— Duas semanas sem aulas? — Pergunto indignada, enquanto Leah me encara sorrindo. — Por que você não me avisou? Eu poderia ter ficado com a minha família por mais tempo antes de vir para o dormitório.
Leah aperta as minhas bochechas e ri.
— Porque eu queria que você aproveitasse a comemoração de aniversário da faculdade! Vai ter uma festa por noite durante duas semanas, e eu não podia deixar você perder isso.
Parece que a universidade está completando 60 anos hoje. E, como comemoração, eles resolveram dar duas semanas livres. Sem aulas, apenas festa.
Suspiro e reviro os olhos. Ela acha mesmo que eu vou para festas? Pois ela está muito enganada. Vou passar essas duas semanas de comemoração no meu quarto comendo pizza e miojo.
— Você se esqueceu que eu sou cristã? — pergunto com um olhar indiferente.
Leah revira os olhos.
— E o que que tem? É só você não beber.
Faço que não com a cabeça.
— Ter uma vida cristã não se resume em apenas não beber, você sabe disso.
— Eu sei, pequena santinha, mas você tem que se divertir um pouco. Não é pecado se te faz feliz!
Olho para ela indignada. Ela disse isso mesmo? Vou fingir que não foi ela quem falou isso.
— Eu não vou nem te responder, Leah.
Me jogo na cama e agarro o travesseiro. Estou ignorando as caixas da mudança que tenho que arrumar. Não estou afim de arrumar tudo agora.
— Por favor, vai ser divertido! — Leah se senta do meu lado e agarra meus ombros. — Você tem que aprender a ser feliz.
— Se ser triste significa ficar no meu quarto fazendo devocional e falando com Deus, eu prefiro ser triste.
Leah revira os olhos e dá um saquinho no meu braço.
— Você nã vai ceder, não é?
Sorrio e me viro para ela.
— Não mesmo.
Ela suspira e balança a cabeça em negação. Ela parece decepcionada, mas eu não me importo.
Ficamos conversando por mais algumas horas antes dela ir para seu quarto para se arrumar para a primeira festa da semana.
Eu já tenho planos para hoje a noite: Vou fazer uma devocional incrível, assistir uma comédia romântica enquanto como pipoca com brigadeiro e fazer a minha skin care. Vai ser a noite perfeita!
Nunca fiz isso antes, não podia e nem tinha ânimo para isso. Como que eu faria tendo um pai como o meu?
A primeira vez que eu inventei de fazer brigadeiro, não deu muito certo. Quando eu estava prestes a passar o brigadeiro da panela para uma vasilha, acabei esbarrando no meu pai que estava a procura de cervejas na cozinha.
Derrubei todo o brigadeiro quente nele. E com certeza, ele não ficou nada feliz com isso. Essa foi uma das vezes que acabei deitada no sofá enquanto os médicos, amigos do meu pai, me examinavam e cuidavam de mim.
Lembro-me de ser examinada por horas, pois minha situação estava bem crítica. O casal de médicos levaram seu filho, que na época era o meu melhor amigo.
Assim que os médicos chegaram, meu pai saiu de casa para esfriar a cabeça, então eu estava sozinha com as pessoas que me examinavam e com o meu melhor amigo.
É irônico saber que eu não lembro do rosto ou do nome deles, já que eu os via tão frequentemente.
Mas, dessa vez, meu pai não está aqui para me bater se eu cometer um erro, o que me deixa muito aliviada.
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Entre borboletas
RomanceBianca se muda para os Estados Unidos após seu pai cometer suicídio. Lá, ela tem que viver uma vida nova e tentar esquecer seu passado tenebroso, cheio de traumas que a machucam até hoje. Durante sua viagem para os Estados Unidos, ela conhece Mason...