Free as a bird

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Crowley acordou totalmente desnorteado, com uma dor insuportável na cabeça que parecia que iria explodir a qualquer momento. Se lembrou da noite torturante que havia passado e também se lembrou da dolorosa perda, se levantou calmamente e andou até seu Bentley, finalmente o adentrando.

— Só tenho você agora...— acariciou o volante, ouvindo o rádio ligar.

"I'm Love with my car" começou a tocar, fazendo o demônio dar uma pequena risada. Com um suspiro ele girou a chave na ignição e deu partida no carro, sentindo o motor roncar suavemente.

— Eu nem sei para onde ir...— disse, enquanto sentia sua cabeça doer.

Sentiu o seu carro ir mais rápido, o levando pelas ruas até parar completamente em frente a livraria de Aziraphale.

— Isso não me ajudou muito...— reclamou com o carro, aliás o anjo havia acabado de ir para o céu o deixar.— Você também sente falta dele não sente?

Sentiu seu olho lacrimejar, deixando sua cabeça cair no encosto do carro, lembrando que ainda havia que gritar com suas plantas.

— Vocês, cresçam direito!— reclamou com as verdinhas— Espero que nenhuma de vocês me force a fazer o que o anjo fez comigo!

Aquilo doeu, como uma facada diretamente em seu coração. Olhou a livraria pela janela, sentindo seu coração se apertar, decidiu finalmente sair de seu carro e a adentrar.

Assim que tentou abrir a porta, viu que nem mesmo a trancar o loiro havia feito, foi recepcionado com o cheiro de livros que antes era algo bom, mas agora doía mais de quando foi expulso do céu.

— Você deixou tudo isso pelo céu, sua vida, seus sonhos, nós... tudo— suspirou, dolorosamente.

Seus passos o levou para a seção de poesias, onde passavam horas discutindo sobre algum verso ou algo do gênero, passou a mão delicadamente pela lombada de cada um, pegou um livro aleatório da prateleira e o folheou se lembrando dos bons momentos com o anjo, dos momentos em que o salvava... Colocou de volta o livro por ali, e continuou a vagar sem rumo pelo local vazio.

Quando se viu diante de livros de profecias, todas as lágrimas que tentou segurar, agora caíram, colocou a ponta de seus dedos sobre a lombada do livro de couro, sentindo a textura e deixando cada vez mais lágrimas escorrerem.

— Oh anjo... Volta para mim.— murmurou, esperando que algum milagre o trouxesse de volta, mas infelizmente não aconteceria.— Eu queria nossa vida de volta, eu não vivo sem você.— disse com a voz embargada, se retirando dali e dando um passo em direção a porta. 

Deixou a livraria e entrou em seu Bentley novamente.

— Agora, vamos fazer algumas tentações. Preciso arejar a cabeça— Suspirou para o carro e deu uma partida brusca.

A primeira parada foi um confortável café, viu uma mulher no canto visivelmente estressada com algo em seu laptop, sorriu de lado e em um estalar de dedos a energia do café caiu, deixando todos nervosos e frustrados.

Andou pelas ruas, convencendo alguns homens à traírem, outros a se embebedarem, a se drogarem ou até mesmo comprarem coisas que o limite de seu cartão não alcançava mas nada parecia preencher a dor de seu coração.

O seu anjo não voltaria para falar que ele estava fazendo a coisa errada, o seu anjo não estaria mais equilibrando as coisas ruins que estava fazendo, ele somente estava sozinho e estaria para sempre, porque Aziraphale não voltaria para ele, porque ele pertence aos céus desde que eles foram criados. Já Crowley não pertencia mais a esse mundo e sentia raiva de todos os seres etéreos por terem roubado a luz no seu caminho, por terem roubado sua felicidade.

Voltou para o seu Bentley, desabafando com ele.

— Eu sinto a falta dele... ele era meu tudo, a única coisa que fazia a terra ser divertida. Eu o amo.— suspirou, olhando para o volante do carro. 

Se ajeitou no banco do motorista e voltou a falar.

— Ele era meu único amigo, o único de verdade. Ele sempre me fazia sorrir, os seus olhos azuis... Eu sou apaixonado naqueles olhos. 

Sentiu lágrimas lutando para sair.

— Eu sei que eu sou demônio, mas ele, oh, ele me mostrou um lado diferente da vida. Eu o amava, mais do que tudo nessa Terra, mais do que tudo dos céus e do inferno. Eu ainda o amo, mas ele me deixou, você acha isso certo? Eu sinto falta dele, só se passou um dia mas, dói. 

Passou a mão por seus cabelos desalinhados e ajeitou seu óculos. 

— Eu não sei como seguir em frente sem ele, Bentley. Ele era meu propósito. Agora, estou perdido em um mundo que parece ainda mais vazio. Eu só queria que ele voltasse, que tudo voltasse ao normal.

Caiu uma lágrima solitária de seu olho.

— Eu não era o melhor demônio, e ele não era o melhor anjo, mas juntos... nós éramos algo especial. Nós éramos a exceção...

Crowley enxugou as lágrimas que teimavam em escorrer por seu rosto.

— Você sabe. Eu costumava achar que a eternidade era uma maldição, mas com ele, a eternidade tinha um propósito. Agora, parece apenas um fardo. Não sei como continuar sem ele.

Com um suspiro profundo, ele deu partida no carro, dirigindo rapidamente pelas ruas de Soho. 

— Eu faria qualquer coisa para tê-lo de volta, Bentley.— sussurrou, sua voz carregada de tristeza. — Mesmo que isso significasse desafiar todos os céus e infernos. Mas sei que não posso. Ele fez sua escolha.

Finalmente encostou o carro, na entrada do parque que acostumava ficar com o anjo, saiu de seu Bentley caminhando devagar até um banco virado para o lago e se sentou. Observou os patos e sorriu minimamente, desejando ser como eles por um momento. Fechou os olhos por alguns segundos, lembrando das conversas divertidas, dos almoços e jantas que ele pagava no Ritz para o anjo, mesmo que ele não comesse amava o ver feliz. Mas a realidade era cruel, não havia mais Aziraphale para pagar jantares, agora ele estava no céu e o deixou sozinho.

Se lembrou dos momentos em que se apaixonou de novo por Aziraphale. A primeira vez em que percebeu essa paixão foi no Éden, debaixo das asas do anjo. Quando ele se sentiu pertencente a algum lugar pela primeira vez. 

Seus fluxo de pensamento foi interrompido com um toque no seu celular.

— Alô?— foi grosso, não queria falar com ninguém no momento. 

— Você não acredita o que aconteceu...— Shax começou. 

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Hey anjos, mais um capítulo para vocês! Desculpem pela depressão e pela ansiedade ai do final do cap, eu JURO que vai valer a pena no final, não me matem pls 🥺

Gostei do capítulo? Não, só que to sem tempo para reescrever, então vai ficar assim msm. Espero que vocês tenham pelo menos gostado um pouquinho. 

Ps: O feedback de vocês é importante, comentem, votem e façam críticas também! Isso é importante para o meu crescimento como autor para fazer fanfics cada vez melhores para vocês (:

Com amor, Júpiter ✨

© Júpiter, 2023.

𝐂𝐨𝐦𝐞 𝐛𝐚𝐜𝐤 𝐭𝐨 𝐦𝐞, 𝐀𝐧𝐠𝐞𝐥 || 𝐀𝐳𝐢𝐫𝐚𝐜𝐫𝐨𝐰Onde histórias criam vida. Descubra agora