É como se um mar de nostalgia me carregasse enquanto desembarcamos no aeroporto de Confins. Que aliás, parece estar ainda mais bonito.
— Sim vó, cabei de chegar em BH, só um pouco cansada, mas depois que eu dormir vou ficar nova. — Melissa vem atendendo o telefone enquanto ajeita a mochila nas costas. Prefiro não interromper e vou a guiando pela saída segurando na sua mochila.
Na minha cabeça essa mulher tem perfil que se perderia por aqui.
Meus pais não me ligaram desde que informei que tínhamos embarcado. Talvez estejam tirando uma soneca da tarde, ou meu pai desceu a serra pra ir ao mercado.
O voo durou em torno de quatorze horas e eu não vejo o momento de estar dormindo em uma cama quentinha. Já posso sentir o cheiro do canjicão da minha avó.
— Ah, minha nossa! Será que dá tempo pra passarmos na loja do galo? — Melissa questiona mais pra si mesma que dirigida a mim e eu franzo o cenho imediatamente soltando sua mochila — Que foi sua doida? — Ela para, me olhando continuar o caminho pelo desembarque na direção da esteira para esperarmos as malas.
— Você vai ter problemas com a minha família agora.
— Não me diz que todo mundo é cruzeirense...
— Sim, e são mesmo! Tirando o noivo da Aline, que é flamenguista — Solto uma risada e as malas chegam juntas. — Ok, então agora...
— Você vai me deixar na minha avó, vai pra um hotel e depois me buscar para irmos a Serra do Sol. — Cruza os braços tirando as palavras da minha boca e eu balanço o indicador como se dissesse "isso mesmo".
— Quer ir comer alguma coisa antes? Ai pegamos um uber até o lugar pra alugar o carro e seguimos pra sua vó.
— Batatinhas?
— Você acabou de voltar dos Estados Unidos e quer batata frita?
— Coxinha? — Ela levanta as sobrancelhas e meu sorriso abre no rosto.
— Agora sim, tá falando meu idioma — Brinco e logo seguimos pelas placas que indicavam as saídas, até passar pelos últimos portões e... — Puta que pariu.
— O que aconte... Caramba — Os olhos dela leem o mesmo que eu, e seu queixo também parece cair.
— Ali mãe! A Addie! — Ouço Arthur gritar e dona Maria Marta balança o cartaz em sua mão. "Addie e Melissa, estamos aqui".
Não foi isso que eu pedi, universo. QUE SHOW DA XUXA É ESSE?!
— Sorria e acene, Melissa — Ouço a mulher murmurar para si mesma e eu a olho forçando minhas pernas a continuarem o caminho até minha família.
Não que fosse muito necessário, afinal, todos os três já vinham na minha direção.
— Minha nossa, Melissa, você é tão bonita — São as primeiras palavras da minha mãe para a garota. Parece até ter um letreiro neon na testa da dona Martinha escrito ME ABRACE.
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O Café Pode Ser a Resposta
RomanceAdeline Pinheiro é uma autora mineira prestigiada nacional como também internacionalmente e precisava, de alguma maneira, estar namorando no casamento da sua irmã. O problema estava bem ali, encontrar alguém que até o momento não parecia existir. O...