Capítulo 2

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Que diferença podia fazer uma segunda vez?

Aparentemente, bem mais do que ele ou Vegas poderiam supor.

Pete olhou para o relógio em cima da sua mesa de trabalho e depois para a última gaveta do arquivo onde escondera o saco da farmácia, atrás das fichas dos empregados. O saco que já estava ali há quatro dias porque ele sempre se esquecia de levar para casa no fim do expediente. Tentava se convencer de que estava assustado à toa. Provavelmente, foi infectado por algum vírus e logo estaria curado. Um vírus que parecia tirar-lhe toda a energia, que o deixava enjoado na parte da manhã, ao se levantar, e que provocava certa sensação de inchaço.

E que atrasara, também, seu período de cio. Com toda a certeza deveria existir um vírus que reunisse todos esses sintomas, porque não poderia ser algo do tipo que o obrigasse a acordar de madrugada para amamentar e trocar fraldas.

Se tivesse certeza de que Vegas não se esquecera de usar preservativo naquela última vez, quando ele já ia saindo do hotel, estaria bem mais tranquilo.

Mas não podia lhe perguntar sobre isso. Não sem ele se zangar e complicar as coisas para ele no trabalho. Já tinha sido bem complicada a convivência deles depois daquela noite que passaram no hotel. No início foi dificil olhá-lo nos olhos e esquecer que ele já tinha lhe tocado e visto nu.

Todas as vezes em que olhava para as suas mãos lembrava-se de como era a sensação quando ele as tocou. As mãos eram suaves, mesmo que ásperas e calejadas. E eram tão grandes que pareciam abarcá-lo onde quer que encostassem.

Olhava para seu quadril estreito e pensava em como o enlaçou com as pernas quando ele o colocou contra a parede. A forma como o possuiu rápida e profundamente. E como ele se entregou em seus braços.

E a sua boca. Aquela boca travessa que o fazia se derreter igual manteiga em alta temperatura.

Não. Não pense em bobagens, Pete.

Pete tentou se esquecer da figura magra e musculosa, do peso do seu corpo afundando no colchão e dos tremores de prazer que provocava nele. Jurou para si mesmo que não pensaria mais nisso.
Finalmente, as coisas estavam voltando ao normal. Vegas e ele já podiam se falar sem constrangimentos.

Pete não queria criar mais problemas.

Não chegou a dizer nada para seu irmão Porsche, e eles contavam quase tudo um para o outro. Se bem que, depois da última vez que se falaram ao telefone, Pete teve a impressão de que Porsche desconfiava de alguma coisa. Não duvidava nada que o irmão largasse tudo e aparecesse em sua casa para apurar melhor o que estava acontecendo.

Pete respirou fundo para criar coragem. Estava sendo ridículo. Deveria fazer logo a porcaria do teste e resolver esta situação. Afinal de contas pagou pelo teste. Não podia desperdiçar seu dinheiro. Esperar mais uma semana não mudaria o resultado do teste. Só havia duas possibilidades: ou estava grávido ou não. E seria bom saber logo para resolver o que fazer.

E decidir o que dizer a Vegas.

Ao tentar alcançar a última gaveta, Tay, da contabilidade, apareceu na sala e Pete respirou aliviado.

- Oi, querido. Quer nos acompanhar no almoço? Vamos todos comer naquele restaurante novo aqui perto.

Apesar de nervoso, ele estava faminto. Normalmente Pete se contentava em comer apenas uma salada no almoço, mas hoje daria tudo por uma sopa picante de camarão acompanhada de uma porção com muita batata frita. E, para sobremesa, um sundae duplo de chocolate.

- Vou com vocês, claro. - Pete pegou a bolsa, o casaco e deu uma última olhada para a gaveta antes de acompanhar o colega.

Ao sair para o almoço fez uma promessa a si mesmo. Assim que voltasse, colocaria o teste dentro da bolsa para não esquecê-lo e o faria à noite quando chegasse em casa, colocando um ponto-final neste assunto.

Descobrindo a Paixão - vegaspete ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora