Corte de sombras e tormentas

Capítulo Treze- Dod

Ela sorria compulsivamente, tentando esconder a guerra que carregava dentro de si.

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Dod, a pronúncia era curta mas carregava um peso na língua da férica, como se ao falar ela tenta-se fazer que todos compreendessem o quanto aquela criatura poderia ser temível. O silêncio que se instalou no recinto era palpável, havia choque em algumas faces e outras de estranheza, mas o peculiar era ver como que aquela única palavra que tinha uma entoação curta e estranha causava em nós.

- Os dod eram feras maliciosas, a pele era pálida, as garras projetadas para fora, prontas para dilacerar suas presas, o corpo esguio e asas nas costas. Eles gostavam de caçar féricos e causar um extermínio em várias vilas, às vezes deixavam apenas um sobrevivente para que fica-se amedrontado e fugisse com medo. - a fêmea fez uma pausa para que pudéssemos digerir as informações que ela jogava em nós. - Para horas depois, voltarem a persegui-lo e brincar com sua mente e se banquetearem com sua carne e corpo desfigurado, dizem que seus olhos vermelhos eram a última coisa que viam, eram como um lembrete do que as vítimas iriam encontrar após serem presas por um dod, a morte. Poucos conseguiam realmente correr e fugir do genocídio.

Um calafrio se espalhou pela minha espinha, monstros, eles adoravam a dor e infringir medo nos féricos, brincar com seus psicológicos para depois os devorarem lambendo os beiços. Era isso que viam em mim quando olhavam para os meus olhos? Um monstro que mesmo que tivesse nascido e visto nada desse mundo, estaria fadado a crescer e matar todos eles? Meus olhos era um convite para um banquete sangrento no futuro?

- Eles se instalaram em sua grande maioria na corte outonal e criaram o inferno lá. Humanos eram mais fáceis de pegar, mas féricos eram mais como um desafio, já que tinham vantagens por causa dos seus corpos mais fortes e imortais.

"Eles eram fortes, se agrupavam em bandos e atacavam quando se menos esperava! Eram muito inteligentes e sabiam como criar o cenário perfeito de terror, se você olhasse pela primeira vez para eles, poderia até achar belos! Seus olhos vermelhos líquidos e hipnotizantes, o corpo macio convidativo, contudo se caso desse um passo para mais perto... Bom, pelo menos havia sido morto por algo bonito."

Eu comecei a rir, era loucura! Não sabia mais o que pensar, o que dizer! Eu... O que eu sou hoje, não é por influência de ser um Dod, mas das circunstâncias que a vida me infringiu! Ser desprezada, viver sozinha e não ter nenhuma migalha de amor. Não, eu não posso ser essa criatura, eu não sou, eu não sou!

Mas... Uma criança como eu havia sobrevivido na floresta sem a proteção de ninguém e esse não era um cenário normal, tudo bem que eu tinha minha mentalidade mais amadurecida, mas ainda tinha um corpo miúdo. Nunca portei uma força hercúlea, mas fui capaz de escapar com vida pois conseguia infringir algum golpe pesado nos meus predadores... Ou tinha minha aptidão em aprender as coisas com rapidez, sempre fui capaz de entender tudo com mais facilidade e replicar.

Ah pelo caldeirão, isso só pode ser um pesadelo, havia herdado esses talentos dos dod's? Não bastava apenas minha aparência?

- Nunca ouvi falar sobre eles. - falou Feyre olhando para mim com curiosidade.

- Porque foram mortos. - explicou Amren. - Se juntou vários féricos e guerreiros para os matar e isso aconteceu há centenas de anos atrás, além disso eles nunca cruzaram as fronteiras. Sei que pode ter existido mestiços deles com os de nossa espécie, mas é muito peculiar depois de tanto tempo ressurgir em você, garota, pois até então, nunca mais tinha visto um com sangue de dod.

Aqui estava, a resposta que procurei por tanto tempo! Não deviam ter escrito nada sobre eles ou se fizeram, tocaram fogo, o que restou foi o terror e canções deles para as próximas gerações. Os cidadãos dessa cidade provavelmente escutaram de seus pais talvez histórias amedrontadoras sobre criaturas que bebiam seus sangues se caso não se comportassem e eles saberiam se um Dod viesse buscar quando olhassem para seus olhos vermelhos.