Marianna Mendes, definitivamente, não sabia o que fazer: estava a apenas dois passos da garota mais odiada da escola central de Meio-Norte e, certamente, deveria fazer o que todos queriam - começar uma briga sem sentido, com direito a puxão de cabel...
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A decisão tomada é que eu me declararia para Lina ainda naquele dia. Fiquei algum tempo preparando uma tentativa - meio falha - de um desenho simples, mas bonito, de nós duas para a entregar: ainda sim, apesar das falhas, era feito com muito carinho.
Em torno das meia noite e quinze. Sim, meia noite, marchei cautelosamente com a folha em mãos para o quarto da franjuda.
Em um ato de coragem, esse qual era escondido pela covardia de meu ser, bati na porta, esperando ansiosamente para que Lina abrisse.
Não demorou muito para que ela aparecesse. A mesma utilizava uma máscara de argila na região do nariz e passava manteiga de cacau nos lábios finos. Ela ergueu uma das sobrancelhas e abriu a boca para falar algo, mas eu a interrompi de imediato.
- Não, pera! Eu tenho que te falar, tá? - empurrei o desenho contra o peitoral de Lina e ela me olhou parecendo levemente assustada. Pisquei os olhos rápidamente e respirei fundo antes que eu despejasse tudo entalado na garganta:
- Eu gosto de você. Ok, você deve estar pensando que eu só to falando isso porque você se declarou desse jeito, mas não é! Você sempre me fez tão bem e toda vez que eu pensava em beijar garotas eu pensava em te beijar, mesmo quando você sequer havia se assumido. Eu não gosto da Maia, certo? Eu gosto de você, pra caramba mesmo, mas tenho medo de que isso estrague o que temos. Você é minha melhor amiga, minha única amiga e a pessoa que eu mais confio e amo que tá perto de mim. Sou egoísta por te amar e ter medo de te perder?
Ficamos em silêncio durante um minuto ou dois minutos. Os minutos mais torturantes da minha vida. Lina parecia absorver as palavras enquanto observava o desenho que eu havia feito.
- Bah, Marianna.
Sentia todo meu interior tremendo em receio. Pude observar um sorriso sendo formado nos lábios finos de Lina e os olhos caídinhos formando lágrimas. Ela foi para dentro do quarto e com a mão esquerda puxou-me para a acompanhar.
Deixou o desenho na escrivaninha de forma cautelosa para não amassar a folha. Em seguida, deu dois passos, murmurou algo inaudível e me puxou para um abraço forte, qual eu retribuí, com o coração batendo mais forte dentro do peito.
Respirei fundo e puxei algum tipo de coragem para dar continuidade a fala dita na porta:
- Eu...Eu quero tentar algo com você. Pode não ser sério de início, mas eu tô disposta a ver como as coisas se encaixam entre nós duas, românticamente falando. Você aceita?
Ela pensou alguns segundos antes de concordar com a cabeça e murmurar um "sim" como resposta, fazendo com que meu coração se agitasse em felicidade dentro do peito.
Seguidamente, Lina me puxou pela cintura com um sorriso ladino e iniciou um beijo calmo, porém cheio de emoção vinda de ambas partes.
Beijar Lina já havia entrado para minha lista de coisas favoritas. Beijar lina românticamente entrou para o top cinco de coisas favoritas, perdendo apenas e únicamente para morangos.
