capítulo -06(R)

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Chegamos finalmente em casa. Estava tudo silencioso; Orion deve ainda estar no trabalho. Sei que ele não está me traindo, Orion não seria capaz de cometer tal ato. No nosso contrato de casamento, está escrito que, se algum de nós trair, perderá a magia. Isso foi estabelecido para evitar filhos bastardos e preservar a pureza do sangue. Foi ideia do meu pai.

Maldito seja aquele velho. Não que eu queira trair meu marido, é só que... nem eu sei. Deve ser o fato de que minha vida sempre foi controlada por ele, e tudo girava em torno de eu me tornar a Lady Black. Foi o único propósito que ele deu para minha vida.

O irmão do meu pai, que é o pai do Orion, concordou com o contrato e fez questão de incluir uma cláusula que me garantisse mais direitos, mesmo sendo mulher. Recebi os mesmos direitos que Orion, mas, caso eu faça algo que não agrade, Orion, como chefe da casa, tem autoridade para me impedir.

Contudo, Orion sempre me permitiu fazer o que eu quisesse. Poucas mulheres têm tanto poder em mãos. Eles poderiam ter simplesmente me casado com Orion, me deixado sem direitos, e eu teria que viver com a cabeça baixa, obedecendo a tudo que ele quisesse. Prefiro morrer como minha mãe a abaixar a cabeça para alguém. Eu sou uma Black, e Black não pede desculpas — sempre mantém a cabeça erguida.

Quando conheci Orion pela primeira vez, ele era um homem quieto e observador. Seu pai era rígido com ele, não o deixando ser uma criança. Orion tinha um dever a cumprir no futuro e devia ser preparado desde pequeno.

Mas tudo mudou quando fomos para Hogwarts. O garoto quieto e solitário que ficava na biblioteca desapareceu. Orion se tornou festeiro e bastante bagunceiro, mas sempre cauteloso para não ser pego. Ele saiu com várias garotas, mesmo que já estivéssemos meio casados. Eu não senti ciúmes ou algo assim, mas ele ficou com tantas mulheres que fiquei me perguntando como ele não tinha nenhum filho secreto. O que mais me irritava eram as mulheres com quem ele se envolvia — a maioria nascidas trouxas.

Senti inveja. Ele parecia não se importar com a possibilidade de ser descoberto pela nossa família, enquanto eu sempre mantive a imagem de uma mulher de sangue puro. O maior pecado que já cometi foi tentar me tornar amiga de um sangue-ruim. Na minha cabeça, se Orion podia, eu também podia. Mas foi a coisa mais estranha que já aconteceu comigo.

Ele falava sobre coisas trouxas e falava como um trouxa, e eu não entendia nada do que ele dizia. Fingi entender para não ter que pedir explicações. Depois daquele dia, nunca mais falei com ele. Como diabos Orion conseguia falar com aquela gente?

Orion se mostrou próximo de Abraxas e Tom. Eles eram conhecidos como o trio mais bonito de Hogwarts. Orion me convidou para esse grupo, e eu, tola, aceitei para tentar me enturmar com os amigos do meu futuro marido.

Vi como todos daquele grupo tinham um grande respeito por Tom, um garoto órfão e mestiço. No início, não sabíamos que Tom era mestiço; para nós, ele era sangue-ruim. Tudo mudou quando ele revelou que falava com cobras.

Todos ficaram surpresos ao descobrir isso, exceto um garoto do grupo. Ele sempre foi atrevido e gostava de irritar Tom. Seu nome era Henry; ele tinha uma aparência angelical, com cabelos longos até os ombros e olhos verdes, que Tom dizia lembrar uma maldição imperdoável. A coisa que mais chamava atenção era sua cicatriz em forma de raio.

Eu não sabia muito sobre ele, apenas que veio da guerra e acabou na porta do orfanato onde Tom vivia. Ele era mais próximo de Tom e Orion, mas sempre ficava um pouco nervoso perto de Orion, dizendo que ele lembrava um amigo dele.

No sétimo ano, o ano em que Tom mudou seu nome para Voldemort, Henry ficou um pouco distante de nós e parecia sempre infeliz. Depois que nos formamos, nunca mais o vimos, e houve um período em que Tom ficou deprimido e com raiva.

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