08 | Dois passos para a volta

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O dia amanheceu tranquilo

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O dia amanheceu tranquilo. Ainda sentia a sensação irritante de asiedade que percorria o corpo e agitava a mente. Acordei com Lina dando selares no meu pescoço e iniciando uma cósquinha insuportável na barriga — é normal sentir cócegas na barriga, eu espero.

Eu escovava os dentes enquanto tentava raciocinar o acordar. Ao ver a notifiação barulhenta do contato dos meus pais chegando, despertei de uma vez por toda. Cliquei logo na mensagem e a cada palavra lida o sorriso aumentava.

Enchaguei a boca e corri até Lina, que troava de roupa no quarto pós banho. Eu a agarrei e chacoalhei seu corpo pequeno, fazendo com que a garota arregalasse os olhos, confusa.

- O que aconteceu?

- Mamãe e papai mandaram mensagem, disseram que alugaram uma casa com dois quartos e que conseguiram a estabilidade financeira que tanto lutaram. Eu vou voltar a morar com eles, Nana!

Um sorriso grande e sincero surgiu nos lábios de Lina. A expressão feliz e o abraço apertado demonstraram felicidade genuína por mim.

- Isso é ótimo, Anna! Finalmente vocês vão voltar a morar juntos. Já sabe quano você vai ir?

- Ainda hoje, provavelmente de tarde!  Eles estavam acertando tudo pra já noticiarem e eu ir. Tenho que noticiar pros seus pais e agradecer eles, também tenho que arrumar as malas e...

- Uma coisa de cada vez, tá? - ela selou ambos lábios lentamente e levou uma das mãos para acariciar minha bochecha. - Meus pais vão ficar muito feliz por isso.

- Eu espero!

(...)

Passei o resto do dia com o humor ótimo, até mesmo fiz a avaliação com um sorriso ladino e genuíno nos lábios lambusados de gloss de morango.

De tarde, conversei com os pais de Lina e arrumei minhas malas novamente com a ajuda da Queirós mais nova. Não foi muito demorado pois havia tirado poucas coisas e lavado todas elas para a repetição de utilização.

Em torno das quatro e meia, esperei ansiosa pelo sinal de que eu deveria descer. Quando a notificação chegou, abracei forte Lina e seus pais: agradeci mais ainda e os parabenizei novamente pela gravidez de Marcela.

Pareceu irreal ver mamãe e papai depois de alguns anos. Ela continuva bonita, como sempre, e papai também — ambos mantinham um sorriso grande nos lábios cheios e lágrimas de saudade acumuladas no olho, exatamente como eu.

Eles saíram para fora e me abraçaram forte. Lina, que observava tudo pela sacada do próprio apartamento, tirou diversas fotos e me enviou no mesmo instante. Eu com certeza as colocaria em um quadro e penduraria nas paredes do meu novo quarto.

Dona Lúcia e Dono Paulo sempre foram muito atenciosos comigo e com minha criação, mas agora pareciam mais ainda. Quando chegamos na casa alugada, chorei mais um pouco de felicidade e alívio. Eles me mostraram o quarto e conversavam comigo sobre diversos assuntos enquanto eu organizava tudo em meu guarda-roupa recém comprado. Tudo parecia demais a minha cara, tudo parecia ter sido milímetricamente feito para mim e exclusivamente a mim.

Dois Passos e o Conto de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora