Capítulo 2 - Crazy

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Capítulo com 2.061 palavras

CAPÍTULO 2 - CRAZY

TENENTE APOLLO SMITH

Quando cheguei ao consultório, já estava escuro; não sei quanto tempo eu demorei para me arrumar. Eu estava com medo, apavorado, mantendo todas as luzes do meu apartamento acesas enquanto conferia todos os cômodos em busca de algo fora do lugar. Idealizei ter aqueles tentáculos comigo, no pensamento constante de que poderia ter uma proteção extra, mas a quem eu estava querendo enganar?

— Entre, meu amigo. — Louis me recebeu na porta. Sua assistente já havia ido embora, mas liguei para ele tão desesperado que aceitou me esperar um pouco mais. Meu parceiro sempre me atendia.

— Sente-se e me conte o que o aflige.

Respirei fundo sem saber por onde começar, pois tantas coisas estavam acontecendo ao mesmo tempo. Então, murmurei o que me pareceu mais coerente.

— As dores voltaram novamente e tive o impulso de usar morfina, mas Graças a Deus, no final usei apenas analgésicos comuns. — Abaixei meus olhos, tentando organizar meus pensamentos.

— Se sente culpado por isso? — Ele questionou, com a seriedade de um profissional competente. O cara se transformava, se tornava alguém completamente diferente quando estava trabalhando. Não pude deixar de admirar isso nele.

— Não. — Respondi. Devo admitir que eu sentia medo constante de fraquejar, não culpa, porque, apesar de tudo, ainda pude me controlar.

— E os sonhos? Tem conseguido controlar seus pensamentos? — Louis perguntou, me fazendo abaixar a cabeça envergonhado.

Eu já havia comentado com ele sobre os sonhos, só não lhe contei os detalhes mais quentes, mas precisei desabafar, esse desejo estava me fazendo idealizar algo que não existe! Eu me sentia bem durante os sonhos, me sentia protegido, aquecido e saciado. E como um homem sofrido e solitário, mesmo se uma formiga me oferecesse o calor de sua constância, eu me agarraria a isso com unhas e dentes.

— Estou tentando controlar isso, mas não me sinto incomodado, só estou vivendo. — Murmurei vendo-o balançar a cabeça para mim com certa compreensão, mas não era sobre isso que eu queria falar, não era por isso que eu estava ali.

— Há algo estranho acontecendo no meu trabalho. — Comecei olhando para as minhas mãos, tentando buscar uma base lógica para o que eu estava prestes a dizer.

O consultório tinha um tom escuro à noite, o som de chuva de uma playlist que Louis gostava de deixar rolar suavemente, o que tendia a relaxar os pacientes. Mas quando tive coragem de levantar minha cabeça para olhá-lo outra vez, meu corpo gelou.

O porra!

Me levantei correndo ao ver aquele homem pálido e todo de preto, atrás do meu terapeuta. Comecei a ofegar quando o medo apertou meu estômago. Abaixei a cabeça tentando controlar minha mente e novamente olhei para trás de Louis e, como eu pensava, não havia mais ninguém lá.

Seguindo meu olhar, Louis me encarou, intrigado. — Apollo? O que houve aqui?

Tremendo por completo, percebi ser o único a notar o que ninguém mais via. E naquele instante, senti que estava, de fato, ficando doido.

— Algo está acontecendo comigo. — Eu quis chorar em pânico.

Sei que Louis manteria meus segredos, foi justamente por isso que não escolhi as indicações de terapeutas do governo. Quando minha amiga falou que o marido era terapeuta, não pensei duas vezes em aceitar a oferta.

I Can't Stop [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora