médico que fizesse o quanto antes e que dinheiro não seria o problema.

- Apenas converse com ela, já sabemos que ela te ouve. Só vou levar Ruth para assinar alguns papéis. Se importa de esperar? - Charlotte negou.

- De jeito nenhum. - Ela respondeu, bocejando no momento seguinte. Estava, de fato, morta de cansaço, contudo, também se via ansiosa.

- Certo. Com licença. - Ele pediu, saindo com eu. Charlotte suspirou e caminhou até a cama de Engfa novamente.- Olá de novo, Fah. - Charlotte disse, analisando com atenção cada detalhe da garota. Suas sobrancelhas eram grossas e, apesar do aparelho que mantinha sobre o rosto para ajudá-la a respirar melhor, Charlotte conseguia ver sua boca delicada e o nariz fino. Ela parecia estar dormindo; Charlotte se atreveu a tocar a mão de Engfa com cuidado. A pele estava um pouco fria e Charlotte decidiu fazer algo em relação a isso - Está com frio?

Perguntou por perguntar, afinal, o doutor já havia falado que pacientes nesse estado não sentiam nem calor e tampouco frio. Começou uma carícia lenta e gentil de sobe e desce na pele da menina, no intuito de aquecer a região.

- Seu médico me contou um segredo. Charlotte disse rindo. - Ele disse que você gosta da minha voz. - Charlotte deu um pulo quando sentiu o dedo anela de Engfa se mover.- Oh meu Deus! Isso foi um sim?- O dedo voltou a se mover e Charlotte abriu a boca em completo espanto.

Ruth precisava saber disso, era única coisa que Charlotte pensava.

- Certo, vamos tentar de novo. -  Charlotte disse sorrindo. - Eu comprei alguns caramelos no caminho para cá esta manhã. Você gosta de caramelos? - O dedo voltou a tremer e Charlotte sorriu ainda mais empolgada. - Você está indo muito bem. - Charlotte disse animada. Sabe onde está? - Charlotte esperou e alguns segundos depois, quando ela já pensava que não obteria resposta alguma, o dedo voltou a mexer, porém dessa vez duas vezes.

- Duas vezes seria um não? - O dedo voltou a mexer uma vez e Charlotte sorriu.-  Bem, estou ficando realmente boa em entender você. - Ela disse em um suspiro. - Eu- Ela disse em um suspiro. - Eu não sei por que justo a minha voz te atrai, mas estou feliz por isto. É bom se sentir útil às vezes. Meu chefe não me dá sinais de que eu seja boa em algo, então obrigada por isso, Engfa. - A mão de Engfa apertou a de Charlotte, fazendo Charlotte se surpreender. - Wow, você realmente gosta que eu diga seu nome, uh? - O dedo se moveu uma vez e logo em seguida a porta foi aberta.

- Demoramos? - O homem perguntou.

- Doutor, essa máquina é realmente boa. Ela já consegue mover a mão. - O homem franziu o cenho em confusão.

- A máquina não está ligada, Charlotte. Você tem certeza que ela se moveu?

- Sim, várias vezes. Veja... Engfa, você poderia mostrar ao médico o mesmo que me mostrou?
- O dedo anelar voltou a se mexer e Charlotte sorriu. - Viu?

Em Um piscar de olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora