Espremer a Pressão

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Dois dias se passaram. Maraisa não tinha visto Marília desde o último encontro.

Maraisa teve a nítida sensação de que Marília a estava evitando e ela sabia por quê. Ela a incomodava. Isso só poderia ser lógico.

Será?

Tudo isso não importava, porém, quando ela encontrou Sabrina depois de sair da sala da diretora. Caminhando para uma área isolada sob as arquibancadas, Maraisa viu Sabrina e sua amiguinha, Bruna. As duas estavam sentadas nas poucas bases, se divertindo. Quando ela se aproximou, Sabrina apertou os olhos.

— Você demorou.

— Eu estava ocupada. — Como ela poderia revelar o fato de que a diretora queria vê-la em particular?

— Hmm... sente-se.

Como sempre, esse tipo de ousadia nunca funcionou com Maraisa. Pelo contrário, ela simplesmente ficou na arquibancada. — O que quer que você tenha a dizer, diga.

Maraisa trocou olhares com Bruna. — Qual é o seu tempo de penalidade aqui?

— Eu tenho 10.

— Isso não é muito pouco para uma assassina com uma longa história como você?

— Eles têm provas de um único.

— Você já pensou em fugir? — A pergunta era simples. Esse era o problema.

Era algo que está por trás da mente de todo condenado preso. O impulso de agir. Planejar. Até mesmo dizer isso em voz alta era bastante precário.

— Quem não pensa?

— Estamos pensando sobre isso. Fugir.

Depois de um momento de silêncio contemplativo, Maraisa se ajoelhou. — Você está falando sério?

Elas olharam de volta para ela. Olhos como a noite negra, eles perfuraram os dela com uma seriedade mortal.

— Por que você me escolheu?

— Você assumiu a guarda no primeiro dia em que chegamos aqui. Depois disso, lidou bem com a surra. Sem mencionar que todas as prisioneiras tem medo de falar com você e há algumas muito ruins aqui.

— Isso ainda não me dá um motivo.

— Você come sozinha. Você vive em confinamento solitário. Você se enrijeceu de forma protetora quando perguntei sobre seu clã. Está me dizendo que não quer fugir?

— Qual é o plano?

— Uh-uh. Não é assim que funciona. Precisamos de sua lealdade. — Dessa vez, Bruna falou. Ela continuou. — Precisamos saber que você não vai fugir de nós.

— Como você sabe que eu não farei isso logo após essa conversa?

Sabrina entrou na conversa. — Nós saberíamos. Como eu disse pela manhã, seu corpo será encontrado no cemitério pelo qual você passou mais cedo.

— Você acha que isso vai me assustar?

Elas ficaram em silêncio. As três estavam atônitas. Antes que pudessem falar, um assobio agudo ressoou pelo campo. O sol estava se pondo. O núcleo laranja cintilou no extremo leste. Todos se levantaram.

Quando retornou à sua cela sozinha no chamado da noite, Maraisa começou a meditar. Mesmo que conseguissem escapar da prisão, como sairiam da ilha? Esse era o grande dilema. As prisioneiras escapariam, mas escapar da ilha é o verdadeiro desafio. A verdadeira vitória na conquista da liberdade.

Lembrando de todos os filmes de Hollywood sobre como escapar da prisão, não era tão fácil quanto parecia na tela. Em Shawshank Redemption, um homem fugia pelos esgotos.

A Rough Storm | G!POnde histórias criam vida. Descubra agora