Capítulo 11

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Pete estava muito cansado no dia seguinte às 7h, quando Vegas tentou acordá-lo. Conseguiu abrir um olho e viu que ele, apesar da hora em que tinham dormido, estava bem acordado, de banho tomado e já vestido. E deve ter ficado bem óbvio que Pete não estava em condições de ir trabalhar naquela hora, porque ele o beijou, o cobriu até o pescoço e disse que o veria mais tarde.

Voltando a dormir, Pete teve sonhos estranhos e perturbadores. Sonhou que era o dia do seu casamento e que ele entrava pela nave da igreja de braço dado com seu pai. Em vez de usar uma roupa tradicional de casamento branca, ele vestia a mesma roupa com que fora aos dois casamentos de Vegas exatamente como estava agora, com os botões arrebentados, todo manchado de champanhe e tingido de vermelho, a cor do carro da Porsche.

Ninguém parecia estranhar aquilo.
Os convidados que lotavam a igreja estavam todos vestidos de branco e sorriam para ele. Rosas vermelhas decoravam todo o percurso da nave, dando aos presentes uma cor pálida e celestial.

A sua mente dizia que tudo estava normal, mas ele sentia que alguma coisa não ia bem.

Vegas estava de pé no altar esperando por ele e usando o mesmo terno do seu último casamento. Sorria sem nenhuma naturalidade e parecia estar ali contra a sua vontade. Ele continuava a andar e tentava se convencer de que tudo acabaria bem, mas, em vez de se aproximar, cada vez ele se distanciava mais. O ambiente estava impregnado pelo forte cheiro das flores. Mas não era um perfume de rosas, o cheiro era acre como sangue. O odor ardia no seu nariz e provocava dores na barriga.

Alguma coisa estava muito errada.

Acelerou o passo, tentando desesperadamente alcançá-lo, mas a imagem de Vegas ia se desfazendo gradualmente da sua vista.

Desaparecendo. Chamou seu nome, mas ele parecia não ouvi-lo.

Tentou correr, mas suas pernas ficaram pesadas e fracas e ele começou a sentir fortes cólicas. A neblina ficou mais forte e se fechou em torno dele como se fosse papel molhado. Ele rasgou o papel com suas unhas, mas a neblina entrou em seus pulmões deixando-o sem ar. Não conseguia ver, nem respirar, só ouvia a batida acelerada do seu coração.

Chamou por Vegas de novo, mas não adiantou. Vegas, seu pai, os convidados sorridentes, todos tinham sumido. Ele estava sozinho com a estranha sensação de que havia se tornado o número três.

Vegas o tinha deixado no altar, como fizera com os outros dois.

Ouviu alguém chamar seu nome e sacudi-lo pelo ombro.

Pete deu um pulo na cama, desorientado e ofegante.

– Oi. Tudo bem? – Porsche estava ao lado da sua cama com um olhar preocupado.

– Tive um pesadelo – falou com uma voz muito fraca.

– Você chamou pelo Vegas. Mas ele já saiu para o trabalho. – Porsche colocou a mão na testa de Pete. – Você está todo suado.

Porsche tinha razão. Os lençóis pareciam estar colados ao seu corpo ensopado, seu cabelo estava úmido e ele suava frio.

Pete piscou várias vezes, fazendo força para acordar, mas permanecia no meio do caminho entre o sono e a consciência. Levou alguns minutos para se dar conta de que as fortes cólicas na barriga não tinham desaparecido junto com o sonho.
Então era apenas um sonho. Ele estava bem. Mas a dor era bem real e intensa.
De repente o medo o dominou e seu coração deu um pulo violento dentro do peito.

Porsche olhou para ele e ficou com medo.

– Pete, o que houve? Você está branco como uma folha de papel.

Tudo estava bem. O bebê estava bem, ele se assegurou, mas as pontas dos dedos ficaram dormentes. Tinha dificuldade de respirar fundo. Foi quando Pete sentiu um esguicho quente escorrer entre as pernas.

Descobrindo a Paixão - vegaspete ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora