03 • É o carro do destino passando na sua rua

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— Posso te deixar no comando por enquanto, Melissa? — Dona Clarisse diz, ao colocar sua ecobag no ombro segurando suas chaves

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— Posso te deixar no comando por enquanto, Melissa? — Dona Clarisse diz, ao colocar sua ecobag no ombro segurando suas chaves. — Preciso buscar a Anne na escola. Está com crise de dor de ouvido.

É a minha chefe, que inclusive também é brasileira e mora aqui desde que conheceu seu marido na internet e eles resolveram se casar. Eles provam que amor a distância pode dar certo sim, se ambas as partes estiverem empenhadas. Eu acho muito fofa a história deles, e ainda mais fofa a filha que tiveram.

Anne é a criança mais adorável que eu já conheci.

— Claro! Melhoras pra tampinha. — Respondo em português mesmo, como estávamos acostumadas e assim que ela sai uma mulher entra.

— Boa tarde. Poderia me dizer se vocês tem girassóis? — Os olhos azuis da mulher vagueiam pelo espaço e eu balanço a cabeça afirmando enquanto saio de trás do balcão.

— Temos sim! Inclusive eles estão muito lindos. — Abro um sorriso para à moça e nem é preciso analisar demais para descobrir que ela é casada com uma mulher.

A tatuagem das tesouras e a aliança provam isso para mim. Quase solto uma risada alta quando percebo.

— Vou querer um buquê de girassóis, os mais bonitos que você tiver. E também quero... quais eu posso levar pra uma criança de treze anos?

— Acho que uma boa seriam as astromélias. São flores elegantes e sofisticadas, que representam a gratidão e a admiração. As brancas podem ser perfeitas, mostrando o quanto você a admira e é grata por tê-la em sua vida. — Sugiro enquanto um pequeno sorriso se abre nos lábios da mulher e ela afirma com a cabeça.

— Ok, um buquê de girassóis e um de astromélias, por favor.

Assim que ela confirma, já começo a preparar ambos os buquês. Eu adoro girassóis, e principalmente o fato de simbolizar a felicidade. São as flores favoritas da minha avozinha.

Primeiro pego as flores, separo elas com carinho e monto em cima do papel pardo. Amarro colocando um laço e por fim, seguro ambos os buquês para entregar a mulher.

— Ficaram lindos — Sorri novamente e ela diz que vai pagar no débito, leio seu nome no cartão e descubro que a mulher se chama Maia Summers-Peters.

— Certinho, vai querer sua via? — Ela balança a cabeça, negando, e depois sai segurando os buquês.

Solto meu corpo na banqueta atrás do balcão mais uma vez e respiro fundo, encarando os girassóis que ficaram me fazendo campainha.

— Vocês tiram um sorriso de qualquer um, não é? Será que eu deveria... É melhor não. Addie não ia querer um pedido de desculpas desse. —  Fito as cestas a minha frente e as flores bem ali e apenas me levanto, para limpar a floricultura antes que Clarisse volte e eu precise encerrar meu turno.

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