Capítulo 3

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Vegas pegou o carro e levou dez minutos para chegar na casa de Pete, ao norte do centro de Bangkok. Não conversaram muito durante o trajeto. Não havia nada para dizer. Pete passou a maior parte do tempo rezando para o teste dar negativo.

Como foi que se meteu nesta enrascada?

Seus pais conservadores e religiosos ainda acreditavam que fosse puro como a neve. E se o resultado do teste desse positivo, que explicação daria a eles? Bem, mamãe e papai, eu era puro, mas me deixei levar.

Eles o matariam ou o rejeitariam. Ou ambas as coisas. O que seria o suficiente para abreviar a vida da sua frágil e doente avó. E ele seria tachado de ovelha negra da família. Não importa se seus pais já o vinham censurando por não ter se casado ainda. Quando é que você vai encontrar um bom alfa para se casar? Quando é que você vai ter filhotes?

Que tal nunca?

E se o alfa com quem se casasse fosse Vegas, eles ficariam encantados. Apesar de ele não ser religioso, seus pais adorariam tê-lo como genro. Vegas os
conquistou desde a primeira vez em que ele o levou em casa para o jantar de Natal. Vegas conviveu com a loucura e o caos que era a sua família e adorou aquele burburinho que deixava Pete maluco.

Portanto, se lhes telefonasse para comunicar que ele e Vegas se casariam, ele seria facilmente escolhido a filho do ano. Mas o fato de ter feito sexo antes do casamento ainda seria considerado um problema. Na visão deles, isso era pecado.

Pete apoiou a cabeça no encosto do banco e fechou os olhos. Talvez fosse apenas um sonho ruim. Quem sabe se ele se beliscasse não acordaria?

Ele se preparou para dar um beliscão na parte interna do braço, a parte onde os entendidos em autodefesa dizem ser a mais sensível, e apertou com força.

- Ai!

- O que foi? - Perguntou ele assustado.

Pete abriu os olhos e observou à sua volta. Continuava no carro de Vegas e ele o fitava, sério.

- Não foi nada. Estou bem - Respondeu. Depois, virou-se para a janela, mas nem reparou nas casas da sua rua passando.

- Não se desespere até sabermos ao certo - disse ele.

Mas Pete sabia tanto quanto ele qual seria o resultado. Fizeram sexo sem proteção e ele já deveria ter passado pelo cio a tempos. O teste daria positivo.

Ele estava esperando um filhote de Vegas.

Ao chegarem, pegou as chaves e abriu a porta. Ele já estivera ali um milhão de vezes, mas agora tudo parecia meio surreal. Era como se Pete estivesse entrando na cena de um filme. Um filme de terror. Vegas e ele eram os protagonistas, e a qualquer momento, um lunático surgiria da cozinha com um facão na mão para cortá-los em pedacinhos. Ele tirou o casaco e o jogou no encosto do sofá enquanto Vegas constatava a bagunça em que a sala se encontrava.

A louça do jantar da véspera ainda estava na mesinha de centro com visíveis marcas da passagem do gato Omen. Pilhas de revistas velhas se acumulavam do outro lado do sofá.

E devia fazer bastante tempo que não passava o aspirador de pó na casa, como denunciavam os tufos de pêlos de gato espalhados no tapete. Tanto a sua casa como a sua vida estavam em situação bem caótica no momento. Seu desleixo era um prenúncio para demonstrar que péssimo pai ele seria.

- Você precisa urgentemente de uma empregada. - Vegas disse.

- Não estou muito disposto a ouvir sermões sobre a minha inaptidão como dono de casa. - Retrucou ao deixar a bolsa na mesinha de centro.

- Me perdoe - Vegas se desculpou enquanto pegava a embalagem do teste no bolso da sua jaqueta de couro. - Acho melhor nós acabarmos logo com isto, concorda?

Descobrindo a Paixão - vegaspete ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora