Capítulo 5

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Um garçom vem até a nossa mesa com as comidas. O prato que eu pedi está com uma cara ótima. Admiro-o enquanto minha barriga ronca de fome.

Faz muito tempo que eu não venho até aqui, muitos anos. Essa foi a mesma comida que eu comi da última vez que eu vim.

Espeto um pedaço de cogumelo com o garfo e o levo na boca, saboreando com gosto. Esse restaurante tem a melhor comida que eu já comi na minha vida, eu poderia passar o dia todo comendo aqui.

- Já estou procurando emprego - ouço minha mãe falar enquanto corta a carne de seu prato.

- Mas já? - Meu tio pergunta intrigado. - Vocês acabaram de chegar, aproveitem um pouco!

- Eu não quero ser um peso, Joshua - minha mãe responde.

- Não fale besteira, Samanta - tia Ann interrompe. - Você não é e nunca será um peso para nós.

Escuto a conversa em silêncio, mas tento escutar o que as pessoas da mesa de trás estão falando.

O garoto do avião está atrás de mim, com uma visão privilegiada das minhas costas. Seus pais estão conversando algo sobre faculdade de medicina e uma banda.

- Me escute, meu filho, você não vai ganhar a vida cantando com um monte de vagabundos por aí. - Ouço a voz de um homem falar com ele.

- Eles não são vagabundos, pai. Você sabe muito bem disso. Você conhece M.J e Cade, e os pais deles são seus amigos.

- Não é verdade, Pequena? - A minha família fica em silêncio esperando a minha resposta para algo que eu não faço ideia do que seja.

- O que? - pergunto.

- Seu tio e eu estávamos dizendo que seria muito melhor vocês ficarem conosco pelo menos por um mês - minha tia me responde. - Lina também iria ficar muito feliz!

Penso em suas palavras e analiso a oferta. Seria muito bom passar mais dias com os meus tios e com Catalina para matar a saudade, mas eu não quero ser um peso na vida deles.

Já foi gentileza de mais da parte deles nos trazerem para cá e mecherem uns pauzinhos para nos encaixar, não quero que eles se sintam na obrigação de nos sustentar, por menor que fosse o tempo.

Mas eu ainda quero muito ficar com eles pelo menos por um ou dois meses.

- Sim, é verdade - finalmente respondo. - Seria muito bom ficar na casa deles por um tempinho.

- Não sei não, hija. Essa situação é complicada. Você sabe que não podemos ficar as custas dos seus tios.

- Não fale isso, Samanta - meu tio a repreende. - Além do mais, você ainda tem o dinheiro da empresa de Fernando. Por mais que outra pessoa esteja administrando a empresa, você recebe a maior parte do dinheiro. E mesmo se você não tivesse como se sustentar, eu ficaria muito feliz em te ajudar.

Meu coração fica quentinho com essas palavras. Saber que eu tenho uma família que me ama cuida de mim é uma sensação incrível e inexplicável.

Me acostumei a viver da forma que vivia com meu pai, não estou acostumada com nada disso.

- Tudo bem - minha mãe cede -, ficaremos por um mês e nos mudaremos, ok?

Entre borboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora