Mono Hearts [NAMJIN] A|B|O

10. Two Different Situations

Jungkook acordou agitado, como se sinos tocassem estrondosamente alto, perfurando seus tímpanos. Precisou de alguns segundo para se ambientar e entender por que seu corpo todo estava quente e o barulho não cessava. Todo o quarto tinha um cheiro confuso e seus reflexos estavam preguiçosos. Estava de ressaca.

Ele não precisou abrir os olhos para saber que estava ferrado. O Jeon levou muito a sério o ditado sobre ir à forra, quando o dono da casa estava fora. E por isso, sentia o corpo arder e a vergonha abatê-lo. Não, não era bem vergonha, tampouco era arrependimento. Ele quis aquilo. Ainda queria.

Mas tinha que ser com eles dois?

O ômega acreditou fielmente que depois do casamento de Yoongi, eles teriam diminuído aquela ânsia que parecia dominá-lo sempre que estava com os dois alfas. Mas, meses tinham se passado e eles simplesmente não se desgrudavam.

O ômega abriu os olhos e viu as janelas escancaradas e o brilho do sol em seu rosto. Aquilo explicava o calor excessivo, assim como os dois alfas agarrados em seu corpo. De um lado estava Jimin, com o rosto enfiado em seu pescoço e do outro Taehyung, segurando firme em sua cintura. O ômega engoliu em seco, fazendo todo um cálculo, para conseguir levantar sem acordar nenhum dos dois.

Mas ficava um tanto difícil quando ficava revisitando os momentos que tiveram na noite anterior. Lembrava-se dos alfas o esperando próximo as pérgolas da vinícola na propriedade de Namjoon, onde fora realizada a cerimônia do alfa e de Seokjin. E depois o levando para a recepção, onde doces especiais foram servidos para casais e aqueles dois idiotas resolveram experimentar por brincadeira e depois de algumas taças de vinho, Jimin contou de uma forma cômica e enrolada que eles três estavam ligados pelo destino, ou algo assim.

Jungkook queria estrangular os dois! Não poderia ter contado aquilo quando dormiram juntos a primeira vez, meses antes?

E os sinos...? A campainha e o celular soando juntos e martelando sua cabeça já dolorida. Ele desenganchou os braços dos alfas e levantou-se meio cambaleante, atendendo o aparelho logo em seguida.

— Alô? — O ômega sussurrou, sentindo a boca seca e com um gosto estranho. A voz do seu manager soou um tanto monótona no telefone. Era um funcionário novo e cheio de regras, que o Jungkook já queria mandar embora, mas andava dando dor de cabeça demais a Hoseok e por isso não falou nada. — Oi, sr. Shin. Certo. Eu vou tomar um banho rápido e pedir ao motorista para me levar de volta. Chego à tarde e o encontro no estúdio.

O ômega se recriminou, pois, tinha esquecido que tinha uma sessão de fotos para a grife da qual era embaixador.

Jungkook caminhou lentamente para o banheiro, deixando a água gelada aliviar aquela ardência em seu corpo, dos ombros e do pescoço. Ele encostou a testa no mármore frio, suspirando com o alívio e quando abriu os olhos, estranhou a água rosada no chão branco. O ômega saiu do box e foi até o espelho mais próximo, e bem ali, em cada lado do seu pescoço, duas marcas profundas em sua pele, no início da cicatrização.

Jeon Jungkook, o ômega arredio fora marcado por dois alfas.

Calando o grunhido que parecia subir por sua garganta, o Jeon secou-se, vestiu-se rapidamente e correu para o próprio quarto, guardando todos os seus pertences o mais rápido que conseguiu.

Buscou entre suas coisas um moletom e fez de tudo para cobrir as pequenas marcas que coçavam um pouco e estava deixando-o aflito. Em menos de vinte minutos, o ômega já estava em seu carro e recostou a cabeça no vidro condensado pelo ar frio de dezembro, que tinha feito o sol sumir, enquanto era preenchido pelo silêncio sempre discreto de seu motorista designado pela empresa.

Seriam poucas horas até Seoul e ele aproveitou aquele momento para descansar um pouco, mas a cada vez que fechava os olhou, todos os momentos da noite anterior, voltavam a sua mente, como se acontecesse bem ali, naquele momento. Estava tão concentrado em afastar tais lembranças, que levou um tempo para notar o telefone tocando.