Vocês nao poderia dormir sem esse capítulo.
Charlotte não sabia o que lhe havia levado até onde estava no momento. Depois da quarta cerveja ela havia ficado mais solta, rindo animada enquanto conversava com todos. Suas constantes mudanças de lugar ao longo do dia se deveram à aproximação de Faye o tempo inteiro, esbarrando em sua mão propositalmente, acariciando suas coxas, se deitando em seu colo. Isso definitivamente tirava a paciência de Charlotte.
Ela não soube quantas cervejas havia tomado ao total, mas se lembra de que houve um momento onde se sentiu cansada. Se despediu de todos e subiu as escadas; um banho rápido foi tomado e ela entrou dentro do seu pijama, se enfiando embaixo das cobertas, porém o sono não vinha.
Constantemente a imagem dos olhos castanhos aparecia em sua mente, foi então que, desupetão, se levantou, se trocou, se agasalhando bem, e saiu. Nem trinta minutos depois ela se via na recepção do hospital, esperando a autorização de Ruth para poder entrar.
Não era permitido mais de uma pessoa passar a noite, mas a quantidade de dinheiro que Ruth tinha deixava todo o hospital bastante receptivo aos seus pedidos.
- Desculpe vir a esta hora. - Charlotte sussurrou para Ruth, não querendo acordar Engfa. - Mas o barulho em casa não me deixou dormir e resolvi vir. Trouxe café. - Ela disse, estendendo o copo de café para a mulher, que aceitou de bom grado.
- Abriu mão de uma cama confortável? - Ruth perguntou rindo e Charlotte assentiu. - Fique à vontade. Vou aproveitar que veio e ir em casa tomar um banho rápido, se importa?- Se quiser pode dormir por lá. Eu passo a noite aqui.
- Charlotte disse e Ruth sorriu.- Minha filha escolheu a voz certa para ouvir quando decidiu abrir os olhos. - Ruth disse gentilmente, vendo Charlotte sorrir de canto. - Então eu vou mesmo. Pela manhã eu venho, tudo bem?
- Certo. Boa noite, Ruth.
- Boa noite, norinha. - Ruth disse vendo Charlotte corar. - Ops, quis dizer Charlotte. - Ruth disse rindo. A mulher deixou um beijo na têmpora de Charlotte antes de pegar sua bolsa e se retirar do recinto.
- O que foi isso? - Charlotte perguntou para si mesma, rindo e negando com a cabeça.
Sem protestar, a garota simplesmente retirou seus sapatos e subiu na cama, e maranhando entre os braços de Engfa e caindo no sono em poucos minutos.
[...]
Algo macio, porém que tinha locomoção acordou Charlotte, fazendo ela abrir um olho, já que o outro estava impossibilitado de ser aberto.
- Dói? - A voz suave de Engfa enquanto um dedo estava cutucando o olhos fechado de Charlotte fez a menina rir.
-Não, Engfa. - Charlotte disse, vendo-a colocar a mão completa em seu rosto.
Você consegue me ver assim? - Charlotte riu e negou. - E agora? - Perguntou, abrindo uma fresta em seus dedos, deixando a visão de Charlotte levemente aberta.
- Agora sim, mas ainda estou em dúvida.
- Dúvida de quê? - Engfa indagou.- Se eu estou vendo a Engfa ou um anjo.
- Charlotte disse. - Ah, não, Ambos são sinônimos. - Disse, vendo Engfa apertar seu nariz.- Consegue respirar assim? - Engfa perguntou e Charlotte mordeu o próprio lábio, tamanha fofura que Engfa transmitia.
- Só pela boca. - Ela disse, vendo Engfa tapar sua boca.
- Consegue falar? - Charlotte abriu a boca e arrastou os dentes pela pele da mão de Engfa, fazendo a menor rir.
Não conseguia, mas conseguia morder. - Ela disse, vendo Engfa sorrir de forma doce enquanto admirava seus olhos.
- Eu achei que estava sonhando. - Engfa disse após suspirar. - Acordei e não vi a mamãe, mas aí eu vi você.
- Sua mãe foi dormir na sua casa.- Charlotte disse. -E eu vim dormir com você. Se importa?
- Não. Eu gosto. - Engfa revelou, se virando de lado e percorrendo seu dedo pela sobrancelha de Charlotte. - Por que quis vir?
- Eu não estava conseguindo dormir. - Charlotte disse, vendo as orbes castanhas atentas no contorno de sua outra sobrancelha.
- Sentiu saudades do meu cheirinho? - Charlotte sorriu embasbacada ao ouvir tal pergunta.
- Muita saudade. - Ela confessou em um sussurro.
- Por que nasce florzinhas quando eu te vejo?
- Engfa perguntou, deslizando seu dedo vagorosamente ao longo do rosto de Charlotte.- Nasce florzinha onde? - Charlotte perguntou confusa.
- Aqui. - Engfa apontou para o próprio coração. - Nasce tanta florzinha que eu sinto que consigo respirar. Por quê? mal consigo respirar. Por quê?
Charlotte sentiu seu estômago se resolver ao ouvir aquilo. Engfa conseguia se explicar facilmente, apesar de seu jeitinho doce e inocente.
- Desculpe por isso. - Charlotte sussurrou.
- Quando você está pertinho assim aumenta.
- Engfa murmurou. - E eu queria ter dar as florzinhas, mas eu não sei como.- Eu também sinto essas florzinhas quando eu te vejo. - Charlotte confessou.
- Mas elas não param de crescer, Charlotte.
- Engfa disse. - Elas cresceram muito quando eu acordei e te vi aqui comigo.- Oh, meu Deus. - Charlotte sussurrou para si mesma, não acreditando que aquilo realmente estava sendo dito. - Você podia ficar grandinha logo. - Charlotte pensou alto sem nem perceber.
- Não gosta de mim assim? - Engfa perguntou confusa e Charlotte afundou seu rosto na curva do pescoço de Engfa e enlaçou seus braços ao redor do corpo da menina.
- Sabe por que eu vim? - Charlotte perguntou.
- Porque estava sem sono. - Engfa disse e Charlotte riu abafado, já que seu rosto estava contra a pele de Engfa.
- Eu vim porque você vai sair logo do hospital e eu não vou mais poder dormir com você.
- Confessou. Então vim ficar com você pela noite.- Eu peço para a mamãe deixar você dormir comigo lá na minha casa, Char. - Engfa disse como se tivesse achado a solução para seus problemas.
-Eu aposto que sim, princesinha, mas vai ser mais complicado.
- Eu tenho uma coberta rosa fofinha que a mamãe disse que comprou para mim. Eu divido ela com você.
- Depois discutimos isso, tudo bem? Agora dorme porque amanhã cedo você tem consulta com a Tina.
- Eu estou com frio. - Engfa sussurrou como se fosse um segredo e então Charlotte retirou seu moletom e o colocou em Engfa com cuidado, puxando a menina para seus braços a enlaçando os mesmos ao redor dela.
- Obrigada por me manter quentinha.- Engfa disse, - erguendo o rosto e se inclinando ligeiramente, depositando um beijo no rosto de Charlotte. As orbes castanhas fitaram demoradamente as verdes e, sem perceber. Engfa começou a piscar quando olhou para os lábios de Charlotte, fazendo a maior prender a respiração.
- De nada. - Charlotte murmurou em um fio de voz. Engfa se inclinou e deu mais um beijo no rosto de Charlotte; e depois outro. Não se contentando com isso ela se inclinou uma última vez e deixou um beijo no canto dos lábios de Charlotte, para logo se deitar sobre o peito da menina.
- Desculpe. - Engfa sussurrou, piscando não tão rápido, porém de um jeito fora do normal. - Eu queria saber como era. Eu vi na TV.
- Só fez isso porque viu na TV? - Charlotte perguntou curiosa. Engfa começou a piscar muito mais rápido antes de suspirar.
- Boa noite, Char. - Disse, afundando seu rosto contra o peito da menor.
- Boa noite, Fah. - Charlotte disse, mordendo seu lábio inferior e respirando fundo. Engfa havia piscado, pensou sorrindo.
Talvez ela...Não! Pensou Charlotte. Não crie expectativas; não crie ilusões, repetia em seu interior.
Porém, foi inevitável sorrir com aquilo, sobretudo pela ação ter partido de Engfa. Naquela noite Charlotte foi dormir com seu coração cheio de florzinhas.

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Em Um piscar de olhos
Fiksi PenggemarEngfa Waraha tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para Los Angeles, porém, o destino lhes foi cruel, causando um choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o cami...