Encontro

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Eram apenas dez manhã quando Finney acordou desesperado e pronto para se jogar da janela mais próxima. 

— Como eu pude ser tão burro? - O garoto choramingou, relendo a resposta que havia recebido.

 Ele já estava se sentindo idiota por ter deixado a emoção do momento lhe afetar o suficiente para que aceitasse o convite de Robin, apesar de ter tido uma gota de culpa ali. O problema foi que Robin já havia considerado o favor pago e Finney não se lembrou disso na hora. 

"Eu achei que você não ia aceitar, considerando que eu te disse que dar seu número seria o suficiente. Eu estava brincando sobre você estar me devendo."

E ele não ia aceitar! Finney aceitou por estar tão pressionado mentalmente, o fato de que Bruce estava com um trauma nas costas e com uma culpa intensa fez com que o Blake procurasse qualquer método para esquecer aquilo.

O problema era que o método escolhido era horrível. E agora não tinha mais volta.

"Você pode amanhã, na sorveteria do shopping, às 16h?"

Como Robin havia respondido logo após o mundo do inconsciente atingir Finney, "amanhã" era o dia em que Finney estava lendo a mensagem. Ou seja, ele tinha seis horas para decidir se iria inventar desculpas infinitas para pular todos os encontros que marcassem porque Finney Blake era ridículo e horrível em dizer "não", ou se iria como havia prometido.

Sua ansiedade estava implorando para que ficasse em casa, o sentimento de que sair não era para garotos antissociais como Finney Blake como consequência. Porém, lá no fundo de tudo isso, havia um garotinho comemorando por estar sendo chamado para fazer qualquer coisa que não fosse ficar em casa.

Finney tinha medo do desconhecido, medo de sair de sua zona de conforto, medo de sua bolha ser furada. Era irônico porque amava a ideia de novas descobertas que poderiam ser revolucionárias ao pensar em seu futuro como astrônomo. 

Talvez ele devesse ir, porque pagar um favor com um número era realmente miserável. Talvez Robin estivesse lhe chamando para pagar a conta da sorveteria que, apesar de ser considerada cara, Finney não era mão de vaca o suficiente para recusar. 

Ou talvez eles realmente estivessem indo a um encontro e a ideia de Robin estar interessado em Finney Blake fosse tão real ao ponto de fazer as bochechas de Finney corarem, suas palpitações acelerarem e a ansiedade, que lhe dizia para ficar, se transformar em uma versão que lhe dizia para ir.

Céus, que dúvida horrível! Finney nem sequer havia descido para tomar café da manhã e já estava sentindo um enjoo no estômago. Ele nem havia ido para a aula devido ao transtorno do dia anterior, mas foi incapaz de evitar a ansiedade que sentia naquele período da manhã.

Finney não tinha um problema exato com a escola, não sofria bullying ou algo assim. Ele era apenas horrível em se comunicar e, apesar de não ser maltratado, era o excluído da sala, talvez da escola. Então simplesmente se sentia ansioso e pisando em ovos quando ia para lá, com medo de, algum dia, sua presença ser notada por algo ruim ao invés de apenas ignorada.

Mas, se pudesse falar seu maior medo envolvendo o colégio, era a possibilidade de algum colega de sua sala - porque o resto da escola sequer notaria sua existência - aparecer em seu local de trabalho e lhe reconhecer.

Apesar de todo seu preconceito contra o colégio, Finney sentiu que poderia inventar alguma desculpa sobre estar ocupado demais estudando.

Enquanto seus pensamentos retumbavam em sua mente indecisa, seu celular vibrou. Finney piscou e olhou para o aparelho em sua mão, vendo uma nova mensagem em sua conversa com Robin.

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