Comia a comida em minha frente silenciosamente, era notável que Hades tinha estranhado meu comportamento mas até então ele não se dirigiu uma palavra a mim, eu observava o prato com meus pensamento naquele homem de ontem no bar, após ele ter alegado que era a morte o mesmo rapidamente sumiu me deixando sozinha.
Hades - O que houve? - ouvi sua voz me despertando -- Nada, só estou pensando. - dei os ombros -
Hades - Isso eu acho bem difícil não perceber. - retrucou e senti um certo sarcasmo no seu tom -
- A morte existe? - ele parou de comer e me encarou -
Hades - Por que dessa pergunta?
- Só curiosidade. - ouvi um suspiro pesado -
Hades - Claro que ele existe, mas não é alguém que devemos falar.
- Porque?
Hades - Se não devemos falar então não vamos falar. - Bufei com sua resposta -
Depois daquilo se formou um silêncio, não sabia se era confortável ou desconfortável, eu olhava para o Hades que comia tranquilamente, mas assim que terminei me levantei e andei em direção ao jardim e me sentei em um banco que tinha ali, olhei para o céu e fechei os meus olhos.
- Eu só queria os meus pais aqui comigo. - sussurrei -
- Querida? - ouvi uma voz familiar -
Assim que abri meus olhos vi meus pais me encarando com um sorriso, sem pensar duas vezes corri os abraçando, foi impossível conter minhas lagrimas fazendo que eu chorasse rios em seus braços enquanto ambos acariciavam meus cabelos.
- Mamãe, papai, o que vocês estão fazendo aqui? - os olhei depois de reduzir minhas lagrimas -
Mãe - Viemos ver nossa garotinha. - beijou minha testa -
Pai - Você pediu e nós aprecemos.
- O que? Vocês apareceram só por que eu pedi?
Mãe - Exatamente, mas como vai a pequena rainha?
- Rainha? - indaguei confusa -
Pai - Sim, a pequena rainha do submundo. - sorriu -
- Não, eu não sou rainha do submundo.
Mãe - Ainda não.
- Eu nunca serei a rainha do submundo, eu sou uma humana e o Hades é um Deus, isso é impossível.
Pai - A única forma de alcançar o impossível é pensar que ele é possível. - colocou uma mecha de meu cabelo atrás da minha orelha -
Fechei os olhos aproveitando o contato mas quando senti o toque esfriar abri os olhos vendo nada além de árvores em minha frente.Suspirei triste por não ter tido tempo o suficiente com eles.
Porém saio dos meus pensamentos ao ver que estava perdida em uma floresta.
- Mas como eu vim parar aqui? - olhei em volta não vendo nada além de árvores -
Lembrava perfeitamente que a alguns minutos atrás eu estava no jardim do palácio, enquanto buscava uma maneira de sair ouvi uma voz desconhecida, olhei em volta novamente e parei os meus olhos naquele mesmo homem que se denominou como a morte no bar ontem.
? - Olha só o que temos aqui. - seu sorriso era assustador -- Poderia me ajudar a achar a saída? - ignorei meu medo -
? - Depende. - se escorou na árvore -
- Depende do que? - arqueei a sobrancelha -
? - Depende para onde você quer ir. - me olhou intensivadamente -
- Eu não sei, estou perdida.
? - Para alguém que não sabe para onde vai, qualquer caminho serve.
Olhei para os caminhos que tinham ali, escolhendo um até que sua voz ecoou novamente.
? - Cuidado, o caminho que escolher pode te levar para um lugar que não deseja ir. - acendeu um cigarro - E se arrepender de ter o escolhido não vai mudar o que já está feito. - soltou a fumaça -
Me virei para ele o encarando séria.
- Quem é realmente você? - me aproximei dele -
? - Minha querida, eu sou aquele que todos temem, sou aquele que todos querem fugir, eu sou aquele que aparece nas horas que a vida desistiu, sou aquele que manipula as pessoas para cometerem suicídio, sou aquele que é impossível de escapar. - tragou o cigarro - Meu amor, eu sou a morte. - soltou a fumaça com um sorriso -
- Gosta de brincar com os outros? Eu não vou cair nesse seu papinho furado. - me virei de costas indo no primeiro caminho que vi -
? - Você pode até correr, se esconder e até mesmo rezar, mas eu vou te pegar, não importa o que faça, do seu funeral você não vai escapar. - ouvi sua voz divertida de longe -