Outro dia de trabalho, porém a mente de Finney estava presa ao dia anterior.
"Amor."
As palpitações em seu peito, a ansiedade viajando no suco gástrico estomacal, os constantes pensamentos, os estranhos elogios que distribuía, tudo era relacionado ao amor. Mas Finney não entendia, porque, apesar daquele garoto chamado Robin ser intrigante, não havia como ter experimentado tal sensação.
Talvez fosse só uma rápida paixão. Aquele papo de hormônios e tal. Finney nunca tinha sentido isso antes, mas talvez, só talvez, estivesse na hora de dar o seu primeiro beijo para satisfazer seus desejos internos.
Era uma pena não ter coragem alguma para fazê-lo, muito menos um candidato conhecido - porque Robin era desconhecido.
Ou era apenas nervosismo por ter visto um cliente tão diferente - além do loiro cacheado que era o dono do coração de Bruce.
Talvez ele nunca voltasse, de qualquer forma. Finney esqueceria isso em algum momento.
Bruce suspirava ao seu lado, olhando para o teto enquanto pensava o quão entediante seria o fato de seu crush aparecer apenas uma vez por semana. Era de se esperar; não é como se todo mundo possuísse dinheiro para comer em uma cafeteria todos os dias.
Eles ainda estavam no início de seus turnos, mas compartilhavam o mesmo desânimo. Mas Finney sempre estava assim; achava seu trabalho insuportável e ser forçado a desenvolver habilidades sociais não era muito agradável.
O clima era tenso e os dois trabalhavam com tanta má vontade que o tilintar do sino mal foi captado pelos dois. Felizmente, a figura que entrava costumava anunciar sua presença, então logo tiveram suas atenções atraídas.
— Tio Finney, tio Bruce!
Os dois levantaram suas posturas rapidamente e foram agraciados pelo sorriso infantil que acompanhava o recém-chegado. Era inevitável que devolvessem a felicidade em suas expressões faciais, embora fosse surpreendente pelo fato de que estavam em um limbo de indisposição há poucos minutos.
Os fios loiros foram afagados pela mão de Finney quando ele saiu de trás da bancada, aproveitando que a cafeteria estava pouca movimentada e os clientes já estavam servidos. Os olhos azuis foram fechados para fazer proveito da carícia.
Era Griffin Stagg, o filho do dono do estabelecimento. Não era novidade aparecer ali, na verdade o garoto parecia amar aquele lugar. O surpreendente era aparecer sozinho.
— Griffin. - Finney sorria tanto que suas bochechas doíam. Apenas uma figura fofa como aquela para animar seu dia. — Cadê seu pai?
— Ele me deixou aqui e foi resolver alguma coisa em outro lugar. - O garoto deu de ombros. — O que tem de doce hoje?
Bruce apareceu após passar um pano molhado rapidamente na bancada aonde ele e Finney estavam encostados.
— O de sempre. - Também estava sorrindo. A diferença era que tal expressão era comum no rosto de Bruce, enquanto não era no de Finney.
Finney pensou em esquentar alguns donuts para Griffin desfrutar e sujar seu rosto de uma maneira muito fofa e engraçada, sobrando para os dois funcionários o limparem, mas o garoto parecia com outras ideias em sua mente.
— Eu quero bolo de chocolate. - Ele pediu animadamente. — Aquele que a senhora Cleide faz.
A tal da senhora Cleide era a cozinheira que mal aparecia fora da cozinha. Ela não gostava de pessoas e era um milagre que socializasse tão gentilmente com os outros funcionários. Bem, não era tão milagroso assim ela agir da mesma forma com Griffin; se alguém ousasse tratar mal aquele garoto era demissão direta. Mas também a criança era um doce e nunca havia causado nenhum problema - o que fugia dos estereótipos, porque todos esperavam que ele fosse um menino mimado.
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Entre Letras e Café
Fanfiction"A cafeteria Stagg's está com uma novidade imperdível! Escolha uma palavra qualquer e ganhe uma bebida baseada nela!" Finney Blake trabalhava como atendente daquele café e era notório que sua rotina, antes já cansativa, havia se tornado desgastante...