Amanda
Fabi e eu chegamos à escola para buscar Laurinha, como eu sempre faço todos os dias e muitos alunos saíam correndo, quase esbarrando em nós, indo em direção às suas casas.
Nós aguardamos por um tempo, mas vendo que Laurinha não apareceu, fomos falar com uma das professoras dela que nos informou que minha irmã havia passado mal e que há algum tempo, Diana tinha saído dali com ela em direção ao postinho de saúde da comunidade. Fabi e eu nos olhamos assustadas.
— Como assim? Por que ninguém ligou para a Amanda? – Fabi perguntou, ficando brava.
— Ligamos para o telefone da Diana que é o primeiro contato disponível. — a professora diz e logo pediu licença para se afastar dali, pois a mãe de outro aluno a chamou. Fabi e eu saímos dali rapidamente indo direto para o postinho.
Eu segurava a mão da Fabi com força enquanto caminhávamos apressadas. Meu coração batia acelerado, e eu só conseguia pensar em chegar lá o mais rápido possível.
Ao chegarmos no postinho, a pequena placa enferrujada indicando a entrada me fez sentir um alívio momentâneo. O calor sufocante do lado de fora é amenizado na parte interior, mas ainda assim é bastante quente e o cheiro de antisséptico impregnava o ar, algo característico em locais da área de saúde.
Após pedirmos informações, somos conduzidas até um corredor e encontramos Diana muito nervosa, sentada, com a Laurinha bastante apática, deitada em seu colo mesmo que já seja grande para isso. Neste momento, ela precisava desse carinho.
— O que ela tem, madrinha? — perguntei enquanto corria em direção a elas, enchendo Laurinha de beijos. Ela estava muito pálida e desanimada.— Ela passou mal na escola, teve febre e vômito! Expliquei ao médico que ela não comeu quase nada nos últimos dias. Ele acha que ela pode estar anêmica, mas gostaria que ela fizesse uma série de exames que não são realizados aqui no postinho. — Diana me olha com preocupação durante o relato.
Ultimamente Laura tem comido pouco, mas depois da perda de nossa mãe, respeitamos o tempo dela para tudo, provavelmente ela está sentindo muita falta ou talvez esteja com uma virose.
— E são muito caros, mãe? — Fabi perguntou, sentando ao lado delas.— Eu não tenho ideia, filha! Estou aguardando o doutor trazer a prescrição dos exames, ele foi atender uma urgência e logo voltará aqui!
O que minha irmã tem? Sempre foi tão saudável. Era só o que eu pensava.Sentei na cadeira de estofado precário ao lado da minha madrinha e, instintivamente, Laurinha veio para meu colo. Nós sempre fomos muito apegadas e após a morte de nossa mãe, ficamos mais ainda.
Enquanto esperávamos, eu alisava seus cabelos e de tempo em tempo, beijava sua testa, enquanto observava a sala de espera movimentada. Pessoas de todas as idades aguardavam, algumas pacientemente, outras nem tanto. Uma mãe acalmava seu bebê chorando, uma senhora se abanava com um jornal em uma das cadeiras e duas enfermeiras sussurravam entre elas em um canto, provavelmente discutindo o caso de algum paciente.
Finalmente, após uma longa espera, o médico veio até nós e nos conduziu para a sala de consultas, onde Diana e Laura estavam antes de chegarmos. Meu coração parecia estar na garganta, e Fabi segurou minha mão, oferecendo seu apoio. Juntas, caminhamos em direção a sala e o médico nos olhou de um jeito sério por cima dos seus óculos de aro escuro.
— Bom, aqui está! Estes são os exames que a pequena Laura precisa realizar, bem como as medicações que ela deve tomar! — O médico entrega dois papéis para Diana e se aproxima de minha irmã, colocando o estetoscópio no pescoço. — E manter uma alimentação saudável, também é muito importante! — Ele diz, fazendo um carinho no cabelo de Laurinha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Doce pecado do morro
RomansaCristiano, um homem frio, agressivo e temido por muitos, carrega um trauma de infância desde a morte de sua mãe durante uma invasão de facção rival. Ele é o herdeiro do tráfico de drogas, que de uma hora para outra precisa assumir o comando da favel...