We be all night

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Despertei devagar ainda imersa na sensação de conforto dos lençóis macios e bom humor de um novo dia. Respirei fundo levantando a cabeça do travesseiro com um sorriso nos lábios e notando a presença de alguém ao lado. Com a testa franzida e a sensação de confusão ainda nublada pelo despertar lento me abateram. Precisei de um tempo até notar um corpo masculino quente e sarado e tatuado que estava respirando tranquilamente. Arregalei os olhos e todo meu sono passou quando percebi que era o Lewis.  Expirei com força ainda em confusão e então fiquei ciente de que estava sem roupas e não duvidava que ele também tivesse. Afundei o rosto no travesseiro quando as lembranças da noite passada surgiram na minha mente. De como fomos criativos o suficiente para que eu estivesse um pouco envergonhada.


                                                                              * dê play na música *

Na noite passada, notei uma diferença no clima quando entramos juntos no elevador ao ouvi-lo suspirar. Ele me deixou entrar primeiro e se acomodou ao lado do painel ao apertar o último andar. Do térreo até a cobertura tinha um longo caminho de 10 andares. Eu tinha um sorrisinho nos lábios, prestes a uma piada mas engoli minhas palavras quando notei a ânsia do olhar de Lewis. Seu olhar estava focado em mim como se quisesse dizer algo mas permaneceu em silêncio apenas olhando meu rosto. Será que... ele está bêbado?  Pensei enquanto me aproximava notando seu rosto suado e perguntei se ele estava bem. O elevador deu um solavanco me desequilibrando por um momento antes de sentir aquele homem passar o braço tatuado na minha cintura. Foi impossível não inalar o cheiro do perfume dele e precisei virar o rosto para disfarçar o quanto aquilo me impactou. Mas estávamos próximos demais para ignorar sua respiração ofegante que se aproximava do meu pescoço exposto ou de como seu coração estava muito acelerado.

Eu não queria me afastar mesmo que meu consciente ponderasse que essa era a decisão a ser tomada. Porém, cada célula do meu corpo sentia que aquele momento era certo e nada no mundo me faria sair dali por livre e espontânea vontade. Ainda mais quando o ouvi sussurrar meu nome tão baixo e sensual que me deixou nervosa. A porta do elevador se abriu por um momento mostrando uma parede com um quadro escrito "YOU CAN!". Tentei me desvencilhar do Lewis para sair mas ele apenas me deixou virada de costas para si enquanto apertava o botão do 10° andar novamente. 

- Ainda temos cinco andares para subir.

Ele sabia exatamente o que estava fazendo quando sussurrou ao meu ouvido e deixou um beijo no meu ombro causando arrepios. Seus dois braços estavam ao redor da minha cintura com firmeza, meu corpo pressionava o seu e o ambiente parecia diminuir a cada segundo. O que estava acontecendo ali?  Com um sopro repentino de coragem tomei a decisão de me virar para encara-lo nos olhos. Havia fogo e animação e vontade ali. Uma aura de sensualidade e puro desejo estava ao nosso redor. Eu me sentia hipnotizada e sedenta. Não muito diferente do retrato do cavalheiro em minha frente. Lembro de sentir sua mão subir pelas minhas costas, bem onde havia o zíper do vestido, acariciar minha nuca e despertar um arrepio poderoso que me fez suspirar de olhos fechados.

- Não brinque comigo, Lewis.

Nem eu acreditei que a minha própria voz sexy, quente e cadenciada como uma ordem doce. De olhos entreabertos pude ver seu aceno leve em concordância antes de roçar seus lábios nos meus. Perdi completamente a noção do tempo e espaço. Só reconhecia a presença dele, do seu toque, do seu cheiro e a reciprocidade que eu poderia e queria fornecer. Aquele foi o início de um dos milhões de beijos que se sucederam antes de chegar na porta do quarto. 

Ele ainda tinha uma gota de sanidade e puro cavalheirismo ao abrir e me perguntar se eu tinha certeza antes de entrar. Hamilton não perdeu tempo quando sentei na poltrona mais próxima e me ajudou a tirar as sandálias de salto. Ou quando precisei de ajuda para tirar o zíper do vestido. E muito menos quando me deixou retirar sua camisa devagar, sentada em seu colo, aproveitando cada pedaço de pele tatuada em seu abdômen exposto. Me deixou admira-lo conforme retirava a calça e se aproximava mais pronto do que nunca. Lembro claramente de como fiquei sem reação ouvi-lo dizer "passei a noite inteira desejando tocar em você mas me contive. Não conseguiria parar se começasse" enquanto me ajudava a retirar o meu belíssimo conjunto de lingerie preta. Por um segundo, agradeci a mim mesma pelo bom gosto de me vestir lindamente em todos os momentos. Por que a satisfação e o desejo que brilhou nos olhos do homem que eu desejava ardentemente fizeram algo em mim explodir de vontade. 


                                                                                               *


Precisei tomar um longo fôlego porque havia prendido a respiração lembrando de partes muito interessantes da noite anterior.  Ainda éramos amigos. Quer dizer, as coisas tinham ficado diferentes há um tempo atrás mas nunca havíamos conversamos completamente sobre o que aquilo significava. Até então, éramos amigos sim e aparentemente sentiam atração um pelo outro e funcionavam muito bem juntos. Melhor do que o imaginado. Já tínhamos nos beijado (se o encostar dos lábios por meros segundos contassem como um beijo) anteriormente no almoço na dos parentes do Lewis e flertado suavemente outras tantas vezes. E em nenhum momento depois conversamos sobre o que estava acontecendo. 

Não tive muito tempo para pensar no que fazer quando senti uma mão nas minhas costas, me fazendo levantar o rosto do travesseiro com o susto. Eu estava ofegante e de olhos arregalados vendo um Lewis semi desperto, com um sorriso nos lábios enquanto dizia que estava tudo bem para eu não me assustar. Acenei em afirmação com a cabeça e percebi que seu olhar desviou um pouco mais para baixo,  onde meus seios estavam cobertos apenas pelas mexas do meu cabelo. Como eu pude esquecer desse detalhe?!! Puxei o lençol para cima com rapidez e desejei que aquilo fosse suficiente para trazer foco. Mas acabei despindo ainda mais o corpo sarado, com músculos firmes e delineados bem ao alcance das minhas mãos. Felizmente o lençol ainda cobria perigosamente as entradas da virilha do homem imensamente atraente em minha frente. Fechei os olhos por um momento, clamando por foco a mim mesma, me arrependendo ao sentir sua mão em meu braço enquanto perguntava se eu estava bem. Respondi que sim abrindo os olhos para lidar com a situação da melhor maneira possível.  Eu consigo! Eu consigo. Eu consigo....? A minha afirmação se tornava uma pergunta a cada vez que eu olhava para o Lewis. 

Dava para notar claramente como a ele tinha ficado afetado em plena luz do dia. E eu torcia para que não percebesse que eu também havia me impactado. Suspirei fundo enquanto nos encarávamos. Nenhum de nós dois tinha algo a falar. Não precisava. Não quando funcionávamos tão bem juntos. Não quando ele compreendia meu nervosismo e me dava espaço para me acalmar antes de qualquer coisa. Tudo através do olhar. Como alguém poderia ter uma ligação tão profunda e capaz de conversar através dos olhos? Ele sentou na cama parecendo perguntar se poderia me tocar, acenei com a cabeça e segurei sua mão quando ele a estendeu. A calmaria das minhas emoções aumentava a cada segundo enquanto segurava a mão tatuada do Sir Lewis . 

— Quando vai aceitar namorar comigo? Quantas vezes preciso pedir para ouvir o seu sim?

A voz dele de quem acabou de acordar acabou comigo. Eu poderia imaginar ouvir qualquer coisa menos isso. E como se já não bastasse, o querido teve a coragem de dizer que já havia imaginado aquilo mas nunca que seria tão bom. Confessou ter sido uma experiência fora da curva e que estava feliz de seu sentimento ser recíproco. Eu estava monossilábica com grunhidos e acenos em concordância. Era muito para discernir nas primeiras horas da manhã. Lewis completou que nada apagaria da sua mente me ver derreter enquanto revirava os olhos. Com o maior cavalheirismo do mundo, ele beijou minha mão com carinho de quem esperava uma resposta mas eu ainda estava em silêncio tentando entender como tinha chegado a esse ponto. 


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