No sonho, eu estava em primeira pessoa, e parecia que ninguém me via. A cena que passava na minha frente era estranha, quase real demais.
Havia uma mesa bem longa, onde várias pessoas estavam sentadas ao redor. Mas havia algo - não sei se posso chamar aquilo de humano. A criatura não tinha nariz, não tinha pele e tinha olhos vermelhos. Parecia uma cobra.
Olhei para cima e vi uma mulher flutuando. Ela parecia desesperada, movendo a boca como se gritasse para o homem ao lado da criatura com cara de cobra. Mesmo clamando por ajuda, ele não mostrou qualquer emoção no rosto e, com um movimento de varinha, ela morreu.
A cobra começou a rastejar pela mesa e devorou-a.
De repente, estou em Hogwarts, numa sala onde uma mulher negra, de cabelos pretos e cacheados, chora olhando para uma foto.
Sinto muitas emoções; era como se eu fosse todos eles ao mesmo tempo. Senti: alegria, admiração, adoração, triunfo, tristeza calma, dor empática, simpatia, medo, horror, raiva, temor, nostalgia, estranheza, tédio, encantamento, nojo, apreciação estética, satisfação, desprezo, desejo, diversão, surpresa, excitação, confusão, inveja, culpa, ansiedade, desejo e interesse.
Doía... doía sentir tudo isso.
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- Ah! - Acordo suando, meu coração acelerado ao ponto de doer.
- Que merda foi essa? - Minha garganta estava seca, e doía falar. Levanto-me da cama e vou direto ao banheiro.
Na banheira, começo a refletir sobre os sonhos que estou tendo. O primeiro foi de um homem caindo para trás enquanto uma mulher de cabelos cacheados ria como uma louca. E agora esse sonho medonho.
Preciso estudar mais sobre esses sonhos. Não duvido de mais nada e começo a achar que isso deve ser algum efeito de eu ter voltado no tempo.
Depois disso, saio do quarto e pego minha varinha.
- Tempus. - Eram três da manhã. Acordei muito cedo. Monstro deve estar dormindo. Desço as escadas bem devagar e evito pisar nos pisos que fariam barulho. Eu estava indo para a biblioteca da casa Black, e o mais irônico é que tive que passar com cuidado perto do meu próprio retrato. Com certeza, o quadro me xingaria; ele percebeu a diferença entre a antiga eu e quem sou agora. Não somos mais a mesma pessoa, e isso fez ela me odiar.
Entrando na biblioteca Black, vejo vários livros que os bruxos consideram muito obscuros para serem lidos.
Começo a procurar livros que falem sobre viagem no tempo. Nunca me interessei pelo assunto, mas agora isso é importante, e eu preciso saber como funciona a minha viagem no tempo. Espero que essa não seja uma viagem de apenas alguns meses, onde a antiga eu voltaria e estragaria tudo. Preciso me esforçar para entender e tentar dar um futuro melhor para os dois.
A primeira coisa que pensei foi em manter-nos neutros na batalha, mas Sirius nunca aceitaria isso; Orion é um Comensal da Morte, para piorar, e Regulus sempre foi parecido com o pai. E, mesmo que eu não incentive, e ele ainda assim escolha seguir por esse caminho?
Sirius foi preso por trair os Potter, e outra coisa passou pelo Profeta Diário: a morte de Lord Voldemort por um bebê. Especialmente o filho de James Potter, o mesmo garoto que conheci dias atrás. Me pergunto se foi uma boa escolha. Aquela criança, no futuro, será alvo de Tom, e meus filhos estarão ao seu lado. A probabilidade de tudo dar errado, terminando com meus filhos mortos, é grande.
Começo a me lembrar daquele sonho e de todos aqueles sentimentos. Será que...
- Puta madre... aquela coisa feia era o Tom.
Se aquilo era algum tipo de visão do futuro, então o homem ao lado do Voldemort era... Severus. Droga... preciso também influenciar Severus a não ir para o lado das trevas. Lembro das poucas conversas que tive com ele e com Regulus. Regulus elogiava Severus pelo seu belo conhecimento de Poções e Artes das Trevas.
Eu falava sobre supremacia, sobre coisas de sangue-puro para Severus e como era abominável um bruxo se envolver com trouxas, que os nascidos trouxas não mereciam direitos no Ministério.
Como diabos aquela criança não me xingou ou me amaldiçoou, isso eu não sei. Literalmente xinguei sua mãe e sua amiga. Na maioria das vezes, Regulus estava ali, ou em silêncio, ou falando sobre a vida de Severus e o inferno que ele enfrentava naquela escola, que não protegia todos os seus alunos. Hogwarts pode ser muita coisa, mas não é um lugar seguro para crianças. Foi por causa de Regulus que descobri que Severus chamou sua amiga de sangue-ruim. E, de certa forma, fiquei feliz com isso; Regulus também. Ele sempre dizia que ela não era boa o suficiente para Severus.
Sempre achei que isso que Regulus falava era ciúme por ter que dividir o amigo com outra pessoa que não fosse ele.
Mas ele disse algo importante: Severus sempre seguia a onda das pessoas, e, com as palavras certas, jogando as cartas certas, era possível manipulá-lo. Regulus sempre falou que manipular Severus era difícil e que ficou ainda mais depois do quinto ano, quando Severus começou a se comportar de forma diferente, sempre em alerta, como se esperasse que algo o atacasse.
Será que devo ajudar a mãe dele, Eileen? Eu estudei com ela. Era uma garota com futuro brilhante, inteligente. Ainda bem que apenas achei isso, mas nunca disse com certeza que ela era a pessoa mais inteligente que conheci. Na época, achei que era uma mulher tola, como Isla, por se casar com um trouxa. Eles não trariam nada de bom para elas; eram mulheres fortes e superiores àqueles trouxas. Nunca entendi.
Continuo pesquisando sobre viagem no tempo, mas ninguém viveu para contar a experiência. Nada que li se parece com a situação em que me encontro. No entanto, encontrei alguns relatos sobre ver o futuro através de sonhos. São visões do que vai acontecer, e me dá vontade de bater a cabeça contra o livro.
Ainda não fiz nada que possa mudar drasticamente o futuro. Mas a imagem daquela mulher rindo e daquele homem caindo volta à minha mente. Eles me pareciam familiares, e tento pensar em quem poderiam ser.
O homem estava abatido, como se não visse a luz do sol há muito tempo, e a mulher parecia igualmente desgastada, quase fora de si.
- Aquela varinha... - Sinto meus neurônios fritarem, tentando lembrar nitidamente do sonho.
Eu já vi aquela varinha que a mulher segurava. De repente, um clarão: é a Bella mostrando-me como melhorou suas habilidades de tortura. Naquele dia, sequestraram um trouxa para as crianças brincarem. Lembro-me de quando me trouxeram um trouxa para brincar quando era adolescente, e de como Bellatrix, com apenas três anos, parecia alegre com o sofrimento do trouxa.
Então aquela mulher era Bellatrix, matando alguém com uma maldição imperdoável e rindo. Nos sonhos, é difícil ouvir bem; tenho que me aproximar para entender melhor. Lembro de não ter escutado bem a mulher pedindo socorro a Severus. Só quando me aproximei foi que pude ouvir direito. Era um sonho tão real que não conseguia olhar para ver meu próprio corpo.
Bella estava cantarolando algo sobre "eu matei si..." Ela se afastou de mim, e eu não ouvi o resto, mas ouvi um "Crucio!" atrás de mim, e Bella caindo no chão. Foi quando o sonho terminou.
Realmente, fiquei cansada depois de tanto ler. Pego minha varinha para ver as horas e já eram quatro da manhã. O tempo passou rápido. Queria sair um pouco de casa. Estava vestida com roupas de bruxa, mas espero que os trouxas não se importem tanto com isso; só vou ficar lá fora um pouco. Aqui dentro está muito abafado e silencioso. Antes, eu ficaria feliz com a casa em silêncio, sem discussões com Sirius, sem os choros de Regulus.
Mas agora isso me dá medo, medo de que tudo o que estou vivendo não passe de uma alucinação. De que esta casa vá permanecer em silêncio para sempre e minha família ainda esteja morta. De que eu acorde deste sonho, de volta ao tapete da família Black.
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WALBURGA BLACK E SEU RETORNO
Fanfictionwalburga Black estava olhando o tapete dos Black e se encostou na parede e ficou pensando em todos os seus arrependimento. Ela vai morrer sozinha, seu filho mais novo morreu, seu marido também morreu e seu filho mais velho foi embora. druella e cygn...