Dedicação

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Alerta de gatilho: citação de abuso físico.

××××

Finney falhou miseravelmente e não pesquisou "cariño" na Internet. Um garoto tão curioso quanto ele, que desejava desvendar os segredos do universo e do amor, sentindo-se impotente e incapaz de procurar algo era irônico.

Ainda mais porque a razão pela qual não fazia isso era devido ao pedido de um garoto que nem era íntimo seu.

Seu contato estava salvo nomeado daquela palavra tão intrigante na qual não sabia o significado. Talvez devesse fazer o mesmo com Robin?

Mas não era como se Finney soubesse algum termo que fosse ser desconhecido para o outro garoto, ainda mais em outra língua.

"Como devo salvar seu contato?" Finney indagou honestamente.

A resposta fora tão rápida quanto a visualização.

"Confio na sua criatividade, cariño."

Uma resposta mais esclarecedora do que essa, apenas os estudos matemáticos para seus colegas de humanas. Uma comparação irônica perfeitamente colocada. Era definitivamente do feitio de Finney Blake.

Ele não era criativo, exceto quando deveria fazer bebidas. Era quase como se estivesse batendo sua cabeça na parede incessantemente, tentando pensar em uma fórmula que pudesse combinar com os temas que lhe eram propostos quando era sua vez de ficar no balcão.

E, ainda assim, não era capaz de dizer que sua criatividade era realmente incentivada nesses momentos.

— Que ódio. - Finney murmurou, olhando para o teto e a lâmpada que estava pendurada a ele.

A luz era radiante e iluminava todo o quarto, como era suposto que as lâmpadas fizessem. Ele piscou e repentinamente uma ideia surgiu em sua mente tão desnorteada.

Luz. Robin era como uma luz. Ele possuía uma aura intensa e contente, contagiando o ambiente à volta e lutando contra a escuridão que queria assolar Finney a partir do desânimo ou de um cliente agressivo.

Não que Robin iluminasse os dias de Finney, mal o conhecia. Era apenas que ficava tão intrigando com aquela presença que mal podia se sentir desmotivado a trabalhar.

Saindo da conversa antes que Robin terminasse de digitar sabe-se lá o quê, Finney moveu seus dedos e abriu o aplicativo de tradução de línguas. Iria colocar o primeiro idioma que lhe aparecesse apenas para causar curiosidade no outro garoto como estava lhe acontecendo.

Ao abrir a lista de idiomas, o dedo escorregou para cima, subindo os nomes de cada língua. Ao parar, Finney captou um deles com seu olho.

Latim.

Então digitou a palavra "luz".

Lux.

Era óbvio demais. Robin sacaria. Suspirou de frustração, mas então duas sugestões surgiram logo abaixo da tradução.

Mas a relevante era "luz do sol".

Solis.

Perfeito. Robin acharia que significava sol. Era um falso cognato que lhe traria uma vantagem, assim como "cariño" parecia "carinho".

"Nomeei de Solis." Finney declarou, sem sequer ler a mensagem de cima.

Isso foi sua ruína. Teria sido mais inteligente se tivesse lido pela notificação, pois teria tempo para pensar, surtos para sofrer e pensamentos intrusivos para enfrentar.

Finney coçou os olhos, esperando fielmente que fosse apenas um delírio, mas não era. As maçãs de seu rosto ficaram rubros e o arregalar de seus glóbulos oculares foram inevitáveis.

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