O Arsenal venceu o jogo por 1x0. Um placar não muito amplo, mas o importante mesmo eram os 3 pontos que seriam somados na tabela. Isabel aplaudiu os jogadores de vermelho que entravam no vestiário, sorrindo contida por causa de seu trabalho. Esse era um dos contras da função que exercia. A portuguesa sempre teve que evitar ter um time do coração, porque isso poderia custar sua carreira. Então ela nunca acompanhou tanto uma equipe só.
Vendo o jogo de hoje, percebeu que o Arsenal poderia ter sido um dos seus times do coração – caso ela permitisse. Isso não iria acontecer e a jornalista sabia disso.
— Vamos? — Martina perguntou e Isabel olhou confusa, sem entender o que ela queria dizer. — Nós estamos indo ver os garotos. Você vem? — Apontou com a cabeça para a porta.
A portuguesa entrou em conflito consigo mesma, sem saber se deveria ir ou não. Kai a chamou para assistir o jogo, mas aquilo terminaria por ali ou teria mais algo? Ela não sabia responder ao certo, porém pensou que fazia tempo desde que se arriscava para algo do tipo, por isso seguiu Martina até onde os jogadores estavam. Eles tinham a opção de voltar para o CT ou ir com alguém, caso estivessem com seus carros no estacionamento do estádio. Isabel não sabia qual era a situação do alemão.
— Gabriel! Você foi incrível, meu amor. — Viu Martina encontrar seu namorado. A mulher jogou seus braços ao redor do pescoço do jogador e deu um beijo nele. Dava para perceber o quanto eles se amavam.
— Obrigado, vida. — Agradeceu, a soltando no chão com um sorriso no rosto.
— Vem cá. — Martina puxou ele para perto de sua nova amiga. As duas conversaram bastante durante o jogo e acabaram percebendo que têm muitas coisas em comum. — Essa é Isabel, convidada do Havertz. — Apresentou e a portuguesa ganhou um sorriso do brasileiro.
— É uma surpresa boa te ver aqui. — A jornalista ouviu uma voz atrás de si, o que a fez virar rapidamente. — Eu acho que acabei esquecendo de te avisar para vir até aqui depois do jogo, fiquei com medo de ter ido embora. — Explicou com uma mochila nas costas.
— Está tudo bem. — Colocou sua franja que estava fora do rabo de cavalo para trás da orelha. — Parabéns pela vitória, Kai. Você foi... incrível. — Elogiou feliz por ter tomado a decisão de ir ao jogo.
Um sorriso surgiu no rosto de Kai, levando Gabriel Martinelli a se surpreender e apontar para que Martina percebesse. A loira puxou o jogador para ir embora, os deixando sozinhos ali, apenas com algumas outras pessoas circulando – nenhuma delas ligava o suficiente para ficarem olhando para os dois.
Isabel ficou um pouco constrangida com o silêncio, pensando se tinha feito algo errado, mas o alemão não deixou isso acontecer por muito tempo. Logo, o jogador pensou em seus planos e quis compartilhá-los com a mulher morena na sua frente.
— Você quer ir jantar comigo? — O moreno perguntou, tentando tirar o silêncio que pairava entre eles. — Eu conheço esse restaurante italiano, que tem uma comida incrível e podemos ter privacidade lá. — Apontou para onde Martinelli e Martina estavam observando os dois.
Os quatro sorriram quando se olharam. O casal acenou, dessa vez, indo realmente embora e Isabel olhou empolgada para Kai. Ao mesmo tempo em que não acreditava que aquilo estava acontecendo, estava ansiosa para viver aquilo.
— Seria ótimo. — Confirmou e começou a guiar ele para seu carro.
A Range Rover branca impressionou o jogador de forma positiva, mas ele tinha uma noção do quanto ela trabalhava para aquilo. Ele sempre notava ela nos jogos, com sua blusa branca da ESPN – geralmente acompanhada de um casaco – e uma calça wide leg. O fone branco dela, que se destacava em seu cabelo escuro, e o microfone na mão. Ela passou a temporada inteira junto com a equipe dos blues, mas ele nunca teve a coragem de ir chamar ela para sair.
— Você gosta de Londres? — A mulher perguntou quando começaram a ver o centro da cidade.
— Gosto, eu acho. — A resposta insegura do jogador fez os dois rirem. — É só muito diferente de onde eu vim. — Explicou e recebeu a confirmação dela.
— Eu sinto a mesma coisa. — Relacionou.
Os dois entraram em uma conversa tranquila sobre suas origens e como tinham algumas coisas em comum. O momento estava leve, sem pressão de nenhum dos lados. Isabel sentia falta daquilo. O último encontro em que esteve foi ainda na faculdade, quando um homem do curso de direito chamou ela para sair. Muita gente falava sobre como as pessoas de direito eram um pouco rígidas, mas ela achava que era brincadeira.
Quando chegaram no restaurante, a portuguesa percebeu o quanto era um lugar lindo e, talvez, um pouco chique demais para a roupa que estavam usando. Os dois estavam de jeans, ela ainda com a blusa do Arsenal e ele com uma blusa branca da adidas. Eles passaram direto para a mesa, no ambiente que parecia ser muito familiar para Kai. O alemão foi guiando ela entre as mesas com uma mão nas costas dela, Isabel adorou a sensação.
— A blusa com o meu nome ficou ótima em você. — Havertz falou perto dela antes de afastar a cadeira para ela sentar.
Quando ele falou que eles conseguiriam privacidade ali, não estava brincando. Era uma mesa bem afastada, assim como haviam outras da mesma forma naquela área. Uma vela ficava no meio da mesa, que tinha uma cadeira de frente para a outra.
— Obrigada. Você acertou no tamanho. — Comentou e ele comemorou orgulhoso. — Ficou um pouco larga, mas eu gosto assim. — Sorriu feliz, agradando ele – mesmo sem saber.
— Fico feliz que gostou. — Deu outro sorriso daqueles.
— Você parece ser uma pessoa muito séria, até mesmo com seus colegas de equipe. — A portuguesa notou, fazendo com que ele diminuísse o sorriso por vergonha. — Me deixa feliz te ver sorrindo assim. — Confessou.
— É só uma parte de meus genes alemães. — Brincou e ela sorriu com ele.
Parte dele não estava mentindo, mas a verdade é que Kai já passou por muita coisa. Desde problemas com os pais – por divergências quanto ao futuro dele –, até traumas de relacionamentos passados. Não era comum ele se aproximar de uma pessoa como está se aproximando de Isabel, mas ele estava gostando daquilo. A jornalista teve uma vida oposta, quando parava para comparar. Ela sempre se deu muito bem com os pais, até hoje é a filha de ouro.
— Eu não acredito nisso. — Kai falou sorrindo enquanto olhava para trás de Isabel. — Que bom te ver aqui. — Não deu nem tempo de ver quem era.
— Kai! — Reconheceu a voz de imediato. O alemão levantou e deu um abraço no amigo. — Eu pensei que tinha jogo do Arsenal hoje. — Falou confuso.
— Tinha, eu... nós vencemos. — Falou orgulhoso.
— Essa é Lia, Kai. — Apresentou os dois. — Você está aqui sozinho ou... — Não continuou a fala quando viu Isabel sentada.
— João, essa é Isabel. — Havertz apresentou, sem perceber o choque claro dos dois. — Isabel, você deve conhecer...
— Nos conhecemos, sim. — João engoliu em seco. — Bom, foi legal te ver, cara. Tenham uma boa noite. — Saiu em direção a sua mesa, sem deixar ao menos o amigo se despedir.
Isabel ainda estava em choque com o encontro. Ela nunca imaginava ver João Félix aqui, especialmente não com alguém. O português nunca havia mencionado outra pessoa em sua vida, mas talvez ela tivesse que se acostumar. As lembranças do João que contava tudo a ela não passavam de apenas lembranças e ela teria que colocar isso na cabeça dela.
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Invisible String | João Félix
Fanfiction[Invisible String]: Não é tão lindo pensar que durante todo esse tempo havia uma linha invisível ligando você a mim?