João Félix continuava sendo uma pessoa persistente. Isabel descobriu isso quando ele a convenceu a ir ao cinema assistir um filme de terror, algo que ela detestava. Porém, de alguma forma, os dois estavam a caminho de um jantar após uma sessão de Pânico 6. O filme é ótimo, mas não é exatamente o estilo da jornalista.
— Eu não acredito que você ainda tem medo. — João falou rindo com as mãos no volante.
— Eu não tenho medo! — Ela negou olhando para a rua movimentada de Londres. — Eu só não vejo nada interessante nesse tipo de filme. — Falou e percebeu seu celular vibrando em seu bolso.
O coração da Mendes mais nova gelou quando viu o nome de seu namorado da tela. Kai estava em uma viagem com o Arsenal, eles tinham ganhado a primeira partida da Champions League, o campeonato mais importante da temporada, e eles estariam voltando mais tarde. Apesar de amar seu namorado, Isabel não conseguiu dizer que sairia com João para ele e isso a destruiu.
Havertz nunca se mostrou ciumento com o português, muito pelo contrário, ele ficava feliz pela história deles e por eles estarem se reconectando, mas a jornalista não via desse jeito. Ela sempre teve uma mania de falar pelos outros em sua própria cabeça e, nesse cenário, Kai ficaria com raiva e com dúvidas sobre o relacionamento deles.
Isabel não atendeu a ligação e isso deixou o alemão com o alerta ligado, porque ele havia batido na porta de sua casa, tocado a campainha e ligado para ela. O time teve que voltar mais cedo e ele pensou em surpreender sua namorada, algo que, por algum motivo desconhecido, não seria possível.
— Está tudo bem? — João perguntou sentindo um ar muito diferente do que estava antes.
— Está sim, só meu chefe querendo que eu faça um trabalho sobre uma pauta de emergência. — Mentiu, querendo se safar dessa situação. — Você pode me deixar em casa? — Pediu e o português confirmou.
Quando o jogador parou seu carro em frente ao prédio de sua amiga, viu ela olhando para todos os lados antes dela pensar em se despedir dele e isso o alertou sobre algo que tinha errado. Então, ele pegou na mão dela para transmitir segurança.
Esse ato assustou a portuguesa, o que fez ela virar a cabeça em sua direção, tentando entender de onde tinha vindo isso tão de repente.
— Ei, está tudo bem mesmo? — Os olhos dela ainda estavam nas duas mãos juntas.
— Está, João. — Afastou a mão e foi logo abrindo a porta do carro para pular fora do veículo, antes que as coisas ficassem piores do que uma segurada de mão. — Obrigada e desculpa por ter que cancelar nosso jantar. — Foi quase que correndo para sua casa.
Quando estava pegando a chave na bolsa, sentiu seu celular vibrar pelo mesmo nome na tela e agora não tinha mais como deixar tocar novamente, então ela entrou em casa e atendeu.
— Olá? — Kai chamou depois de alguns segundos de silêncio. — Isabel?
— Oi, amor. — Respondeu como respondia sempre. — Eu ia te ligar agora mesmo. — Mentiu pela terceira vez naquele dia.
— Pois é, eu te liguei mais cedo. — Foi a única coisa que ele falou, esperando que ela elaborasse.
— É que eu caí no sono de tarde, aproveitando o dia de folga. — Sentou na cama para tirar os sapatos. — Está tudo bem?
— Sim, é só que a gente chegou mais cedo, então pensei em te ligar. — Kai estava sentado em seu sofá, assistindo um jogo qualquer.
— Oh, você deveria ter vindo até aqui. Eu com certeza teria ouvido você bater na porta. — Aquela fala confirmou o que o alemão estava pensando e foi isso que o fez fechar os olhos por alguns segundos. Isabel estava mentindo.
— Hm, pois é, nem passou pela minha cabeça. — Agora ele mentia de volta. — Eu vou dormir, tá? Eu...estou um pouco cansado.
A saída com João foi muito boa e divertida. O único motivo para ela ter voltado para casa, era para ela poder se sentir um pouco menos culpada, pois se ele perguntasse onde ela estava, ela realmente estaria em casa. No momento em que percebeu isso, Isabel se assustou com seu próprio pensamento, assim como aconteceu com Kai.
O jogador do Arsenal estava em sua varanda, sentado no chão e olhando para a cidade de Londres. Ele teve um breve romance com Maya, a fotógrafa do Chelsea, e aquilo foi o suficiente para destruir ele por dentro. Apesar dele sempre saber que ela era apaixonada por outro, ver ela escolhendo outro realmente doeu nele. Desde então, ele não havia se envolvido com ninguém, até chegar Isabel.
A ideia de que a portuguesa poderia estar mentindo para ele, a ideia de que ela poderia estar apaixonada por outra pessoa acabava com ele. Ao mesmo tempo, isso também acabava com ela, porque estava começando a perceber o quanto estava gostando de passar tempo com João e alguns sentimentos passados estavam vindo à tona.
— Christian? — João tinha ligado para seu melhor amigo. No momento, ele precisava falar com alguém de confiança.
Ele sempre soube que havia enterrado seus sentimentos por Isabel, mas não sabia que tinha sido de forma tão superficial. Porém ele percebeu que foi assim que tocou na mão dela e se sentiu um adolescente novamente, sentindo faíscas saindo daquele toque tão simples.
— E aí, João? — O estadunidense falou do outro lado da linha. — Posso te ajudar? — Estranhou um pouco a ligação tão repentina.
— Hm, eu meio que preciso de conselho e também preciso desabafar, para falar a verdade. — Falou e passou as mãos no cabelo, demonstrando nervosismo. — Eu estou apaixonado por ela, cara. — Admitiu em voz alta pela primeira vez.
— Por quem? — Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, até que Pulisic conectou os pontos. — Pela garota de Kai? Porra, João.
— Eu sei. — Se jogou no sofá e quis nunca mais sair dali. — A verdade é que eu acho que nunca parei de ser apaixonado por ela, Chris. Esse é o problema. Agora eu não posso fazer nada.
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Invisible String | João Félix
أدب الهواة[Invisible String]: Não é tão lindo pensar que durante todo esse tempo havia uma linha invisível ligando você a mim?