8 - Espera angustiante

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Amanda

— Para os exames, eu vou pedir ao Brand! — Fabi diz, puxando minha mão para sentarmos na cadeira da recepção. Não posso deixar minha mãe usar o limite bancário e ficar no vermelho, como ela sugeriu lá dentro.

— E ele vai emprestar? — pergunto, enquanto sentamos, sentindo o líquido salgado escorrendo pela minha face.

— Fica tranquila, Amanda! — Ela tenta me acalmar. — Tino! — Fabi chama nosso vizinho tão solícito que aguardava logo após a porta de saída e ele veio até nós. Assim que ele chega, Fabi começa a falar em tom conspirador:

— A Laurinha precisou fazer vários exames, alguns bem complexos que custam caro!

Ouvir aquilo novamente faz meu desespero aumentar.

— Meu Deus! — Tino fala após Fabi contar,  enquanto guarda seu celular no bolso.

— Eu consigo a grana para pagar esses exames, mas minha mãe não pode saber!

Tino e eu nos olhamos e voltamos nosso olhar intrigado para ela.

— Gente, não me olhem assim! A Laurinha precisa dos resultados logo, minha mãe me explicou tudo lá dentro! Logo me trarão o dinheiro aqui e eu digo que é você quem está emprestando, Tino! — Fabi diz, tentando nos fazer entender que é a única solução no momento, porque realmente é.

— Eu? De onde eu tiraria? A Diana vai querer saber, ela vai questionar!— Tino diz assustado, sentado com o corpo inclinado para a frente.

— Diz que são suas economias, não é um valor tão alto assim. Você não será prejudicado em nada e não estará fazendo algo errado, muito pelo contrário, estará ajudando uma criança. Me julguem se quiserem, mas é por uma boa causa!

Tino concorda quase sem reagir, pois a Fabi foi tão imperativa que não lhe restou outra alternativa a não ser concordar, aliás, minha amiga sempre foi assim. Logo ele foi até o bebedouro, aparentando estar nervoso com a situação.

— Fabi, ele vai contar para sua mãe!

— Não vai, não! Eles estão de lance e ele não vai querer se queimar!

Fui pega de surpresa com essa informação.

— Sério? Tem certeza disso?

— Certeza não tenho, mas ele sempre arrastou um bonde pela minha mãe e ultimamente estão sempre pra cima e pra baixo juntos. Eu não costumo me enganar, não!

— Você é impressionante, sabia? — digo com falsa reprovação.

— Eu sei! — Fabi faz cara de marota e então paramos de falar no assunto, pois Tino voltou e sentou ao nosso lado novamente.

A espera era angustiante e as horas se arrastavam. O sol brilhava lá fora, mas minha preocupação que só aumentava, tornava o meu dia nublado. De repente, o telefone de Fabi toca e ela olha na tela, indo em direção à porta da recepção se aproximando de um rapaz mal encarado e eles vão até um canto mais reservado. Logo ela voltou com um envelope pequeno e de cor parada nas mãos.

— Toma, Tino! Para todos os efeitos, você pegou esse dinheiro das suas economias e já sabe, né? Boquinha fechada! — Fabi faz um sinal de zíper na boca.

— Você sabe que a Diana vai querer me devolver esse valor, né? — Ele pergunta, pegando o envelope das mãos da Fabi e abrindo para olhar o interior dele.

— Por hora vamos resolver esse problema, Tino, depois a gente vê isso.

— Obrigada, Fabi! Obrigada de verdade pelo que você está fazendo pela minha irmã, eu não sei se um dia poderei retribuir, mas o que eu puder fazer por você, eu farei! — agradeci, emocionada lhe dando um abraço.

Doce pecado do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora