Finney nem se deu ao trabalho de insistir em pagar a conta, estava ocupado demais se deliciando da sobremesa. Quem havia inventado os sorvetes de morango e cookies merecia uma aposentadoria prévia, porque tinha sido genial.
O único momento em que se distraiu da delícia entre seus lábios foi quando tanto ele quanto Robin, ambos já no fim dos sorvetes - embora Robin reclamasse constantemente da punição severa que havia recebido ao oferecer sua escolha para Finney - estavam fora da sorveteria, porque se deu conta de que era hora de ir embora e de se despedir.
Despedidas não eram difíceis, ao menos, não as que eram por educação, porque Finney sabia que encontraria maior parte das pessoas novamente. Mas, por alguma razão, um nervosismo triste e uma vergonha avassaladora estavam querendo que seu sorvete durasse para sempre apenas para ter uma desculpa para ficar ali por mais um tempo.
Infelizmente, querer não era poder, então, por fim, Finney sentiu o último gosto de cookies e lambeu os lábios, dando um suspiro de prazer. Assim que levantou o olhar para Robin, foi lhe apresentado uma enorme carranca, ao ponto de lhe fazer arregalar seus olhos tão intensamente que seu coração acelerou no susto.
— Tá' feliz, seu ladrão de sorvete?
Finney engoliu em seco e franziu as sobrancelhas para cima, em dúvida se sentia culpado, triste ou desinteressado. Ele não estava arrependido de forma alguma, mas parecia um tanto errado tirar o sabor de uma pessoa para agradar o seu próprio.
Quando sua cara ficou melancólica ao nível extremo, Robin riu e colocou uma de suas mechas atrás da orelha, como se estivesse em um filme. Ele não estava, mas, para Finney, aquele simples movimento estava desacelerado e sendo acompanhado por seus olhos.
Seu sorriso, seu rosto sendo revelado após a retirada da mecha, o cabelo ondulado, longo e sedoso sobre os dedos alheios, os dentes branquinhos, os lábios carnudos, tudo, tudo mesmo, foi reparado. E, por alguma razão, tais informações foram gravadas no subconsciente de Finney Blake.
— Estou brincando, apesar de ter sido envenenado por sua culpa. - Robin, alheio aos sentimentos de Finney, continuou. — Pelo menos, você vai parar de pedir sorvete de chiclete.
— Desculpa. - Finney sussurrou e sentiu suas bochechas corarem, embora não soubesse se era por ter furtado descaradamente o sorvete alheio ou se era por causa de seus pensamentos. — Céus, só agora eu reparei que deixei você pagar a conta! - Mentiu. — Vou te dar o dinheiro e-
— Para com isso. - Um biquinho foi formado em seus lábios à medida em que cruzou os lábios. — Não sou o Kaio Kastro para me recusar a pagar a refeição de um encontro.
Finney se segurou para não rir ao entender a piada. Kaio Kastro era um cara que havia viralizado após fazer um vídeo insinuando explicitamente que não concordava em pagar as contas de seus encontros.
E, claro, a Internet inteira zombou disso, como sempre fazia.
— Tá', então deixa. - Finney se deu por vencido. — Acho que é isso, não?
— O quê? Já?
Mais uma vez, os olhos de Finney se arregalaram. Como assim "já"? Os dois haviam se encontrado, tomado os sorvetes e pagado a conta. O que mais fariam?
Sua boca se abriu para questionar, mas Robin continuou.
— A gente mal ficou uma hora. Nunca tive um encontro tão curto.
Por que aquele garoto insistia em falar encontro? Eles não estavam em nenhum passeio romântico! Quer dizer, Finney ainda tinha sérias dúvidas sobre essa afirmação, mas, mesmo assim, qual era a necessidade de repetir aquele termo, que lhe causava nervosismo e vergonha?
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Entre Letras e Café
Fanfiction"A cafeteria Stagg's está com uma novidade imperdível! Escolha uma palavra qualquer e ganhe uma bebida baseada nela!" Finney Blake trabalhava como atendente daquele café e era notório que sua rotina, antes já cansativa, havia se tornado desgastante...