Gosto de conversar com Leonardo sobre as coisas que se passam por minha cabeça. E acho que gosto de conversar com ele não pelo fato de agora sermos namorados, mas por ser ele. Por seu jeito descontraído, sua forma divertida e, às vezes, provocante com que fala comigo, os toques dirigidos a mim, propositais ou não, e até mesmo a pequena parte tímida e insegura sua faz com que me abra um pouco mais.
De alguma maneira, a última semana pareceu meses com ele. Não por ter sido insuportavelmente longa, tediosa ou até mesmo cheia de trabalho exaustivo, mas pelo furacão de sentimentos e pensamentos que a mudança me trouxe. Sobretudo por me apaixonar por um garoto pela primeira vez. Estranhamente, não parece que as coisas entre nós aconteceram muito rápido e, mais estranhamente ainda, sei que Leo pensa o mesmo.
— Vocês vão ficar muito insuportáveis a cada dia, já posso até ver...
— O quê? — Paulinha estava à pouco focada em editar as fotos que tirou durante todo o dia, agora, ela me flagra, com uma sobrancelha erguida e um sorriso irônico, observando Leo à distância.
A garota está ao meu lado, sentada em uma das cadeiras que foram dispostas ao redor da mesa de plástico, sob a sombra de um guarda-sol grande e colorido. Ela indica para as figuras que caminham na nossa direção, vindo da água, e eu finjo não entender a que se refere, voltando a observá-los.
Vejo o momento em que Leo passa a mão sobre os cabelos, jogando gotas de água do mar para todos os lados, o que faz com que receba ligeiros protestos da garota que o acompanha.
Carol é uma mulher bonita, sua pele é tão bronzeada quanto a de meu namorado, os cabelos cacheados e soltos parecem ser seu orgulho, e o sorriso divertido, além do biquíni amarelo e muito pequeno que usa, com certeza é o que faz Paulinha não tirar os olhos dela.
Não me demoro a observando, também não rebato o comentário de minha amiga por fazer o mesmo que eu. Afinal, é impossível não voltar meu olhar para o corpo de Leonardo, não com ele vestindo um short curto, fino e colado à pele, a qual está inteiramente molhada e, para mim, parece brilhar pelos raios de sol que o atinge.
O volume destacado no tecido do short deve fazer com que outras pessoas o observem por baixo dos seus óculos escuros, mas não me importo. Por mais que vê-lo assim me cause uma sensação de calor extremo e, até mesmo um certo desconforto por estar em um local tão público, prefiro me demorar observando todos os outros detalhes de seu sorriso, seu abdômen ou seu rosto bonito, a me incomodar com os pensamentos desejosos que os outros suspiram para si mesmos a seu respeito.
Além disso, minha cabeça se perde nos pensamentos mais intensos e impuros com ele, afinal, sequer nos beijamos desde nossa última conversa no vilarejo e isso está me deixando cada vez mais ansioso para tê-lo comigo. Para mim.
— Você devia fechar essa boca... a propósito, devia pedir pra ele vestir uma camisa assim que sentar! Meu Deus, olha como é exibido... — ela revira os olhos, vendo-os se aproximar cada vez mais e voltando a olhar a tela de seu celular.
— Acho que prefiro continuar tendo algo bonito pra olhar... — dou de ombros e sorrio para ela, que me encara boquiaberta.
Seu olhar diz muitas coisas, mas exprime principalmente surpresa por me ver brincando com algo de forma desavergonhada. Não esperei gostar tanto de ver essa surpresa em seu rosto. Surpresa que desapareceu assim que um sorriso ligeiramente bobo lhe tomou, quando Carol, também sorridente, sentou-se ao seu lado.
Percebo que meu namorado parou no meio do caminho para acompanhar a turma de garotos que brincava com uma bola de futebol, Mica, Bahia e até mesmo Larissa entre eles, e me demoro os observando. Mais cedo, eu os dispensei para fazer companhia a Paulinha à sombra e, apesar de gostar da ideia de jogar com eles, o tempo havia esquentado bastante e sua sugestão para um drink gelado me pareceu a melhor alternativa.
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Como É Que A Gente Fica? (Romance Gay)
RomantizmBruno se considera um garoto comum - e tímido - que não fez absolutamente nada a não ser dedicar-se aos estudos durante seus dezessete anos e, ainda assim, sequer conseguir passar para um curso superior de sua escolha. Leonardo está feliz com a sua...