Epílogo

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Vegas descia com dificuldade as escadas até o primeiro andar, desviando de uma boneca Barbie, seminua, caída no corredor e chutando para o lado vários carrinhos da coleção Hot Wheels que estavam na porta da sala de estar.

Tudo isso já devia estar guardado a esta hora.

Quando viu o videogame na tela da televisão compreendeu por que os brinquedos ainda não tinham sido recolhidos. Ele cruzou a sala, deligou a televisão e recebeu um sonoro “paaaaaaaaaai” dos filhos mais velhos, Venice, de 9 anos, e Florença, de 8.

– Sem reclamações. Vocês deviam estar arrumando os seus brinquedos. Está quase na hora de dormir.

Bright, de 6 anos, que havia puxado não só o cabelo preto e os olhos de Vegas, como também o gene da limpeza, já estava guardando o Lego de volta na caixa de brinquedos.

– Luma vomitou! – gritou Bright e apontou para o bebê de seis meses que estava preso no braço esquerdo de Vegas. Aquela que estava se contorcendo para sair e engatinhar, sua nova descoberta desde a véspera.

Vegas não tinha nenhuma fralda à mão, então limpou a boca do bebê com a manga da própria camisa e se lembrando que, durante os últimos nove anos, raramente suas roupas não traziam vestígios de vômitos de alguém.

– Papai! – A filha de 4 anos, Sinn, a tagarela da turma, berrou da porta, a menos de um metro de distância. Ela falava em dois tons de voz: alto e muito alto. – Papai Pete está na cozinha comendo biscoitos de novo.

Vegas se agachou para falar com ela enquanto a outra que estava no braço dele começou a gritar para se libertar.

– Sinm, querida, o que foi que os papais disseram a você sobre intriga?

– Eu quero biscoito também – disse ela fazendo beicinho.

– Está na hora de deitar. Não é hora de comer biscoitos.

– E por que o papai pode comer bisoitos na hora de dormir? – perguntou Bright.

– Porque ele é adulto – disse Florença, dando um empurrão no irmão ao passar por ele. – Ele pode comer biscoitos a hora que quiser.

– Pode comer biscoitos amanhã – Vegas disse a ela.

– Mas ele já comeu quase a caixa toda – resmungou Venice. – Amanhã não vai ter mais.

– Ei, rapazote, eu ouvi você. – Pete estava de pé na porta da sala de televisão, com as mãos na cintura. O cabelo ainda estava molhado do banho recente e seu roupão cor-de-rosa estava cheio de farelos de biscoitos. – Florença, dê uma olhada na sua irmã por um minuto, por favor? Eu e o papai precisamos ter uma conversa urgente.

– Tudo bem, papai! – disse animada e pegando a irmã caçula do braço do pai.
Tomar conta da irmãzinha a livrava de arrumar a bagunça.

Pete fez sinal para ele sair da sala e resmungou:

– Cinco filhos. De quem foi a ideia brilhante?

Na verdade, não fora nada programado. Depois do nascimento de Venice e Florença, que foram cuidadosamente planejados, concluíram que já estavam felizes, pois tinham um menino e uma menina. Então Florença começou a crescer e Pete passou a ter aquela vontade louca de ter um bebê em casa novamente.

Eles relaxaram com os anticoncepcionais achando que se era para ser, que fosse, e foi assim que Bright chegou nove meses depois.
Sinn foi o primeiro descuido verdadeiro deles, resultado do excesso de champanhe no Ano-novo. Luma, o segundo descuido, foi concebida quando imaginavam que estavam se cuidando. Obviamente não foram eficientes como disse o médico quando lhes apresentou o resultado positivo do exame de sangue.

Descobrindo a Paixão - vegaspete ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora