Capítulo 4

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   - Bibi? - ouço uma voz fina me chamando enquanto uma pequena mão toca meu braço.

   Abro os olhos lentamente e vejo Catalina ao meu lado na cama, sorrindo alegremente enquanto me olhava com seis olhos brilhantes. Sonolenta, sorrio em resposta.

   - A titia pediu para eu te acordar para você se arrumar pro jantar - ela me avisa.

   - Ah, obrigada por me acordar, Lina - respondo ainda sorrindo.

   Catalina sai pulando e cantarolando enquanto eu levanto da cama. Ela está com um conjunto de uma saia, uma blusinha e um casaquinho por cima preto com dourado.

   Estamos indo para um restaurante chique dos Estados Unidos, o meu favorito. Lá tem as melhores comidas, bem como comidas caseiras muito gostosas.

   Sinto minha barriga roncar fortemente. Então, lembro que tudo que eu comi hoje foi o Sanduíche natural que aquele garoto do avião me deu mais cedo.

   Se eu não estivesse acostumada a ficar bastante tempo sem comer, com certeza já teria passado mal ou até mesmo desmaiado de fome.

   Quando eu ou minha mãe desagradavamos meu pai, por qualquer motivo que fosse, nós ficávamos trancadas em um quarto escuro sem comer ou beber nada por horas.

   Isso acontecia constantemente, por isso sou resistente a fome. Já cheguei a passar dois dias sem comer nada por ter brigado com uma menina que fazia bullyng comigo na escola. Essa menina era filha de um cliente importante do meu pai, o que tornou a situação muito pior. A minha professora tinha ligado para meu pai e contado a situação para ele. Quando cheguei em casa, apanhei bastante, e meu pais não me deixou comer nada até eu pedir desculpas. Eu estava com tanta raiva que passei dois dias sem falar nada e, consequentemente,  sem comer nada também. Tento esquecer daquele dia, mas sempre me lembro desse momento, principalmente em sonhos.

   Hoje em dia eu não sinto tanta fome quanto as outras pessoas da minha idade, o que me faz uma menina bem magra com braços e pernas finas. Mas claro, eu como sempre, no café da manhã, almoço e janta.

   Meu pai nem sempre era um homem ruim. Ele já me levou para um parque e fomos na roda gigante, ele me abraçou e pediu desculpas por tudo que ele fez. Mas tudo se repetia no dia seguinte. As ameaças e agressões voltavam com ainda mais força.

   Com essas lembranças, sinto um aperto em meu peito. Ignoro me levanto, indo até as malas que ainda não desfiz. Fico um tempo escolhendo a roupa, o que é irônico pois eu tenho poucas.

   Acabo pegando um vestido preto básico e um sapato com um salto pequeno.

*Roupa*

   Eu ganhei esse vestido da minha abuela no meu aniversário de 17 anos

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   Eu ganhei esse vestido da minha abuela no meu aniversário de 17 anos. Ela foi a única a me dar presente, como todos os outros anos. Eu nunca usei ele porque não tive oportunidade, nós nunca saíamos.

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