06 | Dois passos para uma declaração

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Me remexi, desconfortável

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Me remexi, desconfortável. Lina pegou a almofada de morango de minha cama e a me entregou, em seguida, pegou o copo vazio de água e deixando no móvel pequeno ao lado da cama.

- Eu não queria estar te falando isso em um momento de fragilidade, Anna. Me sinto culpada por ter que fazer isso, mas vai ser necessário após o que você me disse ontem, entende? - ela se sentou ao meu lado, eu afirmei e ela deu continuidade: - Como eu te disse ontem, você é a garota mais linda que eu já vi. Sua insegurança com a própria aparência te impede de ver isso, de ver que outras pessoas, garotas, que seja, já se atraíram por você. Anna, eu já vi isso acontecer diversas vezes contigo, tanto pessoalmente quanto virtualmente. As pessoas te acham bonita, muito bonita, mas você não enxerga isso porque não consegue perceber a própria beleza.

Eu engoli a seco enquanto ela recuperava o fôlego.

- Bah, por Deus! Eu já vi muitas vezes, diversas vezes, meninas dando em cima de você. Eu fiquei com ciúmes, muito ciúmes. O motivo? Não é apenas porque sou sua melhor amiga, Mendes. É porque eu sou apaixonada por você, sempre fui. Desde que te vi chegar no sétimo ano do fundamental, exalando um poder que uma garota de treze anos não deveria ter, meu coração bateu mais forte. Eu beijei outras garotas, mas elas não eram você. Eu não senti atração por nenhuma delas, apenas por você. Quando eu vi a chance de poder sentir sua boca, ao menos uma vez para nunca mais, eu não pensei duas vezes para realizar o ato. Eu fico triste, porque você via Maia como sua chance de ter algo pessoalmente com alguém. Acredite, eu também via. Mas eu fiquei mal quando percebi que você estava beijando outro alguém, uma garota que não era eu. Me isolei. Tirei um tempo para mim. Percebi que se eu te amo, não poderia ficar triste com isso, certo? Esses eram meus motivos. Eu fiquei decepcionada quando percebi que ela não te merecia e não merece. Fiquei decepcionada porque eu poderia ser muito melhor que ela em te beijar, te segurar. Então eu avancei nisso. Me desculpe pelo aglomerado de informações, mas eu simplesmente não podia mais guardar, não quando as únicas coisas que eu pensava e penso é te fazer feliz e te encher de todos os beijos que eu não te dei.

(...)

As tranças presas em um coque. A pele negra coberta por roupas pesadas. Um fim de semana com Lina em um parque de diversões com os Queirós.

A declaração de Lina.

Lina havia se declarado.

Eu sequer consegui responder direito, apenas a beijei, como eu nunca imaginária beijar ninguém.

Eu não disse mais nada. Lina também não.

Eu fechei os olhos e respirei fundo antes de entrar na casa de terror. O único medo que senti foi de perder Lina. A única adrenalina que ferveu o sangue foi a lembrança dos lábios de Lina. Estava imersa demais em meus pensamentos para tomar qualquer susto.

Apenas saí daquilo quando vi um homem parado em minha frente, de maquiagem deformada e uma serra elétrica ligada nas mãos. A de fios castanhos, que estava ao meu lado, gritou e saiu correndo. Eu e o monstro olhamos a garota desaparecer pelos corredores e nos encaramos, confusos.

Dois Passos e o Conto de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora