É engraçada, quando escrevemos, a possibilidade que está em nossas mãos de criar pessoas. Mesmo que tão diferentes, sempre encontramos um pedacinho de quem somos.
Mas, ás vezes eu adoro criar personagens que não tem nada em comum comigo. É divertido explorar um passado que apenas eu e a minha bad girl ranzinza o conhecem por inteiro, colocar detalhes que vão mostrando a evolução da personagem e simplesmente... escrever enquanto elas ganham vida.
Não sei se você já tentou escrever, mas a minha parte favorita é poder criar as personagens.
Mesmo que todo o passado de Alyssa já esteja escrito, em uma ficha apenas com coisas essenciais, e a da Holly esteja ainda mais completa, feita pela Lilly, não consigo vencer essa tela em branco.
E meus saltos novos estão machucando meu calcanhar. Eu devia ter vindo de coturno.
Ajeito meus fones no ouvido e me surpreendo positivamente com Dog Days Are Over. A música começa lenta até que as palmas começam a acelerar e a melodia vai me fazendo querer sair correndo pela rua.
Eu adoro música e quero evitar qualquer interação que seja com a minha família pelo máximo de tempo que eu conseguir, e meus fones são meus melhores amigos nessa hora.
Eu amo eles, amo mesmo, e por isso não consigo falar a verdade. Sou uma covarde do caralho.
Passo as mãos nos meus cachos, que estão soltos por cima dos meus ombros e decidida a simplesmente fechar o notebook, sou interrompida quando observo algo vindo na minha direção, na verdade, na direção do meu notebook.
Uma xícara de café.
E quando começa o trecho do refrão, a dona dos olhos castanho esverdeados começa a correr, totalmente desesperada. Meus lábios se entreabrem tentando entender a situação e por impulso me levanto, analiso a situação meio confusa e minhas pernas agem sem meu consentimento quando começo a correr atrás dela, apenas escutando:
"Run fast for your mother
Run fast for your father
Run for your children
For your sisters and brothers
Leave all your love and your longing behind"Que soava em meus fones.
— Eu tenho que controlar meus pensamentos! Por que dizer que essa música me dava vontade de correr?! — Murmuro enquanto o pontinho amarelo mostarda do uniforme ia desaparecendo da minha visão — Ei! Volta aqui!
Piso em falso e apenas escuto o som estridente do salto quebrando, ao me desequilibrar e quase cair. Que maravilha. A irônica trilha sonora para, porque já estou longe do meu celular e eu pego meu scarpim entre os dedos, sentindo meu semblante fechado e respiração ofegante.
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O Café Pode Ser a Resposta
RomanceAdeline Pinheiro é uma autora mineira prestigiada nacional como também internacionalmente e precisava, de alguma maneira, estar namorando no casamento da sua irmã. O problema estava bem ali, encontrar alguém que até o momento não parecia existir. O...