01 • Pedi uma resposta, recebi um desastre.

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Provavelmente, alguém que estiver me observando poderia chegar a conclusão de que sentada, em uma cafeteria famosa de Paradise Sea, concentrada na tela do meu notebook, eu provavelmente estaria escutando alguma música clássica — algo que eu realme...

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Provavelmente, alguém que estiver me observando poderia chegar a conclusão de que sentada, em uma cafeteria famosa de Paradise Sea, concentrada na tela do meu notebook, eu provavelmente estaria escutando alguma música clássica — algo que eu realmente gosto de consumir, mas nos meus fones a melodia de "Exagerado", do Cazuza, soava no volume máximo.    

Consequências de crescer escutando a playlist do pai no volume máximo.

Essa música me faz querer sentir um amor exagerado, intenso e verdadeiro, cobiçar de alguma forma uma conexão profunda com alguém, um amor genuíno e leve.

Ok, de certa forma, esses pensamentos só tem invadido minha mente após conhecer um pouco mais da autora que está trabalhando comigo em um livro, e da sua vida de mãe e esposa.

A velha história da lésbica que anseia muito construir uma família, mas tem medo de mulheres, não consegue chamar uma para sair e quando cria coragem o suficiente descobre que é comprometida. Ou não são assumidas e assim recusam conhecer a minha família, enfim.

Tento voltar meus pensamentos para o notebook, porque preciso entregar o capítulo quatro para Lilly ainda hoje, mas parece que meus neurônios criativos desistiram de mim.

Sabe aquela sensação de que você sabe o que escrever, mas algo te barra e então apenas fica encarando a tela vazia? É como estou neste exato momento.

Embora sempre apareçam momentos de bloqueio criativo, eu sinto no fundo do peito que nasci pra estar aqui. Eu me encaixo na escrita, me encaixo na maneira maluca que meus pensamentos funcionam e em poder proporcionar entretenimento para pessoas que tanto me apoiam.

Nem sei descrever o quanto sou grata pelo carinho das leitoras brasileiras que eu tinha quando publicava de forma independente.

E quando o momento do contrato veio, aquele e-mail da Dreams and Fire, a editora na qual trabalho, marcou um dos dias mais felizes da minha vida. Até porque, como mulher preta, brasileira e lésbica, para mim é a coisa mais gratificante escrever sobre outras mulheres se apaixonando e poder fazer isso de modo internacional.

Deixo meu celular no modo avião, assim eu não teria nenhuma distração e com isso quero dizer ligações de dona Maria Marta. Minha mãe é realmente um doce de pessoa, mas pela nossa distancia ás vezes pode ser insistente até demais.

Eu vivi de um país para o outro até me mudar de vez para os Estados Unidos. Meu pai vinha a trabalho, depois, começou a contruir prédios e casas na região da nossa cidade no Brasil, mamãe abriu sua própria padaria e então resolveram ficar por lá.

Temos uma chácara enorme, onde eles moram em uma cidadezinha bem pequena chamada Serra do Sol. É perto do interior premium plus, basta subir e descer a serra, então para eles é a tranquilidade e praticidade de morar mais imerso a natureza com uma distancia curta até do shopping mais próximo.

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