Epilogo

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Era um dia quente de verão quando Azriel entrou em casa com as roupas suadas e o semblante cansado, havia passado horas treinando embaixo do sol para que de alguma forma o seu estresse evapora-se. Caminhei até a grande sala que continha sofás da cor cinza, uma lareira grande, uma adega de vinhos nos fundos para quando houvesse visitas, e sorrir para o macho, imaginava que seu descontentamento com os Illyrianos iria desencadear uma irritação terrível, mas não tinha previsto que duraria por tanto tempo.

- Estou terminando de preparar a comida, após o banho pode vim comer.

Ele assentiu com a cabeça e com suspiros sofridos se encaminhou até o banheiro. Há exatamente dois anos atrás, quando nos tornamos parceiros, discutimos onde iríamos morar e chegamos à conclusão que podíamos construir uma casa onde ficava meu acampamento. A sala era um dos maiores cômodos da residência, já que poderia ter momentos em que nossa família poderia se reunir ali e passar a noite, seguindo o corredor era possível encontrar três quartos pequenos, um banheiro e a cozinha, no primeiro andar havia mais dois quartos, com o meu incluso e mais uma sala para colocarmos nossas armas. Agnar gostava de dormir perto da lareira e havia se adaptado ao nosso novo lar, toda a arquitetura e móveis foram pensados em um Illyriano, então cadeiras, portas e corredores, entre outros, foram projetados para serem largos e altos.

Nossa vida de casal era tranquila, fomos aprendendo mais um sobre o outro a cada dia e a habitação de morar junto foi melhorando. Seguimos com nossos treinos árduos e às vezes fazíamos missões juntos, de alguma forma, mesmo quando havia alguma adversidade, éramos capazes de superar juntos.

Az retornou após quinze minutos do banho, se sentou em uma cadeira e começou a colocar a comida no seu prato, eu logo me juntei a ele e fiz o mesmo. Ultimamente, alguns machos do acampamento dos Illyrianos estavam ainda ressentidos sobre algumas fêmeas começarem a treinar para entrar no exército, existia uma divisão entre os que aceitavam a contra gosto e os que não acatavam de maneira nenhuma, e eram estes que estavam acabando com a sanidade de Cassian, Azriel e Rhsy. Os três estavam na linha de frente para combater aquele preconceito e parecia que as coisas estavam ficando violentas a cada dia e por isso o espião se sentia desgastado. Não gostando nenhum um pouco do atual cenário em que estava vivenciando.

- Eu vou com você. - falei ao engolir uma parte do meu almoço.

Seus olhos avelã me olharam com certo brilho e eu pude ver que o espião estava se convencendo que eu era uma ótima aliada para acompanhar ele durante suas inspeções. Quem normalmente fiscalizava os acampamentos era o Cassian, mas como tudo estava tenso, Azriel começou a fazer também, às vezes de forma silenciosa e escondida ou visível para todos, em um desses dias eu o segui e todos os machos sentiram um misto de instintos em relação a minha presença. Eu lembrava uma Illyriana, mas era Dod e eles sabiam, fiz questão de que soubessem para que fosse temida por eles e quando um dele se mostrou ignorante com meu poder, eu lhe joguei na lama durante nosso duelo, desde então os Illyrianos pensam duas vezes antes de puxar uma briga comigo, mesmo que fossem guerreiros fortes, eles sabiam muito bem como medir se tinham vantagens ou não contra o inimigo, para o azar deles, eu era muito forte.

Azriel aceitou minha companhia, adorando a ideia de exibir sua parceira poderosa que segurava a coleira dos machos Illyrianos para seus irmãos, tanto eu e ele gostamos de brincar sobre isso.

- Bellatrix. - chamou minha atenção. - Não pegue leve com eles. - pediu com um sorriso malicioso.

Lhe devolvi o mesmo sorriso e voltamos a comer, o clima estava mais divertido e leve, ele se manteve até durante o nosso voo, apenas foi cortado quando pisamos no chão do acampamento dos Illyrianos. Nossa inspeção era mais para analisar o comportamento dos machos e as fêmeas, eu me encarregava de conversar mais com as féricas e descobrir como estavam sendo tratadas, enquanto o Azriel se mantinha frio e cauteloso em relação aos outros. Analisei o treino das féricas e tentei encontrar indícios de algum assédio que elas tenham passado, era um pouco complicado de descobrir, pois a maioria era orgulhosa demais para admitir tal acontecimento, então me restava observar se apresentavam algum ferimento que possa ter sido causado por violência de um macho ou ainda tentava persuadir em uma conversa. Hoje consegui uma confissão de uma mãe que não é aceita pela comunidade dos Illyrianos, os féricos apontam o dedo dizendo que ela devia ficar em casa e não treinando, até o momento eram mais abusos verbais do que físicos, mas isso não tornava nada menos absurdo.

Corte de sombras e tormentasOnde histórias criam vida. Descubra agora