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Carlos vai embora e Isabel toca a mão de Noah.

—não se preocupe meu anjinho,ele vai ficar bem.

Henrico se levanta da cadeira e vai até a varanda do casarão que dava até a escada na frente da casa.

—com que direito você vem na minha casa com essa gritaria?

—eu quero meu filho que vocês roubaram!!

—a mãe dele era minha escrava então seu filho é meu por direito.

—eu sou um homem livre e sou pai dele!

—o lado da mãe é o que conta,e peço que saia de minha fazenda agora!!

—Noah! Eu prometo que será livre filho,eu juro.

Henrico e Noah entram e Isabel vai até Carlos.

—Noah será livre senhor Carlos,eu lhe dou minha palavra.

—cuida do meu menino sinhá.

—pode deixar...

Carlos põe o chapéu na cabeça e sai da fazenda.
Noah vai pra o seu quarto e se senta no chão, usava uma camisa branca de mangas,um broche com o brasão da família, calça cintura alta preta por cima da camisa,botas por cima da calça, era assim que sempre se vestia. Ele chora próximo a sua cama.

—minha santinha,me tira daqui,me deixa morar com meu pai,eu amo minha mãe Isabel... mas não quero mais ser um escravo,eu quero ser livre.

—que cena comovente... a beleza em pessoa chorando nos cantos da casa. —Marcelo se aproxima.

Noah se levanta e seca o rosto.

—precisa de alguma coisa senhor?

—eu já disse,eu quero você.

—me peça algo possível.

—estou te achando com as garras muito afiadas,posso cortá-las.

—eu respeito o senhor como deve ser respeitado e eu gostaria que fizesse o mesmo comigo.

Ele agarra Noah:

—como se meu coração te escolheu?

—o senhor pode está confuso.

—desejo seu corpo,seu olhar,seus lábios carnudos e avermelhados.

—Noah!! Noah?! Filho?

Marcelo solta Noah e o ruivo se recompõe.

—Noah,te chamo a tanto tempo filho.

—perdão mamãe, estava servindo água ao senhor Marcelo.

—Marcelo, por quê não pegou sua água?

—por que eu havia de fazer se temos um escravo pra isso?

—Noah essa noite vai tocar para nós, vamos filho vai tocar violino agora.

Noah sai da cozinha que ficava perto do seu quarto e segue pra o salão, Clemente se aproxima.

—Noah,prazer... Clemente.

—o prazer é todo meu senhorzinho.

—de perto é ainda mais belo,parece que foi pintado a óleo.

—assim o senhor me deixa envergonhado senhor.

—dança comigo?

—mas eu...

—não diga nada,apenas venha.

Ele leva Noah para o meio do salão e ambos dançam trocando olhares,Noah estava nervoso mas seguia a dança de valsa.

—seus olhos me prendem,seus lábios me chamam,sua pele tão delicada...

—senhor Clemente para por favor,eu sou um escravo.

—case-se comigo e eu te darei a liberdade.

—o senhor nem me conhece direito senhorzinho.

—conheço o bastante pra saber que estou hipnotizado.

Noah para de dançar e vai até o jardim,lá encontra o jardineiro Sebastião, um homem já de idade avançada e sem dentes que cuidava do jardim.

—o que o mais belo dos homens tem? Não gosto de te ver triste.

—ah... seu Sebastião, me sinto preso. Uma coisa nas mãos dos meus senhores.

Sebastião pega uma rosa e entrega pra Noah que a cheira enquanto sorri.

—seus olhos são os mais lindos que já vi e não merecem ficar tristes.

Marcelo se aproxima dos dois e ordena:

—sai velho!

—sim senhor,com licença. Até mais meu príncipe...

—até mais Sebastião.

Marcelo se aproxima de Noah:

—já se ofereceu o bastante pra o Clemente não acha?

—eu não me ofereci senhor...

—sonso! Mas não vou te castigar,te espero no meu leito hoje a noite.

—por favor senhor Marcelo,não me peça isso.

—o que é escravo? Por ser o preferido da minha mãe acha que pode mandar no que quiser?! Quero te lembrar que é um escravo e em breve será meu por herança.

—me entende por favor,eu prometi a minha mãe Isabel que jamais me deitaria com alguém antes do casamento.

—você não vai se casar com outro,eu não vou deixar.

Longe dali,no palácio dos Bragança, morava um jovem alto,forte, cabelos lisos e loiros até o ombro,um par de olhos verdes,vestia as mais caras roupas com broche da sua casa. Era o príncipe José Antônio. Ele estava em seu quarto pintando um quadro.

—filho! —sua mãe a baronesa de Sá o chama.

—oi mamãe.

—pintando de novo...

—estou me destraindo,queria anunciar logo a abolição da escravatura.

—ainda com essa ideia louca? Filho precisamos dos escravos.

—pague a ele e terá sempre um,mas serão livres.

—e ainda outra ideia?

—qual?

—de normalizar os rasga manga.

—isso será meu primeiro passo,todos merecem ser respeitados independente de quem vamos amar.

—diz isso por quê é um.

—mas só a senhora aceita...

—falando nisso,porque estão não se casa com o Bruno? É notável que ele goste de você.

—eu não o vejo como ele quer que eu o veja.

—não sei por quê, ele é de boa família, educado, prendado, bonito.

—onde está o papai?

—seu pai o querido Dom Pedro II está repousando no quarto real.

—resumindo 'o homem que não te entende está dormindo '.

—não diga isso meu amor,ele te ama.

—claro...

O sarau termina e todos cumprimentam os donos da residência. Paulo,um coronel famoso por aquelas bandas pai de Clemente e Matilda vai até seus compadres Isabel e Henrico.

—o sarau estava a coisa mais linda compadre.

—obrigado mas vou ao que enteressa...

—diga!

—nossos filhos Matilda e Marcelo se conhecem desde pequenos,somos amigos e nossas famílias têm linhagem. O que acha de nossos filhos juntos?

O Escravo Noah | Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora