Kim Seokjin lembrava-se da primeira vez que pegou um instrumento musical em suas mãos. Era um violão acústico, clássico de sete cordas de aço. O ômega lembrava-se com clareza de como o disseram que era avançado demais para um ômega e ele deveria usar cordas de nylon. Mas ele era persistente, e por isso, não descansou, enquanto não conseguiu tocar perfeitamente o instrumento.
Como consequência, seus dedos eram tortinhos, mas facilitava o manuseio de outros instrumentos, como o piano por exemplo. Ele amava tocar e compor. Estar no palco era como mostrar a todos que desacreditaram, de que sim, ele era incrível no que fazia.
No último show, no entanto, algo parecia diferente. Talvez fosse o fato de que a partir daquele dia, ele deveria buscar algo para si mesmo e parar de viver à sombra da amizade do melhor amigo. Como poderia ele começar a viver agora, se por anos, Yoongi e Moon eram tudo no que ele se concentrava?
Ele imaginou que aos trinta e poucos anos, as coisas seriam diferentes e ele teria muito mais certeza do que dúvidas em relação à forma como levava a vida. Ledo engano, o seu. Ele ainda se sentia o mesmo jovem que saíra de Gwacheon em busca de uma oportunidade no exterior. Ainda se sentia o mesmo ômega impressionável que trabalhava duro, por mais de doze horas por dia, em busca de sustento. Ele se sentia perdido.
Sem sonhos, sem anseios. Será que podia sonhar em criar bem sua filhote? Ou isso não podia se caracterizar como um sonho? O ômega olhou pela janela, notando o sol no horizonte e se deu conta de que passou a madrugada em claro com aqueles questionamentos. Em dois dias seria o casamento de Yoongi e ele deveria ter ao menos dormido um pouco. Ele deveria fazer isso, ao invés de se martirizar.
Ele se deitou na cama imensa e cobriu o corpo, tentando se aquecer. O ômega acordaria em poucas horas e precisava estar alegre. Ou pelo menos conseguir fingir com dignidade, pois, todos pareciam preferir a sua companhia quando fazia todos rirem.
No entanto, por mais incrível que pudesse parecer, Seokjin acordou animado naquele dia. Como não costumava acontecer com tanta frequência quanto gostaria, mesmo dormindo tão pouco. Em poucas horas pegaria a estrada e era naquilo o que pensava e não no babaca do ex-namorado, que tinha magicamente aparecido em sua porta, pedindo para ver a filhote.
Ele suspirou ainda em sua cama, um tanto vazia e ouviu a movimentação no corredor. O ômega fechou os olhos e aguardou para o melhor acontecimento dos seus dias. Moon era uma criança matinal e sempre acordava sozinha e com muita energia. Então, Seokjin fingia sempre estar dormindo para que a filha o acordasse.
Os passinhos ficaram mais altos e constantes no chão de madeira de lei, enquanto a menina corria. Ela abriu a porta e Seokjin conseguiu vê-la pelas frestas nas pálpebras semicerradas. Moon entrou no quarto e começou a escalar a cama que era um pouco alta para o seu tamanho. Quando conseguiu subir, segurando no cobertor grosso, a menina se jogou por cima do corpo do pai e assim ficou.
— Papai..., Moon quer panqueca de ursinho. — A menina falou com um suspiro, como se tivesse acabado de contar o maior problema do universo inteirinho. — Com chocolate, por favor.
Seokjin sorriu, pouco antes de abraçá-la, dando vários beijinhos, enquanto a filhote tentava se soltar.
A rotina começou como em outro dia qualquer, e quando faltavam poucos minutos para sair de casa e escoltar Yoongi até a propriedade onde se realizaria a cerimônia, Seokjin ouviu uma batida na porta. Ele buscou o blazer e as bolsas, acreditando se tratar de Jungkook e Taehyung, mas quando abriu a porta ficou frustrado com a pessoa a sua frente.
— O que você quer, Dylan? — Seokjin questionou o homem que estava parado na sua porta. Dylan Rhodes, alfa e o pai de Moon. — Eu já falei que você não tem nenhum direito a ela. Você me deixou assim que descobriu que eu gestava.
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Mono Hearts [NAMJIN] A|B|O
FanfictionSeokjin é um ômega que aparentemente tem tudo. Ele faz parte de uma banda de Rock Grunge junto com o melhor amigo e acredita que está vivendo o melhor que a vida tem a lhe oferecer, exceto por um único detalhe. Ele nunca se apaixonou. E não acredita...