Her's pov
Na noite de domingo.
Após ouvir meu longo e exaustivo desabafo, Nanami foi embora. Eram quase 4 horas da manhã quando ele deixou a minha residência. Pobre homem.
Agora que o efeito do álcool amenizou, estou imersa em um constrangimento inimaginável. Se possível fosse, eu adentraria em uma privada e me daria descarga.
A dor em minha cabeça está aguda.
Estou imensuravelmente envergonhada.
Friccionei meu corpo depravadamente contra o dele na festa, e como se não fosse suficiente, o sobrecarreguei com lamentações persistentes e melancólicas. Quão baixa sou?
Perdão Sr. loirinho certinho, meu nível de fragilidade aumenta em uma porcentagem catastrófica quando estou bêbada.
Lembro-me vagamente de ter contado toda a minha patética vida para ele.
Até então, eu só havia falado abertamente sobre minha vida com a minha melhor amiga que reside em Kyoto. Afinal, eu não tenho ninguém. Não tenho ninguém além dela e essa que habita acima de meu ombro.
O desabafo da Bêbada melancólica.
*
Nota 1: Embora eu tenha escrito em um tom sério para dar profundidade ao assunto, ela contou completamente chorosa e manhosa para Nanami. Típico de uma bêbada chorona.
Nota 2: Alerta! Fortes gatilhos de abandono, perda de familiar e dependência emocional.
*
Sabe, Nanami.
Durante toda a minha vida recebi o mínimo e aceitei-o de bom grado. Afinal, é melhor que nada, não é mesmo?
Até meus 5 anos, estive em um ambiente completamente instável. Meus pais discutiam constantemente e na maioria das vezes, a motivação era a minha existência. Lembro-me de ouvir algo como "Essa bastarda não é minha filha". Tal frase era esmagadora.
As consequências dos atos impensados da minha mãe, em uma intensidade caótica, caíram sobre mim. Dito isso, ela optou por me "dar um novo lar". Ela não o deixou. Ela me deixou.
"Não me abandone." Lembro-me vividamente dessas árduas palavras que saíram da minha boca. Essas quais foram absolutamente em vão.
Aos 9 anos, fui adotada por um casal bondoso. Assim pude contemplar, pela primeira vez, uma breve felicidade. Contudo, essa durou apenas até o êxito do tratamento de fertilidade da minha mãe adotiva.
Ela engravidou e, consequentemente, me mandou para casa de minha avó adotiva alegando não ter capacidade de cuidar de duas crianças. Juro que teria me esforçado ao limite para não dar trabalho algum.
A experiência de ser rejeitada duas vezes foi altamente avassaladora. Entrei em colapso. Acredito que foi nesse meio tempo que essa maldição surgiu.
Talvez o pavor do abandono, o sentimento de auto insuficiência e o desespero para ser benquista por alguém tenham sido fortes induções.
Ironicamente, apesar disso, o tempo que passei com a minha avó adotiva foi o melhor e mais importante de toda a minha vida. Essa foi a única que possuiu algum afeto genuíno pela minha pessoa.
De modo convencido e ligeiramente prepotente, posso dizer que talvez ela era mais próxima a mim que de sua neta biológica.
Desde criança eu podia ver coisas que a maioria das pessoas não entenderia. Até então, eu nunca havia contado para ninguém. Não queria, além de ser malquista, ser taxada como insana.
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PERFECT, JUST LIKE YOU- Nanami Kento.
FanficO que o imprevisível futuro e o incalculável destino reserva para uma mulher que sempre aceitou misérias da vida?